As diferenças entre a anterior e actual geração: O caso Xbox

A Xbox 360 foi o maior sucesso da Microsoft até hoje. E a Xbox One está a conseguir ultrapassar a mesma. No entanto se a 360 era líder de mercado, a One não o é! Quais os motivos e quais as diferenças entre o que foi feito na anterior geração e o que foi feito nesta.

Existem muitos, mas mesmo muitos motivos pelos quais a Xbox One não está a conseguir impor-se no mercado face à concorrência como a Xbox 360 o fez. Este artigo faz um comparativo entre o que sucedeu com as duas consolas, mostrando as diferenças na realidade de uma e na realidade de outra.

Note-se que este artigo, apesar de eventuais referências que possam existir com as consolas da concorrência, não compara a realidade das duas marcas, mas sim apenas as principais diferenças da realidade encontrada entre as consolas da mesma marca nas duas últimas gerações.

O lançamento

Não me pretendo alongar muito neste ponto. E acima de tudo não pretendo estar a falar novamente aqui em algo que todos conhecem.



Mas a realidade é que a 360 foi apresentada com pompa e circunstância num ambiente rodeado de jogos e mais jogos. Era uma consola sem restrições face ao que havia no mercado, pensada para jogos e optimizada para jogos. Isso viu-se ao longo da sua vida.

Já a Xbox One foi apresentada como um produto mais caro devido a querer ser um sistema multimédia tudo em um e onde a consola era apenas mais uma função. Na apresentação de 1 hora da consola, 40 minutos foram dedicados às funções TV e apenas 20 aos jogos, o que mostra bem a diferença na postura. Mas pior, a consola vinha acompanhada de restrições aos usados e DRMs que obrigavam a ligação à internet para funcionar. Perante as criticas a postura da Microsoft foi de arrogância dizendo que para quem não queria isso a Xbox 360 era a alternativa.

Curiosamente a PS3 sofreu do mesmo, com um lançamento bastante virado para o multimédia, com arrogância nas especificações e preço elevado, tendo, tal como a Xbox One, corrigido a situação com o tempo, mas tal ajudou a cimentar ainda mais o arranque da 360.

Mas no entanto por aqui vemos que uma das consolas da Microsoft começou muito bem… a outra muito mal!

O timming de lançamento



A XBox 360 sofreu daquilo que à partida poderia ser um handicap. A consola foi lançada um ano mais cedo do que a PS3, o que à partida deveria ser um ponto negativo uma vez que o seu hardware deveria ser ultrapassado pelo da consola concorrente.

Mas isso não aconteceu. O Cell era efetivamente poderoso, mas extremamente complexo e difícil de programar tendo demorado anos a ser dominado. Mas uma má escolha a nível da placa gráfica por parte da Sony acabou por tirar à sua consola qualquer vantagem que tivesse, com o poder do Cell a ter de ser usado para compensar a diferença de performances face à placa gráfica da 360.

Esta situação jogou a favor da Microsoft. A sua consola acabou por ser revelar a mais fácil de programar, e a com melhores performances da geração. Associemos a isso mais de um milhão de consolas que a Xbox 360 levava de vantagem na altura do lançamento da PS3 e vemos que tudo correu bem à Microsoft nessa geração. E essa vantagem cimentou a consola junto dos criadores, bem como ajudou a espalhar o nome da mesma no chamado boca a boca.

Infelizmente o lançamento prematuro é um risco e certamente a Microsoft saberia (assim como a Sony saberia) que ambas as atuais consolas apostavam em sistemas AMD x86 (apesar que não conheceriam pormenores mais extensos), optando-se assim por não se correr o risco.

Resumidamente a situação que beneficiou a 360 não deverá voltar a ocorrer, sendo que vantagem que a 360 obteve com o seu ano adicional de mercado não se repetiu com a One.



O hardware

Como já referimos, apesar de a Xbox 360 ter sido lançada mais cedo, o seu hardware foi-se revelando o mais adequado para a extração de performances. A sua consola foi, durante toda a geração (com as devidas excepções pontuais que sabemos que houveram) a que melhores resultados apresentou.

