Google Stadia – As experiências de quem o usou

A Google promete que a versão final será mais rápida, estável e melhor que a actual. Mas verdade ou mentira, a realidade é que actual… tem sérios problemas!

Qualquer jogo, seja jogado localmente ou por streaming, possui latência. A latência é o tempo que ocorre entre o pressionarmos um botão no comando, e o ver-mos o mesmo a ser executado no ecrã.

De forma simplificada, num sistema normal, onde o processamento é feito localmente, quando pressionamos o botão, há um pequeno atraso que ocorre na passagem do comando dado desde o controlador até à consola, via Bluetooth ou Wi-Fi. Depois há o atraso criado pelo processamento, e a criação do fotograma adequado que vamos ver no ecrã. Depois do fotograma criado e enviado para a TV, temos ainda o tempo que a TV demora a apresentar a imagem.

Estes são os principais atrasos na apresentação de um fotograma que representa a resposta do sistema ao comando dado pelo utilizador (o lag), e todos somados podem chegar a algo entre os 50 e os 60 fps. Esse é o motivo pelo qual as pessoas na compra de uma TV procuram aquelas com menor input lag, ou seja, com um tempo de apresentação do fotograma menor. É igualmente o motivo pelo qual os jogadores e-sports profissionais usam ratos e teclados com fios. Tudo para reduzir as latências e garantir que a resposta é a mais rápida possível!

Infelizmente num serviço de streaming estes tempos são bem maiores. É que a estes tempos temos temos ainda de acrescentar a ida e vinda dos dados pela internet ao servidor.



Ora essa situação nunca é rápida, e acrescenta sempre uns bons ms ao tempo de resposta. Mas infelizmente, pela saturação das redes, perdas de pacotes, qualidade da ligação e uma série de factores, esses valores podem crescer de forma incontrolada.

Falar do que será a realidade de cada um é algo impossível. Não há dois casos iguais, e mesmo em cada caso, a situação pode variar mediante uma série de situações, sendo que a hora do dia, e respectiva saturação dos nodos de ligação são os mais relevantes.

Daí que as apresentações feitas pelas marcas em ambientes controlados não sejam minimamente representativas dos casos de vida real.

Basicamente um serviço de streaming precisa por isso de largura de banda constante, algo que também pode ser problemático, mas igualmente de tempos de resposta rápidos.

A PCGamer foi uma das entidades que testaram o Google Stadia, sendo que não ficou particularmente impressionada com o que viu. De acordo com eles, o serviço é jogável, e se é só isso que se procura, ele serve. Mas a resposta ao rato e teclado é notoriamente inferior ao jogo local, sendo que o jornalista que testou o jogo teve dificuldades na adaptação. Segundo ele, no nível de treino de DOOM, morreu 5 vezes… algo que nunca lhe tinha sequer acontecido em casa! E este era o nível de treino… um nível de baixa dificuldade e que não requer a resposta rápida e precisão dos níveis mais elevados. Segundo ele, a variação no lag é grande e não é fácil saber-se para onde apontar. Muitas vezes colocar a mira sobre o inimigo faz com que o tiro falhe, sendo necessária compensação e previsão do movimento, mas mesmo isso torna-se complicado pois a variação na latência não permite acertar na compensação, sendo que aquilo que umas vezes funciona, outras não.

A revista afirma porém que tal é algo que somente requer habituação, e que as pessoas após algum tempo habituam-se. Mas que não é agradável.



A revista estima que se um PC normal apresenta uma latência total global entre os 50 e os 60 ms, no Stadia esse valor deve andar perto dos 200 ms. O que diga-se é quase 1/4 de segundo! Em 200 ms, num jogo a 60 fps cabem mais de 12 fotogramas, e a 30 fps, são 6… é demais e estraga a experiência de jogo.

A TechCrunch tambem testou o Stadia, e queixou-se de mais do que mera latência. Segundo esta entidade, visualizou-se não só latência que a empresa refere poder chegar a meio segundo (500 ms), mas igualmente quebra de fps ao ponto de o jogo poder ser confundido com uma apresentação em powerpoint (frases da TechCrunch).

A piorar as coisas a TechCrunch refere que a resolução caiu de uns 4K cristalinos para “um borratão indecifrável”.

Tambem é certo que outros testaram e não apresentaram queixas de maior, daí a introdução deste artigo. Cada caso é um caso, e mesmo dentro de cada caso, cada horário, cada ligação é um caso. E o pior é que só saberemos o que sai na rifa tendo o serviço activo e usando-o regularmente todos os dias. E uma semana ou um mês de teste não nos provam nada uma vez que a ligação pode alterar a qualidade a qualquer momento por factores totalmente fora do nosso controlo. E aqui a Google pode prometer o que quiser, mas a realidade é que eles só possuem controlo sobre a resposta dos seus servidores, sendo que tudo o resto depende dos diversos ISPs.

Se é esta a nova geração que as pessoas procuram… Boa sorte! Porque se muitos até podem achar isto bom, há quem não esteja minimamente interessado!



NOTA: Esperem em breve um artigo que tentará analisar a realidade do que podem ser estes serviços de streaming em Portugal, e que vos vai dar as ferramentas para poderem fazer o mesmo em qualquer parte do mundo..



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