Puddlegate – Quando uma poça define o upgrade ou o downgrade, algo está mal!

A comunidade é tóxica. E apesar de os dowgrades terem sido uma realidade em títulos multi plataforma nesta geração, a comunidade de uma plataforma anseia por ver downgrades nos exclusivos da outra. E apesar de alguns argumentos mais coerentes, a realidade é que muitas vezes o que os olhos veem, mesmo parecendo, não corresponde ao que é dito. E a ausência de uma poça de agua… tem de ser downgrade.

Downgrades… Quem não se lembra deles? Eles existem desde sempre, mas nesta geração os mais famosos talvez sejam os dos jogos da Ubisoft como Watch Dogs, The Division, Rainbow Six Siege, Ghost Recon, etc. Mas não fiquemos por esta empresa e acrescentemos outros jogos como The Witcher 3 e Mass Effect Andromeda.

Já no que toca a Downgrades em jogos First Party, esta geração não possui muitos exemplos, sendo que Forza Motosport 5 é, se bem nos recordamos, o único caso. O jogo chegou a ser mostrado no Late Night Show, tendo sido jogado por Jimmy Fallon, e aí não só se viu uma qualidade de luz superior à do jogo final, como também melhores sombras, melhor vegetação… e um público a 3D.

Esta caso foi, no entanto, e como referido, o único que envolveu jogos exclusivos, e tratou-se de uma apresentação feita meio ano antes do lançamento da consola da Microsoft, o que terá levado à apresentação de uma versão prototipada e que ainda não tomava em consideração a realidade do hardware final da consola. Sinceramente, é o tipo de situação que, apesar de não desejada, e de real, pelo timming das coisas, acaba por ser a que melhor justificação tem.



A realidade é que desde essa altura, não há verdadeiros relatos de downgrades em jogos First Party, isto apesar de os fanáticos tentarem a cada novo lançamento encontrar argumentos para referir que os mesmos existiram.

Naturalmente que, pelo facto de a Sony lançar mais exclusivos, e talvez de o único caso existente e flagrante de downgrade de exclusivos (justificado como se explicou), ter sido na Xbox, os jogos Playstation tem estado sob ataque a cada novo lançamento.

Horizon: Zero Dawn foi um dos jogos a estar sob ataque, e para fundamentar a acusação foi usado um video de uma apresentação do jogo feita no Japão, na Tokio Game Show 2017 e onde se comparava o ali visto com o anteriormente mostrado na E3 2016.

Eis uma foto:

A comparação era claramente um insulto à inteligência de qualquer um. As imagens da direita, provenientes do Tokio Game Show tinham como origem um video ultra comprimido, e onde os caracteres em Japonês ali presentes quase nem eram legíveis. Uma compressão gigante num video que não se sabe como foi obtido, e que removia todo e qualquer pormenor da imagem. Basicamente um argumento que apenas poderia ter algum seguimento junto de fanáticos que pretendiam algum tipo de protagonismo ou auto conforto.



Mas a coisa não parou aí. God of War foi outro dos jogos atacados. E aí, não só se voltou a recorrer a ataques completamente desonestos baseados em imagens ultra comprimidas que deturpavam todo e qualquer detalhe da imagem, mas aparece uma situação onde a dúvida mais honesta se justifica. Tratou-se de uma uma zona onde, supostamente, e pelo que era visto, a equipa tinha reduzido o pormenor da cena, ao introduzir nevoeiro. Uma situação que poderia ser explicada de mil e uma formas, mas em que uma era efectivamente algo efectuado com o intuito de cortar a profundidade do que era visível, reduzindo assim o detalhe da cena.

Eis a imagem em questão:

Este argumento possuía muito mais coerência, honestidade e peso do que o uso de imagens desfocadas. Apesar de a alteração poder ter sido meramente artística ou até estar relacionada com climas dinâmicos, a realidade é que não se poderia deixar de excluir a hipótese de que tal poderia ter igualmente tido a ver com uma necessidade de se cortar o detalhe no sentido de reduzir o peso do processamento. Aqui a dúvida tinha de ficar no ar pois o detalhe da floresta ao lado esquerdo de Kratos, efectivamente desaparecia, e todo o restante detalhe era reduzido, sendo que a neblina é uma velha técnica aplicada no sentido de minimizar processamento.
Haviam ainda diferenças na iluminação que muitos definiam como sendo outra vertente de um downgrade!

