Análise: Uncharted Golden Abyss

Introdução:

Uncharted: golden Abyss (o Abismo Dourado) é um jogo exclusivo para a Playstation Vita, fazendo parte do lote de jogos de lançamento para esta consola, e baseado na série com o mesmo nome que tanto sucesso granjeou na Playstation 3.

Cronologicamente Golden Abyss passa-se antes dos acontecimentos do primeiro jogo lançado para a série, Uncharted: Drake’s Fortune, e numa altura em que Nathan Drake, o protagonista principal do jogo, não conhecia ainda Helena, sua companheira na trilogia de jogos que viemos a conhecer na PS3.

Nesta nova história Nathan Drake vê-se envolvido numa aventura que o leva a desvendar os segredos por detrás de um massacre com 400 anos de uma expedição espanhola, ao mesmo tempo que segue as pistas de um assassino de uma antiga seita secreta, tendo para isso de lidar com um ditador de nome Guerro que pretende obter as riquezas ocultas nas ruínas perdidas, para financiar a sua revolução.



Acompanhado do seu amigo Jason Dante, amigo este que rapidamente trai Drake pelos possíveis lucros que prevê possam advir das descobertas efectuadas, Nathan rapidamente se alia a Marisa Chase, neta de um arqueólogo desaparecido e que à vários anos estudava as ruínas de vários templos existentes na América Central. Juntos, Drake e Marisa acabam por se verem envolvidos no trilho das 7 cidades e da Cidade de Ouro localizada num local conhecido como o Abismo Dourado.

O jogo da PS Vita

Tecnicamente Golden Abyss é um jogo colossal para uma consola portátil, apresentando uma jogabilidade e um grafismo ao nível do que normalmente apenas pudemos ver numa PS3.

Aqui, tal como nos restantes jogos as vozes estão localizadas em Português, sendo que, para os mais puristas, as vozes originais podem ser mantidas, optando-se apenas pela legendagem na língua de Camões.



Mas comparativamente ao primeiro jogo da série, Golden Abyss bate Drake’s Fortune aos pontos, mostrando um grafismo superior, uma jogabilidade melhorada e uma capacidade de interacção com o mundo como nunca vista, usando-se não só os tradicionais comandos analógicos como todo o restante hardware que torna esta consola única. Assim com o uso da câmara e acelerómetros incluídos é possível deslocar-se a mira das armas de sniper apenas com a movimentação lateral da consola. Da mesma forma o ecrã frontal pode ser usado para interacção táctil com o cenário, ambiente e inimigos, sendo mesmo fundamental nos combates efectuados. Temos ainda o ecrã táctil traseiro, utilizado para certas acções de movimento, como o subir e descer de cordas, onde efectuamos com os dedos os movimentos que Drake teria de efectuar com os braços. E para finalizar temos ainda o uso dos acelerómetros para detecção das inclinações da consola, de forma a manter Drake equilibrado nas longas travessias de troncos.

Golden Abyss revela-se assim um jogo técnica e visualmente impressionante, bem como um grande jogo, que demonstra as capacidades desta nova consola, levando mesmo os mais cépticos a vergarem-se perante a qualidade do produto final.



Um jogo que mais valia não ter existido

Os parágrafos que se seguem não são necessariamente na sua totalidade uma critica a Golden Abyss, mas sim a situações que este jogo, ao ser o quarto da série, acabam por colocar a nu.

Como já dissemos e pretendemos deixar claro, Golden Abyss é em tudo superior ao que nos foi apresentado em Drake’s Fortune. No entanto o jogo fica-se por aí, nunca conseguindo alcançar os patamares atingidos por Uncharted 2: Among Thieves ou Uncharted 3: Drake’s Deception.

Para começar temos os cenários: Apesar de majésticamente realizados e visualmente deslumbrantes, os cenários pouco ou nada variam durante os cerca de 30 capítulos que constituem o jogo passado integralmente nas selvas da América Central. E apesar de extremamente atractivos ao olho, sente-se a falta de mudanças de cenário como Uncharted 2 e Uncharted 3 oferecem ao jogador.



Como outro ponto negativo temos a ausência de cenas de acção intensas como é o caso das perseguições de helicóptero, lutas em veículos em movimento e outros cenários dinâmicos ou embutidos de dinamismo. Notoriamente a PS Vita não consegue lidar com físicas complexas da mesma forma que a PS3, ou pelo menos tal não foi conseguido neste jogo.

Acrescendo a isto a inexistência de cenas de combate memoráveis, Golden Abyss torna-se num jogo onde o subir paredes, lutar e matar o inimigo que avança, se repete até à exaustão. E não havendo nada para alterar esta rotina o jogo tenta insistir no que tem.

Parece notório que, apesar de o jogo ter sido supervisionado pela Naughty Dog, os produtores encarregues desta versão PS Vita, a Bend Studio, não possuem o mesmo dedo para a acção, conseguindo aqui um excelente jogo, mas que decepciona quem teve a oportunidade de jogar os últimos jogos da série.

E curiosamente a Bend Studio deixa o jogo cair em vários erros, erros esses que são consequência de uma série que começa a banalizar o que não deveria ser banal.



Quando Drake’s Fortune foi lançado e ficamos a conhecer Nathan Drake, todos olhamos para a personagem como uma mistura entre Lara Croft e Indiana Jones. As suas capacidades para escalar, a sua destreza, o facto de ser destemido, e todas as suas habilidades, que deveriam fazer de Nathan Drake uma personagem única, começaram a cair num lugar comum quando do longo de 3 jogos vimos várias outras personagens a fazer exactamente o mesmo. E Golden Abyss acrescenta a essa lista mais duas personagens, sendo que uma delas, Jason Dante, possui um aspecto de “meia-leca”, nada adequado a todas essas aptidões físicas.

