Análise: Spider-Man

Spider-Man é o mais recente exclusivo PS4. E como seria de esperar, é mais uma joia da Playstation, não decepcionando.

Spider-Man não é um título novo na Playstation. Ao longo da história da consola da Sony houveram já um grande número de jogos dedicados a este popular heroi da Marvel. Mas apesar de Spider-Man ser um dos meus herois Marvel favoritos, nunca me senti tentado a experimentar um dos seus jogos.

A realidade é que os jogos Spider-Man nunca foram jogos arrebatadores. Eram jogos medianos, uns melhores que outros, mas jogos passáveis e que nunca marcaram, motivo pelo qual sempre os ignorei. Aliás este estilo 3D de Spider-Man já anda entre nós há mais de uma década, pelo que certamente há muito aqui que deriva das versões anteriores.

Mas recentemente, a RockSteady criou uma revolução com a série Batman, e os jogos da série Arkham revelaram-se todos autênticas obras primas. Daí que, associando-se esse patamar definido anteriormente pela Rocksteady com a qualidade que a Sony tem vindo a colocar nos seus exclusivos, como jogos como Horizon Zero Dawn e God of War, a ideia era ver o que conseguiria aqui a Insomniac ao conjugar as duas realidades.



No entanto, confesso, fiquei relutante! Apesar de alguns trailers que indiciavam que a qualidade que a Sony tem vindo a demonstrar estava lá, o facto de o jogo estar a ser desenvolvido por uma empresa não pertença da Sony deixava-me de pé atrás. Nesta geração, da Insoniac, tinha já jogado Sunset Overdrive, o qual confesso não achei grande espingarda. Mas tinha igualmente jogado Ratchet & Clank que se revelou uma surpresa e um jogo de uma qualidade extrema. Havia aqui uma divisão de patamares de qualidade que me deixava relutante. Afinal não gosto de pagar 80 euros (Colectors Edition) por um jogo que depois se revela decepcionante.

Nesse sentido, e até porque estaria de férias no dia do lançamento do jogo, resolvi passar ao lado do mesmo. Iria ler as análises, as opiniões e criticas, e somente aí decidiria se o compraria.

E eis que o jogo sai, as análises são positivas, e as criticas globais denominam o jogo como estando muito bom. Era a oportunidade de dar a chance a Spider-Man que nunca tinha dado, e de experimentar o jogo. E dessa forma fui buscá-lo!

O certo é que não me arrependi. O jogo está extraordinário e faz justiça à personagem que é Spider-Man.

A primeira coisa que me chamou à atenção foi o grafismo. Está impressionantemente bom, e a cidade de Nova Yorque está extremamente bem modelada, possuindo uma vida de peões, automóveis, pássaros, esquilos, etc, extremamente detalhada e a um nível e qualidade como nem sequer GTA V apresenta. O jogo é nesse aspecto um colosso, sendo mesmo possível interagir com os peões que a nós se dirigem.



Igualmente interessante é o tema do Spider Man que toca mal nos atiramos com as teias pelo meio dos prédios e baloiçamos pela cidade. E aqui, muito interessante, é o pormenor que as teias só funcionam… quando há onde as prender.

Nunca tendo jogado nenhum jogo Spider-Man esta era um questão que se me colocava. Onde prendem as teias? É possível baloiçar em Central Park, por exemplo? A resposta tive-a no jogo. Apesar de não vermos a teia a prender, a realidade é que elas só são disparadas se tivermos onde as prender. Ou seja, se querem baloiçar na cidade, necessitam de qualquer coisa que se encontre a um nível mais alto para prender a teia. E não existindo onde as prender, elas não disparam!

Nesse sentido, o Homem-Aranha atinge por vezes alturas onde passa acima de todos os prédios da cidade. E nessas alturas, as teias não disparam! A possibilidade passa por perder altura ou, apontar as teias para baixo, disparando contra as bordas dos prédios, e fazendo um puxão na sua direcção. Tal não permite a Spider-Man baloiçar, mas permite-lhe deslocar-se para a frente mais rapidamente. Mas note-se que mesmo para isto temos de estar a uma distância acessível.

