Os problema da Switch pelos quais a Nintendo não se quer responsabilizar

A Switch tem vindo a ter um leque alargado de queixas. E o controlo de danos da Nintendo que alega desconhecer problemas em quantidade não ajuda nada ao tentar tapar o sol com uma peneira, até porque, muitos dos problemas da consola são mesmo defeitos de concepção do hardware. Vamos analisar aqui alguns desses casos.

Caso 1 – Os Pixels mortos

A Nintendo Switch  tem vindo a aparecer com algumas unidades a apresentar problemas com pixels mortos.

Os pixels mortos são pixels que pura e simplesmente não funcionam, ficando pretos. Não confundir estes com pixels encravados que, esses funcionam, mas estão presos numa cor fixa!

Eis um exemplo dos mais flagrantes dado a conhecer:



Perante as queixas a resposta da Nintendo foi curta e grossa:

Pequenos números de pixeis presos ou mortos são uma caracteristica dos ecrãs LCD. Isso é normal e tal não deve ser considerado um defeito.

O problema desta resposta é que “pequenos” não é exactamente um número. E mesmo que quiséssemos dar razão à Nintendo, uma vez que, infelizmente, essa situação, apesar de pouco comum, é uma realidade que por vezes acontece, a empresa tem de definir uma política bem mais clara.

A realidade é que existe uma norma, a ISO 13406-2 que define várias classes de falhas de pixels e quantos pixels são aceitáveis por cada classe. Os ecrãs Classe I não podem ter qualquer tipo de defeito, mas os mais comuns, os classe II podem ter no máximo 2 pixels mortos ou presos e até 5 subpixels (cada pixel tem uma componente de vermelho, azul e verde criada com subpixels) com problemas.

No entanto este standard não é regra, apenas uma norma pela qual as empresas se devem guiar, sendo que normalmente as empresas tentam até ser mais exigentes. A HP por exemplo mantêm os subpixels aceitáveis nos 5, mas no que toca a pixels totais eles impõem que estes necessitam de ser zero.

Já a Dell por exemplo, nos seus monitores de topo mantêm a regra nos Pixeis totais, mas aceita 6 subpixels se estes forem escuros. Se tiverem algum tipo de brilho o valor desce para zero. Nos monitores de meio de gama, os subpixels com brilho podem ser três, e nos entrada de gama, os 6 subpixels com problemas podem ter brilho.

Asus, Acer, AOC e ViewSonic todos tentam seguir a norma. Excepção aqui é a Apple que, tal como a Nintendo, não define nada!



Já a Samsung troca os aparelhos com problemas nos pixels ou subpixels se enviados nos primeiros 7 dias após a compra. Depois dessa data eles aceitam entre um a quatro pixels com defeito dependendo do ecrã e da sua resolução.

Em todos os casos a posição dos pixels em causa é sempre tomada em consideração. Um pixel no meio do ecrã tem outro impacto que um no canto!

Basicamente o que falta aqui é a Nintendo clarificar a situação. Ao contrário da Apple, as queixas de pixels mortos estão a existir, pelo que a empresa não se pode dar ao luxo de ser tão leviana na forma como define a sua política, necessitando de clarificar a mesma. E o mero texto de cima é insuficiente.

Não deixa de ser curioso, e tal torna-se necessário ser referido, que a política atualmente em uso foi usada pela Nintendo em 2004 com a DS quando esta se viu abrangida por uma praga de pixels mortos. Na altura, perante as queixas, a Nintendo acabou por mudar a música e prometeu trocar todas as consolas com defeito, uma política até agora em uso.

Daí que esta nova mudança para a política de 2004 agora com a Switch é um pouco incompreensível!



O que recomendamos como salvaguarda?

Que se quiserem comprar uma Switch abordem a loja para saberem qual a política da mesma face ao problema. Caso esta tenha a mesma política ou alegue que a responsabilidade é da Nintendo, não comprem!

Optem antes pela compra online, onde a legislação europeia permite a devolução do produto e do dinheiro no prazo de 14 dias, e sem sequer se ter de dar uma justificação.

Caso 2 –  O problema de desconexão do Joy-con esquerdo é problema de hardware e não de software

Este é um problema que a Nintendo dificilmente admitirá dado que a fazê-lo teria de trocar todos os Joy-Cons até agora vendidos, o que lhe traria um elevado prejuízo. Mas a questão é que o problema do Joy-Con esquerdo está provado ser um problema de hardware.

