Microsoft “matou” Halo?

Como já disse, não irei fazer nenhuma análise à apresentação da Microsoft enquanto não a puder visualizar com calma e numa TV 4K com HDR. Mas isso não impede que comente desde já uma situação… A forma como a Microsoft poderá “ter matado” Halo.

Vi a apresentação da Microsoft no meu telemóvel… Era o único aparelho com HDR que tinha disponível, pelo que resolvi usa-lo.

E quando a apresentação começa, ela entra a matar… O primeiro título mostrado não era nem mais, nem menos, do que o porta aviões da Microsoft. O HALO!

Halo Infinite é o título do próximo Halo, e quando vi o seu nome, sendo o Halo um, para não dizer O jogo que me faz adquirir as consolas XBox, confesso que me entusiasmei. A Microsoft ia entrar na apresentação com ar armas grandes a disparar, com o melhor do que tinha, criando a água na boca suficiente para o resto da apresentação.

A apresentação de Halo Infinite de 2018 tinha sido apenas um pequeno teaser, mas apesar de mesmo nessa altura decepcionar um pouco nas modelações, tinha argumentos suficiente para aguçar o apetite, fazer desejar por mais, e ansiar-se um Halo com qualidade next gen. Daí que a expectativa de ir finalmente ver o jogo em acção foi algo que me entusiasmou.

Mas quando se começa a ver o jogo… algo imediatamente me deixou de pé atrás.

Deixem-me dizer desde já que o que vou escrever a seguir é algo que escrevo com grande pesar. Quem me acompanha sabe perfeitamente que Halo é dos meus Franchisings favoritos. Comprei todas as consolas da Microsoft por causa deste jogo. Sempre o adorei, e considero-o um marco na história dos videojogos.

Daí que o que vou escrever de seguida doi-me no coração. É o ver um Franchising adorado a decair para algo que está a ser alvo de gozo por toda a internet. E não é certamente por culpa do hardware em que o jogo vai correr, mas sim de políticas miseráveis da Microsoft que pretendem criar um jogo multi plataforma, que seja explorado ao longo de 10 anos, que se adapte à rentabilidade de um Gamepass, e que seja fácil de optimizar para um XCloud.

E o resultado é miserável.

Acima de tudo recordo que estamos a falar de uma nova geração. E de um jogo que corre numa consola de 12.15 Tflops. Daí que não venham com desculpas de 4K ou de 60 fps. O star Wars Battlefront II corre a 60 fps e alcança os 4K (apesar que nem sempre) na Xbox One X. E visualmente é deslumbrante.

Aqui falamos de uma nova geração, de uma consola que tem em Tflops o dobro da Xbox One X, e isto ignorando que o RDNA traz ganhos de 40% de performance face ao Vega e que o Vega já tem ganhos de performance face ao GCN 1.1 que serve de base às consolas de actual geração.

Daí que sendo Halo o porta estandarte da Microsoft, o seu Porta Aviões, e estando o jogo a ter uma equipa First Party dedicada à sua produção, esperava uma revolução. Algo que, no mínimo, igualasse o que de melhor se faz na actual geração.

Mas se as cutscenes no interior da nave já por si não eram nada de extraordinário face ao que de melhor vimos na PS4,  com modelações longe do que de melhor se faz, e uma qualidade gráfica que, muito honestamente, me pareceu inferior à que foi mostrada na preview wm 2018, quando as portas da nave se abrem e o Gameplay arranca a decepção foi total…

Mas que raio estava eu a ver?

Texturas de baixa definição, popins, cenários quadrados, falta de detalhe, ausência de sombras, efeitos com qualidade miserável, e um uso intenso de algo que se supõem ser VRS dada a sua implicação na resolução. Enfim, custava a acreditar no que via pois Halo já teve melhor aspecto… na Xbox 360!.

A decepção foi total. Era aquilo um Halo em 12 Tflops? Porque raio o que estava a ver era pior visualmente do que as versões anteriores do jogo?

