As bacoradas da nova geração até ao momento

Felizmente para a Sony, esta tem estado calada, pelo que as actuais bacoradas se tem limitado à Microsoft.

Diz uma frase popular que “quem muito fala, diz disparates, e quem não fala… é um senhor”. E ela aplica-se aqui que nem uma luva.

Sempre que há um inicio de uma geração, as chamadas bacoradas de Marketing tornam-se comuns. Elas existiram sempre e vão continuar a existir.

Actualmente a diferença que temos é que a Sony não tem falado sobre a sua consola. E assim sendo, quem não fala, não diz disparates. Mas sosseguem, haverá muito tempo ainda para ela ter a sua oportunidade de se enterrar. No entanto diga-se que comparando o tempo que a Microsoft fala com o que a Sony fala, que será algo como de três em três meses comparado com quase todos os dias, as probabilidades de se dizer asneiras são bem maiores na Microsoft.

A realidade é que actualmente as bacoradas existentes são todas da Microsoft. E vamos aqui abordar duas situações onde a Microsoft diz uma coisa… e depois o que se vê não é isso e há que se “clarificar” a situação.



  • Os 60 prometidos FPS

A Microsoft apresentou um novo logótipo. O optimizado para a série X:

E logo após a apresentação deste logótipo, AAron Greenberg, chefe da secção de Marketing da Xbox veio para o Twitter referir que 60 fps será o output standard da consola, com a possibilidade de haver suporte até 120 fps.

E isto não era nenhuma novidade. num de muitos possíveis exemplos, o Marketing no site oficial da Xbox série X sugere o mesmo:

Suporte 120 fps: Com suporte até 120 fps, a Xbox série X permite aos criadores exceder o standard de output de 60 fps, em favor de realismo acrescido ou acção mais rápida.

Ambas as frases dão a entender um standard de 60 fps que existirá na Xbox série X. A frase de Greenberg é mais assertiva, mas a do website fala igualmente num output standard de 60 fps.



Mas a aumentar ainda mais a confusão temos o seguinte. A seguinte frase e imagem publicitária da Microsoft:

O que há aqui que chame a atenção?

A frase por baixo do título e ao lado do logótipo de optimizado para a Xbox série X. e que refere

Jogos criados usando o kit de desenvolvimento da Xbox série X estão desenhados para tirar vantagem das capacidades únicdas da Xbox série X. Irão mostrar tempos de carga sem paralelo, visuais, resposta e fotogramas até aos 120 fps.

Repare-se que na imagem há uma foto de Assassins Creed Valhalla.



Ora o que se veio a saber? Que Valhalla, na realidade, correrá a 30 fps em todas as plataformas.

E após tantas afirmações de que 60 fps seria um standard, algo que os fans já tomavam como certo, Tom Warren, Editor sénior da revista Verge, viu-se obrigado a questionar Aaron Greenberg sobre o assunto.

A resposta de Aaron Greenberg contradiz tudo o que tinha sido dito. Quando da sua própria boca era confirmado que 60 fps seriam um standard, agora 60 fps não só não é um standard ou sequer um mandado.

E esta hein?



  • A optimização Xbox série X

O que quer dizer o logótipo que refere a optimização para a série X.

Na boca de Aaron Greenberg:

Este logótipo é como magia de próxima geração. A fasquia está alta para um jogo ser optimizado para a série X. É algo que vai mais além dos 4K… Espero que todos estejam prontos para um excitante futuro de jogos de consola.

Mas depois, durante o último Inside Xbox, que começava com o logótipo em pleno ecrã acompanhado do texto: “Todos os jogos que se seguem são Optimizados Xbox Série X”.

E o que foi apresentado como optimizado Xbox série X continha isto:



  • O conceito de gerações e toda uma geração de conceitos e promessas

A actual geração foi uma geração de mudança para a Xbox. Tal foi obtido à custa de muito tempo com uma Xbox sem rumo definido, mas no final tudo acabou por se conjugar numa série de conceitos que Phil Spencer defendeu.

Vamos expô-los aqui:

Em 2016 a Microsoft dava a conhecer ao mundo uma nova consola. A Xbox One X!

As suas especificações eram de tal forma elevadas face à consola base que, olhando friamente para o que ela oferecia, ela podia ser considerada um salto geracional. Não só a consola alcançava os 4K quando a One por vezes ainda lutava para sair dos 720p, como tinha 4 GB de RAM a mais que seriam usados para texturas de alta definição, criando ainda maior disparidade entre as consolas (algo que felizmente só foi usado de forma muito limitada, mantendo-se assim a paridade, mas tornando este 4 GB numa mera peça de decoração)



Daí que nesse sentido, quando a consola foi apresentada, Phil Spencer apressou-se a introduzir um conceito para as suas consolas. O conceito de “Beyond Generations”.

Basicamente para Phil as gerações acabavam com a Xbox One. Daqui para a frente o que existiria seria uma plataforma, uma família de aparelhos que seriam todos eles suportados da mesma forma, e todos eles compatíveis entre si, e partilhando o mesmo código de jogo. Basicamente o conceito que existe no PC, onde os jogos re-escalam em hardware diverso.

Esta conceito realmente existiu, e foi ele que esteve na base da decisão de a Xbox série X não ter qualquer tipo de exclusivo no seu lançamento, e não se prever nenhum antes de finais de 2021 ou até mais tarde.

Este conceito foi executado de forma mais extensa. Os exclusivos da consola desapareceram, e todos eles passaram para o PC, que passou assim a ser igualmente parte da plataforma XBox, e um membro da família.