Nesse sentido, por exemplo em Central Park, o Homem-Aranha apenas baloiça abaixo da copa das arvores. Acima delas pode quando muito puxar-se para elas. É um detalhe muito bem conseguido e que dá um ligeiro toque de realismo à coisa.



Outro ponto bem conseguido prende-se com a evolução da personagem. Aqui não temos um homem aranha inexperiente! Pelo contrário, temos um Peter Parker que já anda pelas ruas à vários anos, e que é bem experiente e seguro de si, permitindo-lhe ter aquele estilo jocoso face aos seus inimigos com quem lida com alguma naturalidade e até familiaridade. Isto pelo menos no início do jogo pois depois as coisas não vão correr exactamente como desejado. Mas isto são questões para verem quando jogarem!

O jogo dá-nos uma Nova Yorque muito bem modelada e viva, com pormenores deliciosos, monumentos que podemos fotografar, locais a visitar, edifícios carismáticos, muitos reais e muitos do universo Marvel, como o escritório de Matt Murdock (o Daredevil), a mansão do Dr. Strange, o edifício dos Vingadores, etc. Temos ainda direito a missões secundárias que ainda dão algum trabalho e missões que nos dão acesso a tokens que servem para desbloquear fatos e habilidades, algumas das quais se revelam mais chatas e morosas.



A realidade é que estas missões são todas opcionais e mesmo dispensáveis. É certo que facilitam a vida ao jogador ao darem experiência extra e os tais tokens usados no desbloqueio de novas capacidades e fatos, mas mesmo assim, são completamente opcionais.

A vantagem dos novos fatos… e há bastantes diferentes, muitos dos quais tirados dos filmes da Marvel, é que, para além da parte estética, cada um traz uma nova habilidade. Mas felizmente não somos obrigados a mudar, podendo manter-se o fato de que gostamos pois a habilidade de um novo fato, uma vez desbloqueada, fica acessível a todos.

Esta possibilidade deve-se a uma novidade trazida pelo universo Marvel, o facto que o fato de Spider-Man contar com elevada tecnologia. E estas novidades no combate que Spider Man vai desbloqueando, estando associadas a tecnologia podem ser adaptadas a todos os fatos. É um pormenor interessante!

Infelizmente, apesar de um grande leque de novas funcionalidades que os fatos quando desbloqueados trazem, estamos limitados a usar 3 delas. Podemos mudar as mesmas a qualquer momento, mas seja como for, apenas 3 podem estar activas ao mesmo tempo.



Naturalmente, como em qualquer universo Spider-Man que se preze, personagens como a tia May e a Mary Jane estão presentes. Mas temos ainda outras personagens como a Silver Sable, o Shocker, Rhino, Vulture, King Pin, Electro e outros.

Uma personagem que aparece igualmente é Miles Morales… O nome pode não dizer muito a alguns pois foi criado apenas em 2011, no livro  Ultimate Fallout #4, onde este acaba por possuir os mesmos poderes de Peter Parker, substituindo-o como homem aranha após a sua morte, e será personagem central no próximo filme animado de Spider Man, o Spider-Man: Into the Spider-Verse . Mas quanto ao seu papel neste jogo, e destino das personagens… também terão de jogar para ver!



Ah, sim! Temos tambem o habitual “cameo” de Stan Lee.

Basicamente o que se pode dizer é que dá muito, mas mesmo muito gosto balançar entre os prédios de Nova Yorque, sendo que será lá que passaremos a maior parte do tempo. E isto, apesar de tudo dá uma certa pena quando descemos cá a baixo e vemos a qualidade da cidade que ali está. Impressionantemente modelada, viva e dinâmica, superando tudo o que jogos estilo alguma vez ofereceram nesse capítulo, é realmente uma pena que nesse aspecto o jogo não a explore mais. Quem sabe o motor não se aproveita para um jogo estilo GTA no futuro?