Na presente geração a PS4 é a consola que se apresenta como mais adequada à obtenção de performances, pelo que a Microsoft deixou de poder contar com essa benesse,

Os jogos

A Xbox 360 apresentou uma série de títulos fortes, com jogos bons e basicamente novos. Halo era relativamente recentes e o hardware ajudaou a geração ajudou a mostrar o que se conseguia fazer. Houveram igualmente outros títulos novos como Gear of Wars e outros como Forza Horizon que foram igualmente sucessos. Foi igualmente aqui que toda a série Forza se cimentou.



Já com a One os novos franchisings presentemente no mercado estão bastante mais reduzidos, e grande aposta da Microsoft a nível interno tem passado bastante pela reciclagem dos mesmos jogos, nesta altura já bastante mais desgastados, e que tem vindo a ser vendidos ano após ano.

Vejamos o que sucedeu aos três maiores franchisings da consola:

Remasters:

Halo – Halo: Masterchielf Collection que incluir os jogos anteriores da saga (Halo 1 a 4)

Gears of War: Gears: Ultimate Edition



Retrocompatibilidade:

Halo – Halo Reach

Gears of War – Gears 1, 2 e 3

Novos lançamentos

Forza – Forza 5 e 6. Forza Horizon 2.



Halo – Halo 5

Em produção:

Forza – Forza Horizon 3

Gears of War – Gears 4

No total, estes três franchisings deram origem a 14 títulos (16 se contarmos com os em produção). Halo tem ainda mais dois títulos da série no formato RTS em retrocompatibilidade.



Esta foi uma saturação da qual a Xbox 360 não sofreu!

Curiosamente, Phil Spencer parece ter-se apercebido desta saturação, e sabemos já que várias equipas First Party da Microsoft estão a trabalhar em novos IPs. 2015 já teve algumas novidades, mas será em 2016 que a Microsoft irá trazer verdadeiramente algo de mais fresco para o mercado. Mais uma vez isto mostra a visão deste homem e faz-nos questionar o que teria sido a Xbox se ele estivesse no local onde está desde a concepção da consola!

O Xbox Live

A Xbox 360 estreou o Xbox Live. Os “achievements”, chats e outras situações implementadas na consola eram novidade na altura e a 360 foi a primeira a suporta-los. Na altura até podíamos descarregar demos em vez de termos de esperar pelos discos das revistas.

Na Xbox One a concorrência apanhou a situação. Os serviços são em tudo idênticos e deixaram de ser novidade. Aliás, nos dias que correm, eles são assumidos como obrigatoriamente necessários.



Onde esta geração inovou foi na oferta garantida de jogos mensais. A Xbox One tem vindo a fazer ofertas mensais, e a qualidade do ofertado tem superado a da concorrência. Basicamente uma alteração que permite continuar a ter no Live um dos pontos fortes da consola.

Resumidamente há uma série de pontos que se revelaram como muito fortes no sucesso da 360 que agora ou não existiram ou se diluíram a nível de novidade.

Revendo:

· O lançamento com antecedência (que não existiu)
· A potência da máquina (que passou da mais potente à menos potente)
· Lista de jogo novos e inovadores (atualmente a oferta é dos mesmos IPs)
· As novidades do Xbox Live (que passaram a assumidas)
· A focagem da Sony no multimédia (que a Sony abandonou e a Microsoft agarrou)

A Microsoft, com Phil Spencer tem tentado corrigir estes erros. A Xbox One é hoje incomparavelmente mais potente do que versão de lançamento graças a optimizações, novos SDK e novos APIs, bem como remoções de reservas para as funções do Kinect e outros, as equipas First Party trabalham a pleno gás em novos IPs, a focagem no multimédia desapareceu, e a Microsoft procura inovar no Live com a Cloud.



O que me parece é que neste momento a Xbox One está no bom caminho. Mas infelizmente o seu lançamento ficou marcado por escolhas erradas da anterior liderança. E isso deverá ter marcado a geração de forma irremediável!



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