Traffic Shapping… Afinal há ou não há? O caso SAPO.

Muitos de vocês já se aperceberam que apesar de terem grandes larguras de banda e de até conseguirem as velocidades contratadas em determinados FTP’s e sites de testes de velocidade, quando utilizam a vossa ligação em softwares P2P ou em sites específicos de download como o Hotfile ou o RapidShare a velocidade de download cai para valores ridículos.

Isto é Traffic Shapping, uma detecção do protocolo de rede usado, ou do site a que estão ligados, com limitação de largura de banda imposta pelo vosso ISP.

Naturalmente que o ISP nega tudo isso, alegando que apenas pode garantir as velocidades no interior da sua rede, mandando fazer testes noutros locais, e afirmando que afinal, porque a velocidade é atingida noutros sites, tudo está bem.

Ora se alguns tipos de traffic shapping podem ser facilmente detectáveis, outros não. A dúvida por isso fica sempre. Afinal há ou não traffic shapping nos ISP’s portugueses?



Pois bem. A foto de baixo mostra um dos routers do serviço de internet sapo, o A221G.

Este é um modem cedido aos clientes sapo, e à semelhança do que acontece com outros routers com o ZON HUB, o cliente que o recebe não obtém a password de administração, que fica reservada aos técnicos da Sapo.

A questão é que o router é extremamente fácil de hackar, e foi exactamente isso que que foi feito ao router da imagem, que passou dessa forma a dar acesso à administração total.

Uma série de opções novas foram reveladas e que, à semelhança do ZON HUB, não se entende bem o motivo porque estão fora do alcance do cliente normal.

Mas o que chocou ver neste router foram os menus relacionados com o Quality of Service, QOS.



Aqui, para além dos menus de prioridade de tráfego temos um outro que se chama, imaginem lá, “Traffic Shapping”, e que por defeito se encontra ligado para a porta WAN em modo automático.

Entrando nas opções de edição deste parâmetro, o que encontramos?



Nenhuma definição para P2P, mas uma definição para HTTP-HTTPS que define uma largura de banda mínima de 20% e uma máxima ilimitada (ou seja a largura de banda contratada).

Ora efectivamente este traffic shapping está associado à qualidade de serviço, garantindo assim que o serviço telefónico possui sempre largura de banda suficiente, não se tratando do traffic shapping tradicional de que os utilizadores se queixam. Mas a verdade é que esta é uma opção à qual o utilizador não tem acessoe é efectivamente um traffic shapping (priorização do tráfego de dados) efectuado na ligação do cliente sem o seu conhecimento. E se o ISP possui acesso a este tipo de configurações no no nosso router, o que os impede de, automaticamente, e sempre que o desejarem aplicarem restrições ao nosso tráfego? Se o serviço de HTTP está acessível nesta configuração à qual o cliente não tem acesso o que impede o ISP de lhe limitar a velocidade sem lhe diminuir a largura de banda atribuida. E o que impede de aparecer e desaparecer uma entrada relativa ao P2P sempre que um utilizador se liga e desliga a um destes serviços.

Note-se que não estou a criticar as opções em si, que servem no fundo para aquilo que foram criadas, a qualidade de serviço  (QOS). O que se critica é o facto de esta opção de traffic shapping existir e ser controlada exclusivamente pelo ISP de uma forma não transparente ao utilizador que até desconhece que ela existe. Quer isto dizer que, mesmo que a SAPO não utilize esta opção de forma abusiva, tem a possibilidade de o fazer, e esse simples facto é uma violação quer da privacidade do cliente, quer dos direitos que o assistem.

É vergonhoso que os ISP’s tenham mais controlo sobre os routers do que o cliente. E isso é uma verdade independentemente do ISP. Trata-se de um Big Brother inaceitável em que o cliente é controlado sem sequer saber ou lhe ser comunicado que tal pode acontecer.

Nota: Operação de acesso e fotografias efectuadas por utilizador Sapo. Fotos cedidas de forma exclusiva à PCManias.





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