A situação foi no entanto explicada por um dos artistas de God of War. Não havia qualquer downgrade! A equipa, tentando melhorar a qualidade global das cenas, tinha mexido na direcção da luz e na direcção das neblinas, algo que nesta cena se tinha feito reflectir desta forma. Mas a intenção não foi nunca cortar nada ou diminuir nada. A alteração surge naturalmente dessa alteração, sendo que nesta cena em particular, a alteração efectuada na neblina resultou num efectivo corte detalhe. No entanto tal não tinha sido premeditado, mas uma mera consequência da alteração, sendo que outros casos havia onde a alteração até acrescentou detalhe, pelo mesmo motivo, a movimentação da neblina. Para se comprovar isso mesmo apareceram outras fotos onde a alteração da neblina e luz, bem como, inclusive, de outros parâmetros igualmente alterados nas afinações, davam a ideia contrária!



Naturalmente, para quem estava na onda de criticar por criticar, nada disto interessava, nesse sentido as justificações eram até ignoradas.  Para quem criticava pelo mero acto de criticar, tal não ajudava no seu intuito!

Mas God of War saiu e conquistou, tal como Horizon Zero Dawn, pelo grafismo supremo, onde se percebe claramente que não só nada foi cortado, como o jogo é um exemplo a  seguir a nível de qualidade gráfica.

E eis que nos vemos chegamos a um outro caso. E poça… que caso!

O Spider Man!



Não hajam dúvidas que a versão final do jogo está diferente da apresentada antes. Eis um video que tira todas as dúvidas quanto a isso!

Se viste com atenção o video uma coisa concluíste. Apesar do mesmo conteúdo, o vídeo da E3 2017 e o da versão final apresentam efectivamente largas diferença!

Mas a cena que mais polémica deu foi a seguinte:



Segundo muitos, esta imagem era reveladora de um downgrade. A poça de água estava super reduzida, a qualidade dos reflexos igualmente, e mesmo o fato do homem aranha possuía menor qualidade.

E claro… se não há poça… então poça… há downgrade!

Bem, olhando para a imagem, algo é claro! Elas são efectivamente diferentes! Mas daí a tal ter sido um downgrade… vai uma grande diferença!

De acordo com o chefe de produção do jogo, a remoção da poça foi apenas uma alteração a nível de arte. Algo que nada teve a ver com downgrade, mas mera opção. Tudo o resto que ali se notava de diferente devia-se a alterações feitas na hora do dia, com consequente alteração do nível de luz, e igualmente alterações aos parâmetros do fato da personagem, particularmente a sua reflectividade, de forma a o tornar mais realista. Quanto à poça… tinha pura e simplesmente sido removida por se achar demasiadamente grande.

A realidade é que o video de cima mostra que a equipa mexeu e bem no jogo… Em mil e um aspectos, com cenas onde coisas foram retiradas e cenas onde coisas foram acrescentadas, bem como cenas onde pura e simplesmente coisas foram mudadas. A equipa mexeu, e mexeu, no jogo, e nos seus parâmetros, até à ultima da hora.



Vamos ver alguns exemplos:

Se pausarem o video aos 3 segundos, podem reparar que o Homem Aranha está pendurado numa parede com um prédio por detrás. Na versão final a cobertura e as flores aparecem removidas, dando a entender um downgrade.

Mas uma análise mais cuidada mostra que há muito mais do que isso. Na realidade o prédio que está atrás é diferente. As janelas são diferentes, são menos, e tem um aspecto diferente. Basicamente o prédio foi mexido, foi alterado, motivo pelo qual não se pode afirmar de forma clara que houve um downgrade, mesmo que isso possa parecer. (E3 2017 esquerda, final, direita).

Uma pausa aos 4 segundos mostra novamente diferenças:



Aqui vemos as consequências das mudanças nas propriedades reflectoras do fato, mas aquilo que muitos definiram como sendo texturas no fato de baixa resolução na versão final, na realidade não é mais do que consequência de uma melhor e mais pronunciada profundidade de campo, que desfoca o homem aranha, ao focar o que está para lá dele.

De resto, a textura do fato é exactamente a mesma, apenas afectada de forma diferente pelos efeitos de luz, devido às alterações das suas propriedades.

Mas no que toca a texturas, nada como parar o video aos 9s e olhar para os sacos de cimento.



Claramente há uma mudança de texturas…mas para melhor!

E se ficaram com dúvidas quanto à textura do fato… parem aos 10s.

Menos reflexos, tal como pretendido, mas muito mais detalhe no pormenor do mesmo!

A prova da alteração da hora do dia está aos 17s, onde vemos isto:



Aqui não só vemos que o cenário foi mexido, uma vez que toda a traseira está diferente, como vemos que a luz incide de forma diferente. Na imagem da esquerda vemos um efeito de partículas que não existe na versão final. Tratam-se de salpicos de água da poça que foi removida e que, como tal, não podiam existir.

A comprovar que a equipa mexeu em tudo o que era pormenores, ajustando tudo ao seu gosto até à versão final, eis estas duas imagens:

Repare-se no contentor azul atrás do Homem Aranha na versão final, inexistente na E3 2017.