 

No meio de tudo isto, o mais interessante são as missões de história. É aqui que temos desenvolvimento, é aqui que lutamos com os vilões, é aqui que o jogo efectivamente reside! E nelas não só encarnamos o Homem-Aranha, mas igualmente Peter Parker. Aliás até acabamos por encarnar mais personagens… como a Mary Jane e outras. Mas não quero estar aqui a revelar dados que podem acabar por ser Spoilers, pelo que fiquemos por aqui!



Toque de génio acaba por ser  “Fast Travel”, a possibilidade de viajarmos de uma ponta à outra da cidade de forma rápida, não sendo necessário baloiçar entre os prédios por largos quilómetros. Mas quando à forma como esta situação funciona, a imagem de baixo explica tudo!

Sim.. é o Homem Aranha a usar o metro!

Spider-Man é um jogo divertido, variado e que nos permite ser, mesmo que de forma virtual, o Homem-Aranha. É um colosso gráfico, é divertido, e é aquilo que de melhor se poderia esperar de um jogo deste super-heroi. Mas  infelizmente aquilo que podia ser uma obra prima é ligeiramente manchada em alguns pontos. Um deles é o som que não se revela minimamente marcante (apesar que os podcasts do J. Jonah Jameson são fantásticos), e o outro são a existência de algumas missões, particularmente as necessárias para a obtenção de tokens para desbloqueio de fatos e tecnologias, que se revelam um pouco monótonas ou pouco interessantes.



Mas o pior são mesmo os puzzles que existem no interior do jogo, quer para desbloqueio reconhecimento de substâncias, quer de questões tecnológicas. São estilos diferentes, um baseado no principio da sobreposição com adições e subtrações, e o outro (foto de baixo) baseado no jogo Pipemania, onde temos de levar um fluxo de energia de um local a outro, contando com desvios limitados, existindo algumas peças que aumentam e diminuem a voltagem que temos também de regular.

Estes puzzles são, a nosso ver, algo completamente descontextualizado, monótono, e mesmo desadequado aos dias que correm pela forma 2D e básica como são implementados, sendo muitos deles parte integrante das missões principais e como tal não podendo ser ignorados.

Mesmo assim, no global, Spider-Man não deixa de ser um grande, grande jogo, e um jogo que recomendo. É um exclusivo de peso, daqueles que são capazes de vender consolas, até porque a personagem com que lidamos é icónica e tem milhões de fans pelo mundo inteiro, e certamente este é um jogo que capta perfeitamente a sua essência, sendo o maior refinamento da série até hoje e polida a um patamar extremo. Se os jogos da Rocksteady impulsionaram a popularidade de Batman nos videojogos, a realidade é que este aqui faz o mesmo com Spider-Man.

Análise: Spider Man
Gráficoswww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
É um mundo aberto dos mais belos e realistas que já se criaram. Pena que a maior parte do jogo se jogue no ar, perdendo-se a possibilidade de se desfrutar do grafismo. Mesmo assim os efeitos são fantásticos, as animações realistas e Nove Iorque está mais bela e viva do que nunca
Somwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Spider Man não peca a nível de som, com o barulho da parafernália da cidade a ser bem realista e adequado, mas peca na banda sonora que não marca minimamente. Com excepção da musica de Spider que toca quando nos lançamos ao ar, não me recorda de qualquer banda sonora. E mesmo essa música não marca verdadeiramente.
Jogabilidadewww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Há uma grande diversidade de acções a fazer, mas diga-se que, apesar da mudança de temática das missões, passamos o grosso do tempo a baloiçar de teia em teia. Apesar de divertido, a situação pode vir a saturar alguns.
Atracçãowww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Muitas missões paralelas, muitas missões aleatórias, e uma história que cativa. Spider Man é divertido, é atractivo e cativa ao ponto de puxar para se jogar mais um bocadinho.
Overallwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Estamos longe dos melhores exclusivos Playstation, especialmente devido aos puzzles repetitivos e missões opcionais algo repetitivas, mas mesmo assim estamos perante um jogo fantástico e ao nível dos melhores que demonstra que o Single Player está bem vivo e que a Sony se tornou efectivamente numa excelente fábrica de títulos de qualidade, desejáveis, e capazes de vender consolas.



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