Como a PS5 pode mudar o futuro dos videojogos.

Aqui iremos falar sobre como um SSD pode mudar a face dos jogos.

O SSD da PS5 e a mudança de paradigma que pode trazer aos videojogos.

Quem já usa PCs à uns anos deve-se recordar do Windows Experience Index, uma medida do windows de avaliar a performance do sistema.

Eis um exemplo de uma medição:

Como vemos cada um dos elementos do sistema é avaliado. Temos um excelente processador, excelente memória, uma placa gráfica de valor médio alto, mas que é extraordinária para os requerimentos de trabalho de secretária, e um disco relativamente mediano.



A média do sistema… é igualmente mediana… E se bem se recordam esta valor é sempre, mas sempre, igual ao valor obtido pelo elemento mais fraco do sistema.

Basicamente um sistema vale pelo seu todo. E é sempre o elemento mais fraco que vai ditar as performances globais do sistema. Se o CPU é fraco, o resto ser excelente de nada vai valer. Se o GPU é fraco e o resto excelente é a mesma coisa. E se o disco é fraco, e o resto excelente é também o mesmo.

Resumidamente, a peça que dita gargalos ao sistema é a peça que o vai limitar. A máquina pode ser excelente numa coisa, mas não prestar para outra. E isto é tão simples quanto isso!

Ora o que tem acontecido ao longo dos anos nos videojogos é a criação de motores que superem estes limites. E como o fazem? Muito simplesmente explorando ao máximo as partes melhores do sistema, mas limitando os jogos naquilo que é imposto pelas componentes mais fracas.

A realidade é que a evolução nos CPUs e GPUs tem sido muito grande, mas a dos discos rígidos não. E quando a maior parte das máquinas vendidas possui discos ainda lentos ou SSDs de baixo custo, os limites criados pelo disco não são de forma alguma superados. Aliás os SSD ainda não são sequer um standard.

A piorar a coisa, se um menor CPU pode ser superado com quebras de FPS, e se um menor GPU pode ser superado com cortes na resolução ou nível de detalhe, um menor disco rígido não pode ser superado. Se um disco estiver responsável pela velocidade de deslocação no mundo, pela colocação de geometria, pela colocação de texturas ou outras situação, a ausência de performance iria pura e simplesmente fazer com que o disco fosse incapaz, tornando o jogo injogável. E com um mercado SSD relativamente reduzido e com performances tão variáveis derivadas de milhares de modelos, apesar de já ter podido existir algum avanço na melhoria dos motores dos jogos para explorar discos mais rápidos, a mesma esteve basicamente estagnada, até porque a evolução no CPU e GPU tem dado bastante com que as pessoas se entretenham.



Mas eis que os SSD chegam às consolas. E eis que uma delas quebra as barreiras e apresenta um SSD mais rápido do que tudo o que existe no mercado.

Se o SSD da Xbox série X é algo da gama média alta, o da PS5 é inquantificável pela escala existente. É pura e simplesmente superior a tudo o que existe actualmente no mercado, definindo novos patamares.

Mas mais importante do que isso, é algo que vai ser standard numa plataforma de sucesso, e suportada por diversas equipas de produção de jogos de nível mundial. Esta situação vai permitir que os jogos ali produzidos quebrem barreiras que até ao momento eram impossíveis de serem quebradas. Determinados limites pura e simplesmente desaparecem.

Um exemplo referido por Cerny é que com a velocidade do disco da PS4 a consola era obrigada a ter na memória dados para gerir pelo menos 30 segundos de todas as combinações possíveis de movimentos da personagem, de forma a dar tempo ao disco de poder ler e ir fornecendo novos dados. Infelizmente, igualmente por motivos de velocidade, os dados fornecidos teriam de ser limitados em conteúdo, e basicamente repetições de geometrias que tinham igualmente de estar na RAM, que eram depois dispostas no mapa. Pelo seu consumo de RAM esta geometria tinha de ser simples, sem grandes resoluções de detalhe.

Basicamente, pelas suas limitaçõe, o disco fornecia apenas apontadores novos para o mundo que depois a memória preenchia com aquilo que lhe era possível armazenar. E alterar isto obriga a passagens em túneis ou elevadores que dêem tempo ao disco de fornecer nova geometria e texturas.



Mas com este SSD, os 16 GB não precisam de conter nada disso. Na realidade a memória só precisa de ter 1 segundo de combinações possíveis de movimento, dado que o SSD é capaz de responder imediatamente. Ora isto não só liberta memória como, mais do que isso, o mundo não precisa de geometrias repetidas e sem sabor. O SSD é capaz de colocar 2 GB de informação no GPU em 0.27 segundos. É alias capaz de trocar a memória toda do GPU em apenas 2 segundos.

Esta situação vai permitir uma liberdade até agora inimaginável. Algo que a Xbox série X pode igualmente fazer com o seu disco, mas apenas num nível muito mais reduzido uma vez que o seu disco opera basicamente a metade da velocidade do da PS5, sendo previsível que tenha latências superiores, pelo facto de o SSD estar ligado ao sistema por 4 pistas PCI E 4.0, ao passo que a PS5 usa 12 pistas para a mesma coisa (daí o disco da PS5 ser completamente integrado no sistema). A piorar as coisas para o lado da Xbox série X temos o suporte aberto e declarado ao PC, com o lançamento dos exclusivos nesta plataforma. Uma plataforma que não tem o SSD como standard, e que mesmo que o tenha muito certamente não alcança na maior parte dos casos as performances da série X, o que levará a que o seu suporte pleno seja questionável.

Este tipo de ajuda que o SSD da PS5 pode dar, não só permitirá a criação de mundos até agora impossíveis, como será um tremendo auxilio na performance global. Geometria pré rendida pode ser metida no mundo em tempo útil e em grande quantidade, poupando assim processamento ao GPU. O mesmo pode ser dito de luzes e de texturas de alta definição. O leque de possibilidades é tão grande que há mesmo quem questione se este SSD não pode acabar por virar a maré a favor da PS5 a nível de performances. Afinal, tal como começamos esta parte, a performance do sistema é ditada pelo elemento mais lento, e aqui não está em causa uma comparação de GPUs em jogos clássicos com os motores actuais, onde a Xbox série X terá sempre vantagem por ser mais potente, mas sim na revolução criada por jogos de nova geração com novas tecnologias que não se apoiam apenas no aumento da resolução e melhoria do grafismo, mas tiram partido do que o SSD pode trazer como auxiliar ao processamento e inovação, bem como potenciador de melhorias das performances do sistema como um todo.



Resumidamente, o SSD da PS5 pode trazer uma inovação que o mercado anda a adiar à quase 20 anos: Modificar os conceitos de jogos, os limites existentes, criar novas liberdades e novas formas de se jogar e mesmo de se trabalhar o grafismo.

Basicamente há uma enormidade de potencialidades que se abrem e que advêm do facto que a consola como sistema completo, e não como um conjunto de partes, melhora a sua capacidade de processamento, garantindo que performance máxima é atingida mais vezes.



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