E agora continuemos a ver o video:

Ora cá está o mesmo contentor… Ainda presente, mas num sítio diferente. Sinal de alterações, de escolhas de arte, mas não, de forma clara, de cortes.

Aliás, parem o video aos 22 segundos e reparem na face do operário que é agredido. Até ela foi alterada em pormenores como a cor do cabelo e barba, dando a ideia na versão final de uma pessoa menos idosa.

Outra alteração clara, consequência de mudanças de parâmetros surge ao 1m:07s



A nuvem está diferente (pode ser dinâmica), a cor do ceu está diferente, o nível de luz está diferente. Como compensação, o Chrisler Building mostra o seu topo em vidro no seu total esplendor, algo que a versão de 2017 não consegue fazer.

Ao 1m27s a personagem aparece na versão final com uma máscara que não tinha antes, e ao 1m:34 segundos voltamos a perceber a mudança na luz, bem como a quantidade de alterações feitas pela equipa face à versão anterior do jogo, bem visível nas alterações nos topos dos edifícios.

Aliás, a partir do 1m:37s, a cena muda mesmo face ao que havia em 2017, e há um disparo de uma bazzoka em vez de uma descarga de energia. Downgrade? Upgrade? Nenhum dos dois!

Enfim… Até podemos ir buscar cenas onde o que vemos são claros upgrades, tal como a de baixo:

O que se torna relevante perceber aqui é que entre as versões existem claras diferenças. Que houve downgrades… tudo não passou de especulação não comprovada.

Aliás a Digital Foundry analisou o que havia face ao que há e a sua conclusão é que o jogo, em termos gerais, sofreu até upgrades. E não qualquer tipo de downgrades. O resultado do jogo é visualmente impressionante, e um marco na fidelidade visual do grafismo de mundos abertos como a sequência de baixo comprova.

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Mas a insistência nos downgrades foi de tal forma que várias empresas se viram forçadas a ter cuidado com o que mostravam. A CD Projekt RED viu-se mesmo obrigada a lançar uma declaração alegando que o que fora visto no trailer de Cyberpunk 2077 era trabalho em progresso e que o jogo final poderia não ser igual. E isso não significa downgrades, mas sim o facto que muita coisa pode ainda mudar até ao lançamento do jogo.

E não foram os únicos. A Bioware ao apresentar Anthen na PAX, fez uma clara referência à presença de uma poça de água na imagem e que podia desaparecer na versão final, num claro gozo com todos os que afirmavam existir Downgrade em Spider Man.

O certo é que a situação foi ridícula, e as acusações infundadas, apesar de quem as argumentava apresentar termos técnicos para argumentar o que dizia. Isto apesar de no fundo estar apenas a salientar diferenças entre as cenas e não um downgrade efectivo.

Mas porque? Porque motivo estas pessoas insistem nisso?

Bem, um dos impulsionadores da polémica foi um Youtuber denominado Dealer Gaming. Apesar de claramente defensor da Xbox, algo que não vemos como sendo um problema uma vez que tem direito à sua preferência, este Youtuber, falou e falou de Spider Man alegando um Downgrade.

Apesar de tudo, agora que a Digital Foundry analisou o jogo e reconheceu o upgrade, este senhor até teve a decência de retroceder no que disse, e reconhecer que errou, o que parece muito correcto da sua parte, dando-lhe uma imagem de alguém que, apesar das suas preferências, é isento.

Infelizmente, isso não é bem assim uma vez que no Neogaf lhe foram apanhados vídeos mais antigos e que a pessoa apagou, onde esta mostra claramente que a isenção não está lá… eis o link para uma cópia de um desses videos.

Claramente aqui vemos os típicos argumentos que são fanboys… Que 720p e 1080p não se notam, mas entre 1800p e 4K já se nota tudo. A PS4 não tem jogos e os fans PS4 são bebés e deficientes.

Ou seja, uma das pessoas que incentivou este tipo de situação, e que até parece muito correcta ao admitir que errou, na realidade só o fez porque lhe ficava mal não o fazer, uma vez que ele não se limita a ter uma preferência, mas é um fanboy na verdadeira ascensão da palavra.

E depois temos outro tipo de exageros… como este (e os vídeos melhoram a cada novo), que apesar de não falarem em downgrades cascam no jogo em tudo o que podem. Mas neste caso as cenas que a pessoa faz falam por si sobre aquela que deve ser a sua sanidade, sendo que o ultimo video dá dó:

Infelizmente os ataques ao jogo não acabam aqui, com Youtubers a mostrar, sem qualquer aviso, como se desenrola a história, estragando assim o prazer a quem jogar, de a conhecer na devida altura.

Mas é o que temos… utilizadores tóxicos!

Eventualmente esperem por uma análise ao jogo, uma vez que estou a joga-lo e a adorar!



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