No Mans Sky e as devoluções de dinheiro

No Mans Sky não é aparentemente nada daquilo que as promessas davam a entender. Mas será que isso dava o direito às pessoas de pedir devoluções do seu dinheiro?

A Sony foi extremamente generosa com tudo o que rodeia No Mans Sky, dando devoluções a todos os jogadores que a solicitaram. Mas será que devia fazê-lo?

Naturalmente há bons argumentos para se solicitar a devolução do dinheiro do jogo. Não só certas características anunciadas não cumpriram com o prometido, como é o caso da interacção com outro jogadores online, como o jogo possuia ainda bugs muito relevantes por resolver.

E estes eram argumentos são mais do que suficientes para se solicitar uma devolução do dinheiro pago pelo jogo, sem que haja contra argumentos para contrariar o pedido.

A questão é que a nosso ver, houve abusos enormes por parte de muitos dos compradores do jogo e que acabaram por usufruir do mesmo e mesmo assim reaver o dinheiro!



Por norma, as devoluções de dinheiro só ocorrem quando a pessoa passa menos de 2 horas efectivas com o jogo. E porquê? Porque certos jogos AAA de 70 euros podem ser acabados em 8 horas ou até menos. E isso quer dizer que 2 horas é uma percentagem bastante alta desse tempo. E com essa realidade em mente, o que temos é que se o jogo conseguiu cativar por mais do que esse tempo, então é porque conseguiu prender o jogador, e este obteve alguma satisfação em jogar o mesmo.

Claro que podemos discutir se duas horas será o suficiente para um jogo com a dimensão e temática de No Mans Sky. Talvez aqui se justifique 3, talvez 4! Mas sinceramente nem vale a pena estarmos aqui a estabelecer um número de horas dado que este teria forçosamente sempre de ser baixo. Mas a questão é que tivemos jogadores com 15, 20, 30, 40 e mesmo 50 horas de jogo, a solicitar devoluções!

Ora parece claro que alguém que dedica 15 horas a um jogo não o faria se realmente o jogo não prestasse, ou se estivesse perante um produto com bugs críticas. No fundo essa pessoa perdeu com o jogo mais horas do que muitos o fazem em outros jogos que terminam em menos tempo. Daí que uma devolução nesses termos soa a algo caricato.

Se realmente um jogo não é capaz de satisfazer, isso deveria ser imediatamente visível nas primeiras horas de jogo, e perante os valores de horas aqui referidos, parece haver um claro aproveitamento claro de quem pede o dinheiro de volta.

A nosso ver a situação agrava-se quando muitos destes jogadores adquiriram o jogo no lançamento. Essas pessoas, de forma consciente, aderiram ao jogo sem saberem o que esperar. Perante um jogo com um conteúdo tão inovador e que tantas dúvidas levantava quanto ao oferecido, ainda por cima vindo de uma equipa desconhecida, estas pessoas não aguardaram por análises que lhes revelasse a realidade do jogo, quer a nível de conteúdo, quer a nível de qualidade e diversidade, optando por entrar de cabeça em algo que, claramente, e pelas descrições que eram dadas, deixava claro ser um jogo solitário, e com um conteúdo e objectivo algo desconhecido e pouco claro.

Sim, é certo que o jogo não cumpria com tudo o que era prometido. O que daria azo a argumentos para a devolução. Mas será que esse foi o real argumento para o pedido de devolução, ou apenas o argumento usado e conveniente?



Pessoalmente não compro jogos cujo teor de jogabilidade desconheço, e quando o faço, espero por análises antes de o fazer. Aliás, mesmo com jogos que normalmente gosto, e com créditos comprovados, há alguns que tenho evitado pela saturação que a sua jogabilidade me tem causado, aguardando por análise e mesmo opiniões de terceiros.

É o caso da série Assassins Creed, da qual recentemente comprei a última versão, o Syndicate. E neste jogo não coloquei mais de 2 horas pois rapidamente percebi que estava perante mais do mesmo e que não teria pachorra para o jogar pois o mesmo não me satisfazia.

No entanto não solicitei o dinheiro de volta. Isto porque não encontrei no jogo bugs ou falhas que impedissem o mesmo de ter qualidade. O que se passou foi que eu não gostei do oferecido! E não gostei porque, neste caso particular, estou saturado do estilo. Mas  isso não é um problema do jogo, é um problema meu. E acima de tudo, não o devia ter comprado sabendo disso!

É essa situação que eu vejo aqui com No Mans Sky. Não o adquiri pois sabia que seria um jogo radicalmente diferente do que já alguma vez joguei. Um jogo solitário, de exploração, e vindo de uma equipa não muito conhecida. Tinha assim conhecimento antecipado de que o jogo poderia ser monótono e pouco diversificado.

Mas tal não era um problema do jogo. Era uma característica! E acredito que tal foi algo que a maior parte das pessoas que o compraram ignorou esperando que o  jogo fosse mais do que isso. E quando se aperceberam da realidade… usaram argumentos de incumprimento que se calhar nem eram as suas reais queixas, para reaver o dinheiro.



A Sony nesse aspecto, foi bastante complacente e aceitou as trocas a pessoas com mais tempo de jogo do que as duas horas contratualizadas.  Mas a questão é se perante tantas horas de jogo, o deveria ter feito.

Quer assim parecer-me que em alguns casos poderá ter existido um claro abuso nos pedidos de devolução para este jogo, abrindo-se assim um precedente enorme.

O que vos parece?

 



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