Poderá o sistema anti-cópia e anti-usados da Xbox 720 ditar a derrota antecipada da consola?

Segundo se fala a nova Xbox 720 impedirá o uso de jogos usados ao implementar um sistema que requer a conexão constante à internet. Apesar de esta situação ser favorável aos criadores de software será que o público vai aceita-la?

Apesar de recentemente, e ainda antes de se saber se as novas consolas possuiriam algum sistema anti-cópia e anti-usados, a Sony patenteou um sistema que poderia acabar com o problema da pirataria, mas acabava igualmente com os usados. E essa situação gerou uma grande onda de contestação junto do público, levando o CEO da Sony a prestar declarações públicas onde se mostrava contra o término do mercado de usados.

Mas apesar de a situação pelo lado da Sony ter adormecido por aqui, sabe-se agora que a Microsoft pretende implementar um sistema semelhante na sua Xbox 720, e que terminará igualmente com os usados, forçando ainda a possuir-se uma ligação constante à internet para uso da consola.

E esta será uma situação que os produtores desejam na ânsia do término da pirataria e do lucro adicional, podendo mesmo ser decisiva no suporte inicial da consola numa tentativa de vender a mesma e a implementar no mercado. Mas claro no futuro os produtores terão de se resignar com que houver, e caso a consola não venda, o suporte transitará ara outro lado.



A questão agora é: Será que os compradores irão aceitar bem todas as limitações associadas a esta nova situação, ou será que a mesma poderá ditar à partir a derrota da Microsoft na guerra das futuras consolas?

Como sabemos o mercado, particularmente o dos videojogos, está cada vez mais agressivo, com as empresas a fazerem literalmente o que querem dos clientes. É a política do pagas, desfrutas, mas as o conteúdo é nosso e não teu, e as regras de como, quando e onde o utilizas somos nós que as ditamos. E essa é uma situação que tem forçosamente de terminar, particularmente quando o custo de um simples videojogo se revela uma fatia significativa do valor de um salário mínimo nacional.

Criar uma consola que obriga a uma ligação constante à internet significa que a mesma estará dependente do serviço de terceiros. Ou seja, para além dos já habituais problemas comuns em caso de falha do sinal internet, como a perda do serviço, e muitas vezes do telefone e da TV, ficamos agora igualmente impossibilitados de jogar seja o que for na nossa consola. E quem não tem internet deixará de poder ter uma consola, a não ser que contrate um serviço que forçosamente obriga a um pagamento mensal.

Depois colocam-se problemas adicionais. A existência de uma ligação Web por defeito irá levar à criação de serviços na cloud, à injecção automática de firmwares e actualizações e outras situações que se revelam penalizadoras num factor: O tráfego web!

É que nem todos poderão pagar 60 euros por uma ligação 100 Mbits sem limites de tráfego, e muitos possuem ligações de 1, 2 ou 4 Mbits com limites de tráfego relativamente baixos. São ligações úteis e funcionais, mas que poderão revelar-se incapazes de ligar com os serviços que poderão vir a estar associados à consola.

Independentemente do que a Microsoft possa alegar, esta situação não irá agradar a milhares ou mesmo milhões de pessoas, que a optarem por uma consola poderão ter este factor em consideração, optando por outra consola que ofereça os mesmos serviços, mas sem forçar ao uso da Web para funcionar nas suas operações mais básicas, como o jogar.



Mas esta situação revela-se penalizadora em outros sentidos. O final dos jogos usados levará a que as lojas de videojogos percam grande parte do seu negócio e se possam mesmo tornar inviáveis. Pelo conhecimento de mercado que possuo tenho alguma noção que não é na venda de videojogos novos com margens de lucro reduzidas e esticadas, e onde são feitas promoções a grandes superfícies que tornam a venda dos videojogos quase desonestas a nível de concorrência, com as pequenas lojas, mesmo cortando a sua margem de lucro na totalidade, a não conseguirem preços concorrênciais.

Ou seja, este tipo de situação levará ao fecho das lojas locais de videojogos, forçando o deslocar a grandes superfícies para a aquisição de videojogos. Uma situação que levará ao término do comercio local, favorecendo os grandes grupos económicos, e perdendo-se o contacto e o atendimento personalizado que estas lojas oferecem. Mas este será apenas o primeiro passo para o objectivo final, a venda totalmente digital destes produtos, e onde o cliente, uma vez fechados os servidores e os serviços associados a uma consola, em vez de ficar com uma colecção de videojogos que poderá reviver quando bem entender, apenas fica com um monte de circuitos electrónicos que poderá ser denominado de… lixo.

Da mesma forma os empréstimos de jogos a amigos, a aquisição de jogos antigos a preços acessíveis, e a venda dos jogos que já terminamos e já não nos interessam, recebendo uma ajuda para a compra de novos, terminará. É uma situação que, mais do que nunca incentiva à pirataria e à burla, mas que será acompanhada da nova legislação europeia com penas pesadas para os infractores  É o forçar de um sistema que não é favorável ao cliente e que o cliente não quer verdadeiramente, mas que aos poucos, ao não reagir contra ele, vai vendo impingido.

A decisão sobre a compra da consola A ou B será sempre do consumidor. E isso é algo contra o qual as empresas nada podem fazer. Assumir posturas que levam o cliente a restrições, despesas, e perdas de direitos, não é a posição ideal para se implementar um produto. E caso a Sony não vá por idêntico caminho a alternativa parece bem superior. Afinal não interessa apenas saber se o jogo A ou B possui mais um pixel no ecrã na consola A ou consola B. É uma questão de direitos e dignidade do consumidor, e este tem de lutar pelos seus direitos não podendo caminhar para a “escravidão” forçada pelo mercado.

Parece-nos assim que com esta medida, e caso a Sony não opte por medidas idênticas, a Xbox 720 poderá estar condenada à partida. E vocês o que acham?





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