Mas a nosso ver o maior e mais chocante erro de Golden Abyss é quando, por breves momentos, o jogador toma o controlo de Sully, tudo isto com Drake ainda no ecrã. Esta é uma situação que até seria aceitável caso Drake estivesse inacessível, mas ver o CPU tomar o controlo de Drake quando nós controlamos Sully é um pormenor que, apesar de poder parecer insignificante, rouba ao jogador aquela sensação de “Tu és o Nathan Drake”, e que deveria existir no jogo.

Curiosamente, sendo uma prequela, Golden Abyss poderia ajudar a desvendar alguns dos segredos do passado de Drake, mas acaba por lançar mais dúvidas do que dar respostas, sendo assim um capítulo estagnado na série e que nada acrescenta à mesma, mas que, como já vimos, muito tira a uma trilogia que se encontrava em crescendo de qualidade.

É certo que temos de enquadrar a situação no hardware da consola, aceitando assim que o jogo nunca poderia atingir os patamares que conhecemos. Por esse motivo o jogo talvez tenha existido mais por pressão da Sony do que por real opção dos seus produtores, a Naughty Dog, que supervisionou o jogo, mas acabou lançado sem que o seu nome lhe apareça associado.



Conclusões

Apesar de todas as situações criticadas anteriormente há que analisar este jogo só por sí. E se é um facto que Golden Abyss não atinge os patamares que já vimos serem possíveis na PS3, também é certo que bate tudo o que até hoje foi visto numa consola portátil, levando, em certas situações, os jogadores a esquecerem-se da realidade que Golden Abyss não é um jogo de uma consola de secretária.

Por esse motivo, Golden Abyss é um jogo obrigatório para quem possui uma PS Vita, revelando-se um jogo que mistura muitos dos elementos das consolas de mesa, com um toque de elementos que costumamos ver nos smartphones e tablets.

Se procuras um jogo que te convença a comprar uma PS Vita, Golden Abyss é esse jogo, colocando bem alta a fasquia para outros jogos da série que possam sair para esta consola. Não é um jogo PS3, mas os elementos principais como a jogabilidade, experiência visual e qualidade global do produto, quase que atingem esse patamar.



Há contudo certos elementos pouco aceitáveis, como por exemplo a possibilidade de, durante uma troca de tiros, o jogo pura e simplesmente parar para que seja feito um decalque de uma rocha, ou que uma acção qualquer seja interrompida apenas porque se acaba de apanhar a ultima peça de um mapa, dando origem a um puzzle onde temos de reconstruir as peças, deixando, se necessário, Drake em pleno ar. São situações que não deveriam acontecer, mas que acontecem.

Podemos, e muito certamente devemos, ignorar que Golden Abyss não chega aos jogos PS3, mas a Sony quando optou por criar o Franchising Uncharted na PS Vita sabia que seria inevitável a comparação, pelo que esta terá de existir.

Golden AByss poderia ter tomado uma direcção única e diferente na PS Vita, mas a Sony assim não o entendeu, criando um jogo em tudo semelhante ao que conhecemos, sendo que, comparativamente a Uncharted 2 e 3 sai-nos um jogo que teremos de considerar como algo “insosso”. Não deixa contudo de ser um portento e sem dúvida dos melhores jogos existentes para a PS Vita.


Análise: Uncharted Golden Abyss
Gráficoswww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Os gráficos de Golden Abyss são impressionantes para uma consola portátil, em nada ficando a dever aos das consolas de mesa. No entanto os cenários acabam por ser pouco variados e há alguma falta de dinamismo nos mesmos face ao que Uncharted já nos habituou
Somwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Se há campo em que a PS Vita iguala em tudo o que a PS3 faz é no campo sonoro. A banda sonora está, como sempre, excelente e idêntica à original. Os vários efeitos sonoros e os sons ambientes são extraordinários, associados aos sons da selva que de forma meticulosa foram inseridos. Tal como no original o facto de as musicas épicas deste jogo serem tocadas por uma orquestra levam a uma sonoridade extrema e pouco comum numa consola portátil
Jogabilidadewww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
A jogabilidade de Golden Abyss não deixa de estar ao nível de Uncharted, mas no entanto faltam os momentos épicos que Uncharted 2 e 3 nos mostraram. O jogo é muito mais estático, passivo e repetitivo, sendo no entanto, mesmo assim, excelente.
Atracçãowww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Ver Uncharted numa consola portátil é desde logo impressionante. E a forma como a consola permite interagir com o jogo cativa os jogadores. Não haja dúvida que apesar das suas limitações, qualquer amante de Uncharted se vai apaixonar igualmente por esta versão.
Overallwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.comwww.dyerware.com
Se Uncharted 3 é extraordinário, ele foi apenas mais de Uncharted 2 levado a um extremo melhorado. Já Golden Abyss, devido às limitações da consola, quase pode ser considerado um passo atrás. No entanto enquadrando o jogo no Hardware vemos que o mesmo acaba por ser excelente, batendo mesmo tudo o que Drake's Fortune nos apresentou (e foi com esse jogo que a paixão por Uncharted começou). Estaremos muito certamente a cometer uma injustiça ao analisar Uncharted enquadrando-o no que já foi feito e não considerando-o como um jogo isolado para uma consola menos potente, mas no fundo somos forçados a isso pelo facto que a Sony optou por tentar criar aqui uma cópia do que já foi visto, e não dar à versão portátil deste jogo um novo rumo.



Clique se pretende explicações sobre este simbolo e o nosso sistema de avaliação



error: Conteúdo protegido