Vamos explicar o mesmo (note-se que na foto de baixo, o topo do joycon está para baixo pois os botões e joysticks estão na face de baixo da peça):



A imagem de cima mostra o joy-con esquerdo e o direito, ambos abertos. E como se vê, eles são diferentes em vários aspectos.

Para além de uma disposição diferente, o Joy-con direito possui mais coisas, nomeadamente um sensor de infra vermelhos e um chip NFC o que, comparativamente, torna o seu interior mais cheio que o Joy Con esquerdo.

Ora esta acumulação de chips levou a que a Nintendo temesse interferências, e nesse sentido incluiu no seu interior uma antena dedicada para aumentar a recepção do sinal bluetooth (o cabo cinza solto que vêem na imagem).

Ora no Joy-Con esquerdo há mais espaço e menos interferência, pelo que a Nintendo não colocou nenhum amplificador de sinal adicional, usando uma antena impressa no circuito para o efeito.



Infelizmente, apesar de essa solução ser usada por outros comandos, como os dual Shock da PS4, a mesma fica colocada numa zona mesmo ao lado de uma zona metálica de grandes dimensões que é a base do joystick, e que interfere com a mesma.

A piorar a coisa, a zona é forçosamente coberta com o polegar e parte da mão ao ser usado o controlador, bloqueando ainda mais o sinal (a foto não mostra bem a situação).

A situação é explicada claramente neste video que se segue, sendo apresentado, para aqueles que se sentem à vontade com a solda, uma forma de resolver o problema de forma definitiva.



Certamente a Nintendo irá tomar providências no sentido de futuras versões do Joy-Con virem corrigidas, mas os atuais comendos de quem adoptou a consola inicialmente, esses devem ficar com o problema.

Caso 4 – A Docking Station

Os casos de ecrãs riscados pela Docking Station são já bastantes. Mas a Nintendo não reconhece o problema dizendo que durante o uso das consolas que teve em exposições nunca tal aconteceu.

Bem, a realidade é que reconhecendo o problema ou não, ele existe. E ele já foi detectado!

Trata-se de uma situação que não se determinou se é defeito de fabrico ou problema na embalagem, mas que se relaciona com uma má construção da docking station que não apresenta o mesmo espaçamento entre os lados da ranhura em toda a sua extensão.

A imagem animada que se segue mostra o problema:



Penny Test to See if the Nintendo Switch Dock is Bent

Como se percebe, a Docking está torcida, ficando mais apertada no topo. A solução para o problema passa por aquilo que se vê no video, a colagem de um tecido nos cantos da docking station na superficie do lado onde fica o vidro.

Isto é um claro defeito na docking station, e apesar de faltar saber-se se é um problema de fabrico ou criado em outra fase, ele existe.

No entanto, mais uma vez, aqui a Nintendo dificilmente se responsabilizará pelo problema.

Caso 5 – A Switch foi hackada

Este caso é diferente de todos os outros, mas prejudica tremendamente todos aqueles que adoptaram a consola inicialmente.



Como sabemos a Switch foi desde sempre uma consola problemática. A má adopção da Wii U levou a que as empresas não dessem o seu suporte claro e aberto à consola, dependendo das vendas e respectivo aumento da base de utilizadores para passarem ao passo seguinte.

Mas ao que tudo aponta, a Nintendo não apostou forte na protecção da sua consola, tendo mesmo deixado ficar um browser incompleto e baseado no popular webkit que servia apenas para o login em zonas wifi que requerem acesso por browser.

O resultado foi que, ao fim de 7 dias, a Switch foi hackada.

Atualmente o alcançe do hack é ainda limitado, mas no entanto permite já a execução de código. Neste momento não existem ainda as ferramentas para explorar devidamente a consola, e nem sequer acesso de baixo nível, mas este acesso ao nível de utilizador já permite explorar o sistema operativo de forma anteriormente impossível, e permite compreender como ele funciona e consequentemente encontrarem-se falhas mais graves.

A Nintendo poderá responder com um patch, mas isso não impede que a consola esteja a ser analisada e com acesso a partes que deveriam ser protegidas. Desta forma a probabilidade do aparecimento de um novo hack de muito maiores consequências é enorme, criando uma sombra ainda maior sobre o futuro da consola.



 



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