O fim das gerações é apenas uma promessa para se quebrar?

Na apresentação da Scorpio a Microsoft apresentou a consola como sendo algo que vai para além do conceito das gerações (Beyond Generations). Mas não será isso é apenas uma promessa mais para ser quebrada?

Goste-se ou não da Scorpio o que não podemos negar é que há algo de inédito a acontecer na industria dos videojogos. A Microsoft (e a Sony tambem, mas neste momento é a Microsoft quem se adiantou mais no assunto ao já ter apresentado a sua consola), veio já referir na E3 que a sua Xbox Scorpio representava o quebrar do conceito de gerações e que esta é um aparelho para entusiastas que é 4.6 vezes mais potente que a Xbox One, mas mesmo assim concebida não para a abafar, mas sim para co-existir lado a lado, correndo os mesmos jogos, mas com mais resolução e com um suporte VR no qual a Microsoft não entrou em muito detalhe.

É certamente uma ideia arrojada. E um conceito novo. Mas algo que está a gerar muita discussão e polêmica!

Na passada semana a DFC Inteligence veio criticar o anuncio tão prematuro da Scorpio referindo que o seu anuncio por cima da Xbox One S a iria prejudicar em vendas, e referindo as preocupações que as pessoas estão a ter em aceitar este conceito de consolas sem gerações.

Independentemente do que se possa pensar destas declarações a verdade é que elas se baseiam em receios e situações reais de mercado. Mas no entanto numa entrevista á Gamespot onde estes receios foram expostos a Dave MacCarthy, o chefe de operações Xbox, este mostrou-se bastante empenhado em garantir que a situação será mesmo assim e que haverá uma transição suave sem interferência entre as consolas.



Eis as suas palavras:

Obviamente, ouvindo o feedback sobre a Xbox One influenciou a nossa aproximação à Xbox One S e influenciou a aproximação global ao projeto Scorpio.. Por isso realmente pretendemos que seja uma experiência integrada que passe por todo o ecosistemas de aparelhos, incluindo o Windows 10 o mais possível. Estamos a aprender e a melhorar nesse espaço numa base regular.

O termo upgrade acabou. Como gamer isso é bastante bom. Porque eu sei que os jogos que compro e jogo e os controladores que uso hoje vão funcionar na máquina de amanhã. E isso é a maior das mudanças.

Naturalmente que o conceito tem muitas coisas interessantes, nunca ninguém o negou, mas há preocupações associadas!

A ideia de mantermos os periféricos, e de uma retro compatibilidade contínua é fantástica, e algo que todos sempre desejaram. Mas o desperdício da potência de consolas como a Scorpio em meros aumentos de resolução… é algo inaceitável!

Prefiro mil vezes ter aumentos na melhoria da qualidade geral dos jogos que usem essa capacidade computacional mantendo os 1080p e idealmente 60 fps do que ter os mesmos jogos limitados na base com mais resolução. E isto é algo que custa a engolir e um dos principais problemas deste conceito.

Sem ele (o conceito) basicamente temos na mesma uma nova geração, mas com ele o que temos é um produto muito pouco interessante e sub-aproveitado. Mas mais do que isso, com ele temos uma perda de optimização pela perda da unicidade do hardware, e uma fragmentação de um mercado que antes era uno. E será difícil de aceitar discussões entre membros de uma única família a nível de performances e eventuais diferenças entre versões que certamente passarão a existir, especialmente quando um dos lados vir as performances ou a resolução esganada (e estou a pensar no mais fraco), porque o jogo acabou por ser pensando para a versão superior.

Mas até lá a Sony, apesar de mais calada neste momento, e de ser para já a Microsoft quem está a levar com as balas por estar pontualmente mais avançada no processo,  certamente lançará a Neo e teremos mais dados para vermos como a coisa se desfragmenta. Ainda por cima com as expectativas da Neo a serem inferiores às da Scorpio veremos com as águas se agitam para o futuro nessa altura.



O certo é que ninguém acredita muito que as novas consolas não tenham exclusivos, e mesmo os Devs acham este uso um desperdício de performance até porque os 4K podem ser obtidos com apenas um pouco mais de performance e reconstrução temporal.  Não seriam 4K nativos, mas seriam 4K, e graças à performance adicional os resultados poderiam ser bastante superiores aos de Quantum Break.

Basicamente nem mesmo os Devs acreditam muito que o poder das novas consolas se venha a limitar a mais pixels. Com a Neo a ter as especificações em rumor a ser basicamente incapaz de fazer 4K nativos, certamente, e independentemente do que a Sony diga, teremos outras melhorias como Fps ou efeitos. E isso quer dizer que a Scorpio fará o mesmo!



Aliás, com a pouca percentagem atual de TVs 4K no mercado, apostar em jogos rendidos a 4K sem a possibilidade de os render a 1080p aportando outros ganhos é não só utópico, como pouco realista face aos ganhos a níveis de vendas de consolas que tal pode aportar.

Ou seja, basicamente a promessa do fim das gerações é uma promessa que será muito difícil de cumprir, e especialmente quando o PC está à mistura apresentando ganhos diversos no nível de detalhe com resoluções como 1080p será extrordináriamente complicado para a Microsoft justificar que a Scorpio gaste o seu poder todo apenas em resolução, mantendo os cortes e concessões que One se verá forçada a fazer, e ainda por cima uma resolução onde apenas uma pequeníssima fatia do mercado está em condições de usufruir.

Ninguem nos pode convencer disso. Porque não é coerente! E como tal o expectável é que vamos ter melhorias gráficas nas diferentes versões das consolas, tal e qual temos nos diversos PCs de acordo com as suas capacidades, sendo que os 4K com o nível de detalhe da One será apenas uma das opções.



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