Afinal quantas consolas Xbox foram vendidas? No máximo 36,4 milhões segundo os despachos da AMD!

A Microsoft não revela o número de vendas, preferindo desde à algum tempo revelar estatísticas estilo quantos esqueletos foram mortos em Sea of Thives. Mas mesmo sem dados oficiais, estudos de mercado atiram as vendas da Xbox para valores historicamente baixos.

Os números de vendas de consolas Xbox continuam a ser uma incógnita. A Microsoft desde à muito tempo que preferiu não concorrer com os números da Sony, optando por divulgar números mais altos, nomeadamente utilizadores mensais activos na rede, números de esqueletos mortos ou balas disparadas em determinados jogos.

Mas apesar da ausência de números oficiais há quem tenha acesso a dados de vendedores, e perante os mesmos, mesmo correndo o risco de erros de precisão uma vez que não é possivel contabilizar exactamente todas as vendas de todos os vendedores em todo o mundo, faça avaliações de vendas. Afinal o mercado precisa dessas informações uma vez que elas são relevantes para que investidores possam fazer as suas análises de mercado. E a Microsoft ao não divulgar os números de forma oficial, arrisca-se exactamente a que possam existir avaliações menos correctas, sendo que nesse sentido temos tido ao longo dos tempos várias estimativas de vendas de consolas da Microsoft, umas melhores, outras piores.

Mas na análise que se segue temos um caso algo especial. Porque a empresa em questão que revela estes valores, não lida nem com vendedores, nem sequer com consolas. Ela lida com GPUs e dados de produção e despachos dos fabricantes. E baseando-se nesses números faz análises tremendamente creditadas desde à vários anos, de diversos produtos no mercado, todos eles ligados a GPUs.

A empresa em causa é a Jon Peddie Research (JPR) é uma empresa de gestão e consultoria orientado para produtos altamente ligados à componente gráfica (GPUs), que fornece serviços a empresas ligadas à informática e videojogos, bem como a empresas que lidam com utilizadores desses sistemas. Esta empresa faz análises e relatórios que são referências globais de evoluções tecnológicas de mercado, de quotas de mercado de marcas de GPUs, de crescimento de empresas ligadas à produção de GPUs, de evolução de produtos relacionados com GPUs, e igualmente do estado do mercado de videojogos, baseando-se nas produções e despachos de GPUs para consolas.



Ou seja, como já referido, o que difere esta empresa de outras de análise é que ela não lida com dados de vendas de consolas, e como tal,  não necessita de estimativas. Ela lida, isso sim, com dados de despachos de GPUs directamente do produtor, e no presente caso, para os fabricantes de consolas.

E tal como é habitual, no presente ano de 2018 a empresa fez o seu relatório, apresentando ali dados muito, muito interessantes!

A parte que aqui vai ser analisada é apenas uma pequena parte de um relatório bem mais completo, e que engloba todo o estado do mercado de GPUs, de jogos incluindo o de PCs, e os seus três segmentos, entrada de gama, meio de gama e topo de gama.

Este relatório, denominado The Balance of Power in Gaming, pode ser encontrado neste PDF, e encontra-se agora público, apesar de, inicialmente, ter sido exclusivo dos clientes da empresa, e nele podemos ler o que a JPR Research refere quanto às suas fontes (Página 21):

Metodologia e fontes de dados

Usamos relatórios financeiros para obter dados de despachos e da base instalada de consolas de jogo.
Todos os trimestres obtemos dados de despachos da AMD, Intel, e Nvidia e os seus processadores.

Basicamente o que vemos ali é que os dados de bases instalada e de despachos de produtos podem ser obtidos dos relatórios financeiros das empresas (nunca de vendedores). Mas neste caso, talvez pela ausência de números por parte da Microsoft, o relatório não vai por ai, e não toca sequer nas consolas vendidas, nos seus despachos, nas vendas ou em qualquer número fornecido pelos seus fabricantes. O que ele faz é analisar os dados directamente dos fabricantes de GPUs, usando os seus despachos, nomeadamente a AMD, para a Sony e para a Microsoft, referindo o número de GPUs que foram cumulativamente fabricados e despachados para estas empresas.

E neste seu ultimo relatório, na parte referente à implantação da AMD no mercado das consolas, ele apresenta os seguintes dados:



Esta tabela representa o número de chips para o fabrico de consolas com GPUs AMD criados até hoje, e esperados até final deste ano, pela AMD e a evolução do cumulativo de despachos de GPUs desde 2013. E o que aqui vemos, mostra valores algo preocupantes para a Microsoft.

