Phil Spencer quer criar uma Blacklist de jogadores banidos, que seja extensível a todas as plataformas.

Apesar de a situação poder parecer coerente, ela soa mais a demagogia do que a algo realmente justo. E acima de tudo a Microsoft tem é de se mexer para que o Windows seja mais adequado a jogo sem batotas.

Fazes algo não permitido… e és banido. Aqui e em todas as outras consolas que possuas.

Esta é a ideia de Phil Spencer… Mas uma ideia que poderia ter enormes consequências que provavelmente nem sequer foram ponderadas!

Para começar um conceito de Blacklist extensível a todas as consolas, soa a algo tão coerente como uma Blacklist que fosse extensível a todos os jogos. Basicamente a diferença seria que em vez do jogador se ver banido de um jogo em todas as plataformas, veria banido o seu hardware na mesma plataforma, em todos os jogos? Afinal, se violou as regras de conduta, fê-lo pelas regras da plataforma, pelo que a expulsão de toda a plataforma é algo coerente. Um cheater, é um cheater, e alguém que usa uma cheat num jogo é tambem alguém que pode perfeitamente usar uma cheat em outro jogo. O problema não está no jogo, está na pessoa, e dessa forma, se essa pessoa comete algo grave num jogo ao ponto de ser banido desse jogos em todas as plataformas, será que essa pessoa não deveria ser banida de todos os jogos na mesma plataforma tambem?

Se existem argumentos para um tipo de Blacklist, quer-me parecer que tambem existem para a outra. Mas certamente poucos se calhar concordariam com a ideia que exponho aqui, pois ela parece mais radical que a outra. Mas acreditem.. não é! É apenas mais simples de se perceber como esta ideia é pouco pensada e algo estapafúrdia!

Senão repare-se, qualquer blacklist tem de acontecer ao nível do hardware. Se não o for,  o que impede um jogador de re-instalar o jogo e criar uma nova conta? Ou o bloqueio é feito ao nível da identificação do hardware, ou nada adianta. Vemos isso em Halo Infinite, onde os cheaters, sempre que penalizados, e isto agrava-se pelo facto de o jogo ser gratuito, instalam outra cópia, e criam nova conta, voltando ao ativo. Como referi acima, o problema não está no jogo, está na pessoa! E para se impedir novas contas, só mesmo banindo a máquina, pois caso contrário não se resolve verdadeiramente problema nenhum.

Ora sendo assim o problema coloca-se depois com o hardware partilhado. Um pai ou uma mãe que tenha um consola onde tambem jogam o cônjuge ou os filhos, ao ter o seu hardware bloqueado, para todos os efeitos levem um banimento para todos. Mesmo que apenas um tenha cometido a suposta ilegalidade. E isto arrastar-se-ia para todas as plataforma existentes em casa onde a conta banida estivesse presente. Algo que muito dificilmente encontrarei alguém que me diga que é algo correto. Porque banir o responsável sim, mas pagar o justo pelo pecador… isso já não!

A piorar a coisa, quem sofreria verdadeiramente com isto seriam as consolas. Porque o PC, a máquina onde estão verdadeiramente os cheaters, um banimento de pouco ou nada vale, mesmo que se tente identificar o hardware. Basta que o jogador esteja numa máquina virtual para que qualquer banimento não tenha efeitos reais, e possa perfeitamente ser criada uma nova máquina, com novo e/ou nova conta.

Num outro exemplo, vamos pensar nos cheaters que jogam em Cybercafés. Ao serem banidos, e para o ban ser efetivo, como já referido, a máquina teria de ser banida. O que aconteceria ao Cybercafé? Ficava com a sua cópia do jogo e o seu PC inutilizado para esse jogo? Quando é o aluguer das máquinas para aceder a esses jogos que lhes dá o sustento? E tendo o jogador já jogado em diversos PCs do café, o que aconteceria aos restantes? Seria tudo banido?

As questões são diversas, e como sempre, apesar de o princípio parecer ter alguma coerência, a Microsoft parece não ter ponderado sobre o que diz, e está a colocar a carroça à frente dos bois. Aliás, apesar de as consolas tambem possuírem cheaters, o grande problema aqui são os PCs, e sendo a Microsoft quem cria o sistema operativo para essas máquinas, antes de pedir aos outros que abdiquem de jogadores que poderão nem ter feito nada na sua plataforma, mas sim no PC, deveria era pensar em tornar o PC seguro para os jogos, impedindo cheats ou ajudando a detetar a instalação das mesmas.