Deputado Brasileiro quer meter na prisão quem alugar ou vender jogos violentos.

O mundo está um pouco deturpado. Mas tanto é exagerado quem defende um dos lados, como quem defende o outro. E um deputado Brasileiro quer meter na prisão quem contribuir para a distribuição de jogos violentos.

Chama-se Júnio Bozzella, é deputado federal júnior pelo PSL-SP e apresentou um novo projecto lei que pretende criminalizar o desenvolvimento, a importação, a venda, a cessão, o empréstimo, a disponibilização ou o aluguer de aplicativos ou jogos electrónicos com conteúdo que incite a violência.

As penas propostas são prisão de 3 a seis meses, ou multa, sendo que caso a internet ou outros meios de comunicação de massas estiverem envolvidas no processo, a pena seria triplicada.

A pena alcançaria quem, “por conta própria ou alheia, desenvolve, importa, vende, cede, empresta, disponibiliza ou aluga aplicativos ou jogos electrónicos que incitem a violência e o crime”. E mais do que isso “O provedor de aplicações de internet que disponibilize jogos electrónicos com conteúdo que incite a violência será responsabilizado pelo crime de “incitação ao crime”, se deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a disponibilização desse conteúdo.

Apesar de até elogiar que haja quem avance com medidas que, soando a excessivas, se propõem fazer algo para controlar uma sociedade claramente fora de controlo, o que acho piada no meio de tudo isto é que se continuem a arranjar bodes expiatórios para os problemas não se indo à raiz dos mesmos. Os jogos não são responsáveis pela violência! O que cria a violência é a falta de policiamento, de fiscalização, o mau funcionamento da justiça, as prisões super populadas, as penas suspensas, e toda uma série de situações que criam nas pessoas a sensação que se pode fazer tudo e mais alguma coisa de forma impune. O facto de as pessoas confundirem liberdade com libertinagem não ajuda, e a sociedade e o poder político, pelo politicamemte correcto e receio de desagrado, não faz nada para corrigir isso. Mas acima de tudo o que permite e cria violento é a venda de armas sem controlo, o acesso indevido pela falta de registos das mesmas, etc.



Concordo que a violência nos videojogos deve se regrada, e o “gore” deve ser eliminado. Os videojogos não tem que mostrar cenas de violência explícita, e nesse aspecto até tenho sido bastante crítico com The Last of Us 2, e as suas cutscenes que nada introduzem de realmente produtivo. Mas jogo há mais de 40 anos, e mesmo quando tenho de matar uma mosca, penso duas vezes!

O grande problema da sociedade é o seu estado geral, o facto de a vida estar difícil, de a economia estar vertida aos grandes interesses, à corrupção nas cúpulas do poder, aos desvios de dinheiros dos contribuintes que podiam melhorar a vida de todos, prejudicando os estratos sociais mais baixos. Tudo isso leva a que as pessoas se tornem mais violentas. E isso sim é o real problema.

Aliás pior que os videojogos é o cinema. É raro actualmente um filme que, graças aos efeitos especiais, não seja explicito nas cenas de violência. Daí que, muito sinceramente, antes de atacar uns bonecos criados por polígonos em sistemas de baixa performance, creio que a se atuar nestes campos, de deveria ir por aí primeiro.

Os jogos electrónicos violentos são efectivamente algo que deve ser regulamentado. Não banido, não penalizado, mas regulamentado. O grande problema por detrás dos jogos é que eles já são regulamentados, mas a falta de fiscalização faz com que os rating de idade não sejam cumpridos, e jogos como GTA, para maiores de 18, são vendidos a qualquer um. Diga-se aliás que já vi lojas responsáveis como a Best Games a não venderem jogos a menores, mas também já vi nessas mesmas lojas, pais a irem comprar o GTA para os filhos, e quando alertados para a idade do jogo, eles o levarem na mesma. E sendo o adulto quem paga, o que se pode fazer?

Agora o que não parece correcto é uma pena de cadeia para quem distribui um jogo… Por amor de Deus, um jogo não mata, o que mata são as armas! Alguma vez alguém falou em penas de prisão aos comerciantes de armas?

Um jogo… é virtual… Não há armas, há controladores e botões! Não há pessoas, há avatares, mesmo que foto realistas no ecrã. A personagem principal tem energia, e recupera com o tempo quando é alvejada. De realista os jogos possuem quando muito o grafismo!



Daí que Senhores deputados… posso perceber a boa vontade por detrás da coisa, mas vamos com calma, com bom senso! Eu compreendo que a intenção é boa, mas tambem é radical, e o radicalismo nunca resolveu nada, especialmente quando, como parece ser o caso aqui, o alvo a abater não parece ser o prioritário.

Vamos começar por acabar com a corrupção, o compadrio, as cedências aos grandes interesses económicos. Vamos criar melhores condições de vida, melhor distribuição de riqueza, maior eficiencia dos serviços de fiscalização e policiamento, e verão como depois disso falar em banir videojogos deixa de fazer sentido.

 



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