É nesse contexto que surge o conceito da Xcloud. A Microsoft tem plena consciência que não poderá manter o suporte às consolas mais antigas para sempre, e que mais cedo ou mais tarde, as terá de largar. Daí que este sistema de streaming não só permitirá que essas consolas nunca sejam abandonadas, como ainda permite expandir a plataforma Xbox a outros sistemas, nomeadamente dispositivos móveis.



Há assim aqui todo um plano para não só acabar com as gerações, mas igualmente tornar o hardware irrelevante. Ao ponto de Phil Spencer, de forma aberta e clara dizer que não se importa se compram um jogo na Xbox ou noutra plataforma qualquer. Desde que o jogo seja distribuído por eles. Para ele, o negócio não está na venda de consolas, mas sim nos serviços e jogos. Aliás ele refere claramente que Sony e Nintendo nem sequer serão as suas concorrentes directas no futuro, que passarão a ser a Apple e a Google.

Já a postura da Sony foi radicalmente diferente. Quando anunciou a PS4 PRO, a Sony comunicou que a Pro não existia para criar diferenças face à PS4. Ela apenas servir para fornecer melhores resoluções a quem tinha televisões 4K, mas a consola estava impedida por políticas de fornecer elementos que não existissem ou fossem diferentes dos da consola base. Algo bem diferente do que a Microsoft pretendia quando inseriu os 4 GB adicionais (mas que depois raramente se usou, seguindo o conceito da Sony).

Da mesma forma a Sony deixou imediatamente bem claro que isto não significava de forma alguma o fim das gerações, dando a entender que acreditava nelas como sempre existiram. Algo bem contrastante com a política da Microsoft da família de aparelhos todos eles suportados.

Ora três anos depois surge uma nova consola. A Microsoft aplica as suas políticas de família de aparelhos, e promete suporte a todas as consolas. A Sony faz igualmente o que sempre disse, e refere que a PS5 terá suporte exclusivo.

Perante isto muitos fans da Xbox queixam-se. Vão comprar uma consola nova e o que vão ter vai ser apenas jogos da geração anterior melhorados. Já a Sony não tem esse problema, e pode fornecer jogos com suporte total à sua consola. E estas queixas e receios de ficarem para trás, inundam os fóruns.



E o que vemos? Uma resposta curiosa de Aaron Greenberg:

Basicamente Aaron, numa tentativa de serenar os ânimos e de ver as pessoas a reagirem com as consolas, esperando das consolas aquilo que as consolas sempre lhes deram e não as novidades que a Microsoft quer introduzir, entra numa de demagogia. E tal como uma certa personagem religiosa o fez em tempos, nega o seu patrão.

Agora, segundo ele, a Microsoft já acredita em gerações, e o Hardware já é relevante.

Ou seja, exactamente o contrário do que Phil Spencer vem a defender à anos! E porque? Porque a Microsoft apostou forte numa nova consola, e as pessoas estão desgostosas com políticas que acabam por não lhes dar o que elas querem. E com uma apresentação da Sony à porta que pode mostrar exclusivos de nova geração, há que controlar danos.



O mais engraçado é que há quem venha com paleios que esta situação é pró-consumidor… Ou seja, há quem ache que uma pessoa comprar uma nova consola, com um hardware que esmaga as anteriores e não poder tirar total partido dela é algo que é bom para o consumidor.

Basicamente quem diz isto é certamente alguém que não está a pensar comprar a nova consola, e o que quer é manter a que tem! Alguém que está a olhar para o seu umbigo, e não para o quadro global. Porque a situação que a Microsoft está a criar não pode nunca ser vista como pro ou anti consumidor. Primeiro porque as gerações nunca foram algo anti consumidor, e segundo porque mesmo que essa perspectiva existisse, este suporte de ponta a ponta cria uma situação de dualidade onde não é possível agradar ambos os extremos.

O engraçado é que nos nossos comentários houve até quem já referisse uma data para o fim desta situação. Algo que a acontecer (e cremos que efectivamente isso é inevitável) só tem como deixar mal a Microsoft! Mais uma vez as suas frases e ideologias caem em saco roto, e a Microsoft acaba a seguir o caminho da Sony. A questão é que o vai fazer tardiamente. Para adiar o inevitável, que é o abandono da geração anterior, a Microsoft vai fazer com que quem compre uma série X esteja limitado no uso da sua consola por pelo menos 1 ano. Algo que caso haja uma nova consola de meio de geração daqui a três anos, é um terço da sua vida como a melhor oferta da marca.

Agora não julguem que AAron Greenberg esteve alheio a tudo o que se passa. Ele é o líder dos estúdios Xbox! As decisões de não haverem exclusivos e de os os jogos em que as equipas estão a trabalhar serem AA para alimentar o Gamepass são suas também.

Porque fazendo futurologia, essa será a próxima queixa. A falta de jogos AAA 1005 de nova geração. Algo que certamente, na devida altura, será acompanhado de um novo tweet em que Aaron vai afirmar o comprometimento da Microsoft face a esses jogos.



Isto já não é novo. Aconteceu nesta geração quando a Microsoft veio referir que os jogos single player estavam mortos e que os multi eram o futuro. Mas quando a Sony vendeu toneladas de jogos Single Player, conseguido graças a eles uma posição de destaque em vendas, a Microsoft já veio mostrar o seu comprometimento com esses jogos.

E assim vai o mundo das consolas…

 



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