Analisando a Xbox 360, vemos que os números finais batem mais ou menos certo com os números de vendas totais até hoje divulgados.

Já os valores parciais da PS4 estão um pouco acima dos valores de venda conhecidos para os respectivos anos, até 2017 (inclusive), o que se revela normal uma vez que isto representa as encomendas despachadas de GPUs da AMD e não as vendas de consolas. Os números de 2018 para a PS4 serão então referentes a encomendas já devidamente contratadas e conhecidas para serem entregues.

Quanto à Xbox One, podemos ver a mesma disparidade nos anos em que as vendas da consola foram conhecidas, mais uma vez por estes serem valores de despachos de GPUs e não de vendas de consolas, e como tal, superiores. Já nos anos seguintes não podemos ter essa ideia uma vez que a Microsoft deixou de divulgar números.



Seja como for, o que nos interessa aqui é ver que o relatório refere como valor cumulativo de entregas de GPUs para o final de 2018, um total de 36,43 milhões de GPUs, o que significa um número de consolas Xbox fabricadas, e no mercado, que nunca poderá ser superior a esse valor. Deverá aliás andar abaixo disso!

E a realidade é que não temos neste momento qualquer dado que nos permite sequer ponderar a possibilidade de estes valores não estarem correctos. São a nosso ver os dados mais fiáveis até hoje divulgados pelo histórico da empresa, o seu afastamento do mercado específico das consolas e pelas fontes usadas.

Aliás o que temos são dados que nos levam a pensar que eles estão basicamente certos e mais do que certos. Basta lembrar que a Niko Partners, por intermédio do seu colaborador Daniel ‘ZhugeEx’ Ahmad, veio referir em Fevereiro de 2018 que estimavam que a Microsoft tinha vendido até finais de 2017  perto de 35 milhões de consolas. Um valor que, apesar de baseado em estimativas de vendas por dados fornecidos por vendedores, e como tal, pela necessidade de uma boa componente de especulação, sujeita a erros, não anda muito longe dos despachos de GPUs da AMD para a Microsoft que agora a Jon Peddie refere para essa altura.

Ainda a dar credibilidade a estes valores temos o relatório da Electronic Arts revelado em Maio de 2018 e que referia que até final de 2017 a Microsoft tinha vendido 29.5 milhões de consolas. E este número, apesar de baseado em estudos de mercados de vendas de videojogos, enquadra-se plenamente no que poderiam ser as consolas efectivamente vendidas face aos agora divulgados números de despachos de GPUs para esse ano.

Face a estes valores, fica a aparente disparidade do VGChartz, que aponta para os 39 milhões de Xbox One vendidas até à presente data. Mas a realidade é que, aceitando-se o erro natural deste tipo de análises baseadas em dados dos vendedores, o The Way Back Machine permite-nos ver que em Janeiro de 2018 o VGChartz apresentava como vendas da Xbox o valor de 35.8 milhões. Um valor não muito diferente do da Niko Partners, e com um erro acumulado, ao longo de 3 anos de estimativas (2015, 2016 e 2017), de 11,35% face ao revelado agora pela Jon Peddie, o que não nos parece nada de anormal. Sendo os dados analisados trimestralmente, nesses três anos foram feitas 12 análises, o que significa que o erro em cada uma delas foi de apenas 0,94%. Perfeitamente aceitável para um estudo mundial, sem dados oficiais, baseado apenas nos números de vendas de grandes superficies (e mesmo nessas, nem todas), e com grande factor de previsão e especulação de stocks, mas que cumulativamente, sem dados para controlo e correção dos erros, cresce constantemente!



Estão estes valores da Jon Peddie 100% correctos? Não sabemos, mas acreditamos, pelos motivos já expostos, que este será o relatório divulgado que mais se aproxima da realidade, e o facto de ele ir à segunda casa decimal (exemplo: 3,15 milhões e não 3.1 ou 3.2 como normalmente referido), confere-lhe uma teórica credibilidade adicional.

Agora se estes valores não estiverem correctos a Microsoft certamente virá desmentir, o que terá de fazer com mais do que meras palavras, mas apresentado os seus! Afinal espera-se que este tema seja abordado e escalpelizado pela comunidade de gamers, e os números aqui referidos, a serem errados vão danificar a imagem da consola ao revelarem-na como a consola de menos sucesso de sempre da historia da Microsoft, dadas as vendas e número de anos no mercado. Daí que a reacção da Microsoft será relevante para a confirmação ou o desmentir destes números.

 



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