Websites de análise de videojogos estão a auto-destruir-se?

Apesar de a PCManias não ser um website que, por norma, analisa jogos, não podemos deixar de criticar aquilo que vemos acontecer. As atuais avaliações que vemos em alguns websites são, a nosso ver, um descrédito total para as páginas em causa e para todo o sistema de avaliação de videojogos normalmente usado!

Estou chocado! Verificando as análises que tem vindo a aparecer, e vindas de websites credíveis, tenho de dizer que é minha opinião que estas estão cada vez mais a cair na rua da amargura! Os motivos não me vou atrever a adivinhar, mas o certo é que uma vez o sistema caindo em descrédito… não há volta a dar-lhe!

Vamos lá a ver… não tenho exactamente 20 aninhos, e nesse aspecto já vi muitas e mesmo muitas análises na vida! Cresci junto com a industria e vi-a a evoluir! As minhas bases para o que é uma boa avaliação são de uma altura onde as análises eram sérias, e nesse aspecto destaco as da minha revista favorita de sempre, a Crash Magazine. Com ela aprendi aquilo que considero serem os pilares de uma análise correcta e bem feita, uma análise que mesmo não podendo nunca ser perfeita e escapar à parte opinativa, tentava ser baseada em pontos palpáveis e em vários gostos e filosofias de jogo.

Para mostrar o que pretendo dizer, vou juntar uma foto que encontrei com uma análise desta revista:



Todos os jogos analisados nesta revista eram jogados e avaliados por pelo menos três pessoas, todas elas com gostos e estilos de jogos diferentes! Todas elas avaliavam o jogo e davam a sua opinião, sendo que a nota final reflectia a opinião global. Apesar de este universo de três pessoas poder mesmo assim não ser representativo dos gostos gerais, a análise acabava por ser bastante mais cuidada e realista do que as atuais que reflectem a opinião de uma e só uma pessoa, algo aceitável em websites pequenos, mas não em websites de análise profissionais,

Na Crash existia uma análise geral focada em descrever o que era o jogo e como ele funcionava, e depois, dentro das caixas respectivas, as análises mais sumárias dos avaliadores. Uns gostavam mais, outros menos, e o resultado final tinha de reflectir um acordo comum entre estas pessoas, baseando-se na média ponderada da avaliação de cada um.

Nessa avaliação todos eles avaliavam o jogo sob diversas perspectivas palpáveis, a apresentação geral, o grafismo, a jogabilidade, as qualidades do jogo que prendiam o jogador, o valor pelo dinheiro (relação qualidade/preço), e no final, uma nota global, e que era a nota do jogo, e que não era uma média, mas pesava as várias componentes avaliadas. Basicamente ao analisar-se estes parâmetros o jogo era analisado pela sua globalidade, não havendo a surpresa de o jogo ter um grafismo mau, ter bugs, ter má jogabilidade, não prender o jogador, ou não valer o dinheiro que custava. Tudo isso estava analisado ali!

No exemplo de cima, com uma simples conta podem ver que a nota final não é a média, sendo que cada um dos elementos tinha um peso diferente, dando-se à jogabilidade e valor pelo dinheiro,  por serem os pontos principais que definem o jogo pelo jogo que é, mais peso que ao resto.

Naturalmente todos estes pontos eram avaliados tendo em conta o sistema em que o jogo corria (neste caso era o ZX Spectrum),e a filosofia pretendida pelo jogo. Isto tinha em consideração o estilo gráfico, e acima de tudo não comparava as versões das diversas plataformas (aliás ignorava tudo o que o jogo em outras versões fazia, se tinha mais ou menos conteúdo, mais ou menos isto ou mais ou menos aquilo). Cada jogo era avaliado de forma estanque e perante as capacidades da plataforma em que estava a correr, verificando aquilo que ele oferecia aos possuidores da plataforma e, quando muito, comparado apenas com outros jogos desta mesma plataforma. Se as outras plataformas faziam melhor ou pior, era irrelevante para a análise, e não era anormal nessa altura, comparando revistas da mesma editora que analisavam o mesmo jogo para outras plataformas, ver-se um jogo a ter notas superiores numa plataforma menos capaz. Basicamente o que isso queria dizer era que esse jogo tirava mais partido das capacidades da plataforma menos capaz do que a versão da plataforma mais capaz conseguia fazer.

Mas atualmente, para a maior parte dos websites que analisam regularmente jogos (o que não é, por norma, o nosso caso), estes critérios não existem! As análises reflectem uma e apenas uma opinião, comparam as versões todas, e independentemente do aproveitamento da plataforma, ignoram por vezes as questões técnicas, o polimento geral do produto, enfim… basicamente as análises são a opinião da pessoa. Não as critico… tem direito à mesma, e considero-a tão válida como qualquer outra. Mas uma opinião tem de ser sustentada em bons argumentos, e isso é algo que cai por terra quando vemos que os critérios de avaliação são ignorados, ou quando existem são poucos! Gráficos, som, apresentação e muitas outras coisas parecem ficar esquecidas perante o factor da subjectividade, esquecendo-se que mais do que uma opinião e um reporte de vivência, estes artigos esperam-se ser análises onde outras pessoas se apoiam para compra.



Basicamente qualquer análise deve reflectir aquilo que o jogo é, a qualidade geral e igualmente e o estado em que o jogo está! Um Halo ou um Uncharted em Alpha não teriam certamente a mesma nota que o mesmo Halo ou Uncharted final, completo e livre de todas as bugs. A nota tem de reflectir tudo isso, e no global avaliar o jogo como o produto que é!

Se estás a discordar de mim, questiono: Gostarias de ver uma análise a um automóvel que até querias comprar e que o avalia com uma excelente nota, quando o automóvel, mesmo que esporadicamente, e apenas a alguns, possui problemas conhecidos nos quais te deixa na mão, lhe caem as rodas, e sobreaquece?

Pode até ser o melhor automóvel do mundo. A questão é que se a coisa não está perfeita, a avaliação tem de reflectir isso. Isto é puro bom senso! E não é por serem jogos de consola e não automóveis que a coisa deve ser diferente.

 



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