Vejam esta comparação entre Halo 4 e Halo Infinite…

Por incrível que possa parecer, esta comparação nem deveria existir. De um lado temos um jogo originalmente concebido para a Xbox 360, pensado para correr em 240 Gflops e 512 MB de RAM contra um jogo que, segundo a Microsoft afirma, foi pensado de raiz para correr na poderosa Xbox série X, com 16 GB e 12,15 Tflops.

Mas reparem na diferença de qualidade. Logo nos primeiro minutos há algo que salta à vista. A vegetação de Halo 4 é mais pormenorizada, e o motor do carro… Mas que raio faz agora um motor de automóvel de rally num Jipe? Aquilo não é um som de um 4×4. Nem de longe, nem de perto! Ouçam a diferença no som do motor entre os dois jogos!

Mas as diferenças não se ficam por aqui, pois em todo o seu global,  o jogo criado para a Xbox 360 bate claramente o que está a servir de promoção à Xbox série X.

Os gráficos que ali temos são… pura e simplesmente banais… quase que regressivos 20 anos. A qualidade gráfica é clarament pior que a de Halo 4, os cenários possuem geometria basicamente quadradas, a qualidade das texturas é execrável, com baixa resolução.

Quando Halo 2 nos deu os Tartarus, que na versão Aniversary tinham este aspecto:

E mais tarde tivemos os Atriox, que em Halo Wars 2 tinham este aspecto:

Porque raio temos agora um modelo retrógrado de baixa qualidade que é uma mistura do Thanos com as barbas do Jason Ronald,?

Confesso que com 12 Tflops, 50 vezes mais, sem contar com os ganhos de arquitectura da XBox 360, e perante o que a PS4 nos mostrou em jogos como Uncharted, God of Warm Tlou, Ghost of Tshushima e outros, o que esperava era uma melhoria do anterior. Algo como isto:

Repare-se só nisto. E vou repetir a imagem:

O arqui-inimigo de Halo Infinite e que terá tido maior tempo de atenção e pormenor.

Um mero caranguejo num jogo da concorrência:

Mas nunca algo que parece ter recuado quase 20 anos no tempo. E recorde-se que estamos a falar de algo in-engine, nem sequer é in-game, num jogo que é referido textualmente como tendo sido criado de raiz para a Xbox série X.

Porque quando passamos para ingame… O que temos é isto:

Geometria execrável, vegetação patética, texturas de baixa resolução, ausência de sombras nas personagens, ausência de self shading, cenários mortos (as arvores não abanam, a relva não interage com as personagens, o fogo não faz nada aos cenários ou à vegetação, etc). Enfim, podia continuar. O jogo parece basicamente vindo da Xbox Original mas com maior resolução.

Resolução que, diga-se, nem sequer era 4K nativa. Algo que a Microsoft deixa claro quando refere que o jogo corre numa resolução “up to 4K” ou até 4K, e que era tremendamente visível no uso de uma técnica qualquer que fazia a resolução variar numa mesma cena: Repare-se então no efeito, com indicação daquilo que se acredita estar em uso, justificando as diferentes resoluções e qualidade nas texturas.:

 

Refira-se que há quem refira que estamos perante o efeito do VRS, que efectivamente come a qualidade das texturas, e pode reduzir a resolução do cenário trabalhado, mas quem refere isso tambem indica que se trata de VRS 3×3 (e realmente parece algo 3×3, apesar que actualmente nenhum hardware o suporta, ressalvando que a Xbox indica um VRS patenteado exclusivo que pode ser 3×3). Nesse sentido, sem sabermos ao certo o que temos ali, a realidade é que tal é irrelevante, e o que interessa é que o efeito é execrável, tornando as texturas piores do que as usadas na era da Xbox 360/PS3.

Reparem o que se fazia na PS3, a nível de texturas, e o que se tem agora neste jogo:

Resumidamente, o que vi neste jogo foi uma mera vestimenta de Halo num jogo que de Halo, e da qualidade a que Halo nos habituou, tinha pouco ou nada. Tudo estava mal implementado, com uma qualidade questionável, e para além de deixar o nome de Halo na lama, está longe de mostrar o que vale a consola da Microsoft.

