Algumas lojas de videojogos comunicaram já à Microsoft que não venderão mais os seus produtos. É a reacção ao Game Pass!

A reacção não é mais do que o esperado. Se a Microsoft lhes tira o negócio, porque motivo deverão elas dar negócio à Microsoft?

Quando se soube do Game Pass, tive uma conversa com um amigo que possui uma loja de videojogos sobre o que ele pensava desse assunto. Na altura publiquei a situação nos comentários, mas agora, perante o sucedido, reporto-a aqui.

Naturalmente, porque não estou autorizado a isso, não reporto nem o seu nome, nem o nome da loja!

Eis então a sua resposta perante a pergunta do que achava do Game Pass:

Tens noção da margem de lucro que temos nas consolas? É ridícula! Quase nem compensa vende-las! Se as vendemos é para ajudar o comércio da zona que depois nos compra e vende os jogos.
A Xbox não vende bem. Por norma pelas baixas vendas não as temos em stock, mas arranjamos em 1 a 2 dias caso nos encomendem. Os jogos é igual. Estão muito parados, cada vez há menos procura e temos imensas pessoas a virem aqui a tentar trocar Xbox usadas por PS4 usadas que nos aparecem. Mas quando lhes dizemos o que lhe oferecemos pela consola, eles ficam admirados. Mas para que é que as queremos? Elas não vendem facilmente.
Mesmo assim temos contactos para arranjar consolas e jogos o que vamos fazendo a pedido e em média em 1 ou 2 dias após o pedido (na data se for pré-reserva). Mas se a Microsoft nos tira as vendas dos jogos que é o que ainda dá alguma coisa, colocando-os em aluguer, é bom que alugue também as consolas, porque nós, pela miséria das margens, certamente não as vamos vender.

Esta reacção não foi nem mais nem menos em linha do que o que aconteceu com a Gameware, uma cadeia de venda de jogos Australiana que, mal a notícia veio a público, deu a conhecer oficialmente que a partir daquele momento deixava de vender produtos da Microsoft.



A questão é que a atitude de uma cadeia de lojas (à qual acrescento a loja do meu amigo) não chega para se estabelecer um padrão. Mas o certo é que vários retalhistas do Reino Unido, o segundo maior mercado do mundo vieram dar a conhecer à GamesIndustry.biz que estão a debater o assunto e as suas repercussões, ponderando a hipótese de fazer o mesmo?

Apesar de a situação não ser neste momento mais do que mera intenção, pelo menos a loja Extreme Gamez já comunicou à Microsoft que não venderia absolutamente mais nada da marca. E loja Stan’s Games refere que caso a situação se concretize efectivamente também fará o mesmo!

Quanto às restantes lojas tudo não passa ainda de intenção, mas certamente estas estarão a esperar para ver as reais consequências nas quebras de vendas antes de tomarem atitudes, mas o certo é que, segundo o gamesbiz a intenção atual está lá e é a mesma.

Para estas lojas o mercado de jogos em segunda mão é fundamental para sobreviverem, e esta medida acaba com ele. Podem ser pequenos vendedores, mas a realidade é que, apesar dos seus volumes de vendas serem inferior aos das grandes superfícies, todos juntos possuem um grande peso no volume de vendas. E segundo estes, as grandes superficies, mais cedo ou mais tarde, acabarão por fazer o mesmo, e se não reagiram já é porque são menos susceptíveis ao impacto que os pequenos comerciantes.

Deixamos aqui alguns extratos do artigo do GamesIndustri.biz sobre este assunto e que vão ao encontro das palavras do meu amigo:

He argues that when retailers sell games hardware, it is largely an investment into a future customer that will hopefully return to the store to buy games for that system and perhaps accessories

Comentário do meu amigo:



Tens noção da margem de lucro que temos nas consolas? É ridícula! Quase nem compensa vende-las! Se as vendemos é para ajudar o comércio da zona que depois nos compra e vende os jogos.

Frase do GameIndustry

Without that possibility, there is little benefit in allocating our resources to a dead-end-sale,” he says, adding that he also doesn’t plan to stock Xbox products in future.

We will only support manufacturers and publishers who support us. If a customer comes into a retail store, and the retailer has a choice between selling an Xbox where they would never sell them anything again or a PS4 where they had a chance of some attach rate, they would surely sell them a PlayStation.

Frase do meu amigo:

Mas se a Microsoft nos tira as vendas dos jogos que é o que ainda dá alguma coisa, colocando-os em aluguer, é bom que alugue também as consolas, porque nós, pela miséria das margens, certamente não as vamos vender.

Naturalmente que estamos a falar de apenas algumas lojas, e nem se sabe com que impacto nas vendas globais. A diferença aqui face a casos anteriores onde o mercado mudou e muito comércio teve de se adaptar, é que o mercado não mudou. Apenas a parte da Microsoft é que mudou! E isso quer dizer que estes retalhistas aqui possuem uma arma de retaliação, o promover e vender apenas os produtos de quem está no mercado que os alimenta, cortando nas receitas da Microsoft, e aumentando as dos outros.

Se mais lojas irão aderir ou não é algo que é questionável, até porque a Microsoft não disse nunca que iria parar com as vendas físicas. Mas mais ainda, se estes poderão ou não fazer mossa é difícil de dizer, depende da quota de mercado que eles alcançam, mas independentemente de poderem ser ou não os maiores responsáveis pelas vendas, todos juntos possuem certamente uma quota de vendas que não é de negligenciar. E que se cortada a uma marca e adicionada a outra se revela importante! É nesse sentido que achamos a notícia relevante: a medida, por muito boa que soe ao consumidor, mexe com o mercado, e  como esta notícia demonstra ele não parece disposto a ficar apenas a olhar mas, dentro do possível, se tal os prejudicar, vai reagir contra ela.

E aqui é que está a novidade face a casos passados pois ter agentes de mercado unidos, e em percentagens capazes de influenciar muitas decisões e vendas, a boicotar uma marca seria algo que não me recorda de ver nas consolas!





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