E que fique bem claro… isto não é falta de capacidade do hardware. É mesmo incompetência. E se a build mostrada tem sete meses, e o jogo está melhor do que isto, maior é a incompetência uma vez que estamos a basicamente 4 meses do lançamento das consolas, e o que é apresentado aqui é o que vai promover ou afundar as vendas.

Refere-se que uma das causas dos problema é o motor. Ao que parece a apresentação de 2018 corria no Unreal Engine, mas o jogo mudou para um novo motor, o Slipspace.

Porque motivo temos esta mudança tão em cima da hora? Será que o que se passou com Crackdown 3 não foi lição suficiente? Parece que não!

Claramente, e para tristeza de quem gostava deste jogo, o porta aviões da Microsoft foi massacrado. Tornou-se num mero bote de borracha. É uma ferramenta destinada a promover… O Gamepass, o Xcloud, e a tentar extrair dinheiro ao ser um jogo como serviço para os próximos 10 anos.

E consequentemente a qualidade está ao nível disso mesmo… de um jogo Gamepass optimizado para futuro streaming no Xcloud. A Microsoft “matou” halo… o jogo deixou de ser o porta estandarte da Xbox, um jogo apetecível, tornando-se num jogo que não é apelativo, nem para a nova geração… nem para a atual.

É triste ver isto.  Mas são decisões da Microsoft. E cada um deita-se na cama que faz! Agora é inegável que a cada intervenção da Microsoft, a Xbox torna-se menos apetecível pois as suas políticas mostram que a aposta na consola é pouca ou nenhuma, e claramente o importante são os serviços, o manter a base de utilizadores, e criar jogos para os serviços que se aguentem com o menor rendimento que daí advêm e se adaptem  as condições técnicas necessárias para o seu bom funcionamento (falo do Xcloud).

E nesse aspecto Halo foi o sacrificado por ser o nome mais sonante. Nada que não fosse previsível dentro daquilo que ao longo dos anos alertamos, que a Microsoft estava a tornar a Xbox num serviço, mas que mesmo assim surpreendente quando se vê nome mais sonante da Microsoft sacrificado na primeira fila

E dizer isto doi-me na alma, pois quando vi a XBox Série X a ser apresentada anseei por mais uma geração ao estilo da da X360, com duas marcas a lutar pela supremacia, e com jogos de qualidade, onde o cliente era quem saia a ganhar com a oferta.

Mas não… Xbox e Playstation são ofertas diferentes, e perante isto… cada vez mais distantes.

E nem a desculpa que o que estamos a ver é uma versão antiga a correr num PC apaga o que foi visto. Porque mesmo que o jogo consiga ser muito melhor, o mal está feito, e foi anunciado como sendo criado de raiz para a consolas. Daí que depois de tanta palavra, tanta aldrabice, tanta mentira, tanta promessa que não se verifica, a credibilidade da Microsoft está na lama, e mesmo que digam a verdade, as pessoas já duvidam.

E já não há websites que não falem sobre isso.

Estamos a ver 2013 novamente, mas desta vez não é o hardware que está em causa, é apenas a incompetência dos responsáveis da Microsoft que como sabemos passam a maior parte do tempo a dar entrevistas e a corrigir o que disseram antes.

Como nota final, choca ver como o Alex Battaglia da Digital Foundry, e fanboy xbox inveterado, que participava mesmo no canal discord que criava FUD contra a PS5,  tenta colocar um pano em tudo isto, fazendo um video em que tenta passar a imagem de que o problema de Halo… é a luz. E apesar de concordar que melhor luz daria uma nova vida a todo o jogo, podendo visualmente fazer uma enorme diferença, isso é apenas tocar numa parte dos muitos problemas que este jogo possui.

 Daí que quanto a isso, para além deste artigo, deixo o video que se segue. Vejam até ao fim.