Não, não é coerente que a PlayStation se vá tornar multiplataforma

Apesar do desejo de muitos, especialmente os ligados à Xbox que não fazem agora outra coisa senão desejar que a Sony siga os passos da Microsoft, para acreditarem que a Microsoft está no caminho certo, a coerência diz que a Sony não se vai tornar multiplataforma.

Um anúncio de emprego da Sony levantou entre os fans da Xbox um sururu enorme, ao ponto de estes tudo fazerem para que se acredite que a Sony está a seguir os passos da Microsoft.

Mas na realidade isso não está a acontecer.

Apesar de as pessoas tentarem subverter a realidade das coisas, não podemos esquecer os motivos pelos quais a Microsoft está a lançar os seus jogos na PlayStation. E o motivo é simples, devido ao hábito de ofertas criado, e baixo custo do Gamepass, eles não vendem na Xbox, e como tal, as receitas imediatas, necessárias para pagar as contas e investir em novos jogos, não aparecem. E isto é o que obriga a se explorar plataformas onde as vendas sejam grandes, e existam.

Ora acreditar que aa Sony está disposta a destruir a sua marca, de total sucesso, para conseguir uns trocos numa Xbox que não vende jogos, só pode ser visto como um caso sério de falta de coerência.



O mercado Xbox não existe! O mercado PlayStation é quem tem dado lucros à Microsoft. E a Sony vai abdicar dos seus jogos para destruir o seu grande mercado para uns trocos num outro moribundo? Desculpem se não partilho dessa opinião, pois não tenho o habito de comer gelados com a testa ao aceitar como normal aquilo que soa a anormal..

É certo que há muitas empresas que vivem da criação e venda de videojogos., mas a Sony não é uma delas. Olhem para o relatório e contas de 2024. A Sony apresentou resultados recorde sem sequer lançar um único jogo. E isto por um único motivo: Porque tem uma plataforma saudável, onde vende e as royalties do que lá vende, caem na conta, quer a Sony produza, quer não!

Alguns dirão que atualmente as marcas já perceberam que as pessoas não mudam de plataforma. Que se a Sony lançasse em outras plataformas, as pessoas não saíram desde que os jogos continuassem a sair na PlayStation.

Será?

Bem, se isso é verdade então certamente, perante o lançamento dos jogos Microsoft no PC e Playstation, poderemos olhar para XBox e ver uma consola próspera e dinâmica. Uma Xbox forte e com um futuro seguro! Mas eu olho e vejo uma Xbox morta, onde o futuro é o lançamento de consolas PC, e os seus possuidores a mudarem para PC ou Playstation. Vejo uma consola a cair entre 20 a 40% nas vendas a cada novo relatório que sai. Daí que desculpem se não partilho dessas opiniões, mas os números não mostram isso.

Aliás questiono: É isto o grande futuro da Xbox? Após 18 anos no mercado das consolas, vindos do PC, depois de mais de 150 biliões em investimento, regressar à estaca zero a criar jogos para o PC de onde saíram? Oh que bom investimento. Criar e perder uma plataforma para apostar agora num mercado onde a marca Xbox não é mais do que um logotipo numa caixa de um PC. É esse o grande futuro?



Ah mas a Microsoft está agora a ter receitas de 21 biliões. Sim, após ter gasto mais de 150 biliões neste anos todos com uma Xbox, após ter destruído a consola, e após se ter tornado no maior produtor do mundo e começar a vender os seus jogos nas consolas rivais. Mas mesmo assim, a pequena Sony ainda consegue receitas superiores e em anos onde não produz um único jogo, algo do qual a Microsoft agora está dependente para ter sucesso pois a sua plataforma está moribunda.

Daí que questiono: Mas em que terra é que uma Sony, agora sem real concorrência no mercado consolas, pode achar interessante voltar a concorrer diretamente com a Microsoft, num sistema operativo da Microsoft (Windows), ou numa consola Microsoft, destruindo o interesse na sua consola ao lançar jogos em outras plataformas, e teria um futuro brilhante?

Eu vou ser claro aqui uma coisa: A grande diferença entre um produtor de jogos detentor de uma plataforma e um produtor de jogos sem uma plataforma, sabem qual é? São os chamados “cagufes”!

Para quem não é Português, cagufes significa medinho. Medinho de um flop de vendas! Porque um produtor somente de jogos precisa de rentabilizar o que produz pois essa é a sua única fonte de receita. E como tal precisa dos sucessos, ou vai ver o seu investimento tornar-se prejuízo sem hipótese de o recuperar que não seja esperar que o próximo jogo não siga o mesmo caminho.

Já um detentor de uma plataforma vai ter igual prejuízo se o seu jogo não vender! Mas o certo é que as suas as contas não ficam em causa. Porque o sucesso dos outros na sua plataforma dá-lhes 30% de toda a receita que for gerada. E como já referi este ano de 2024 rendeu 33 biliões à Sony, sem que ela tenha lançado um jogo que seja. Experimentem colocar uma EA ou outra a ter estes lucros sem lançar jogos! Num ano sem lançamentos, se uma empresa destas tem alguma coisa é devido à venda residual de jogos já lançados anteriormente, de DLCs, Micro transações e outras! Coisas que alguns podem até gostar muito de pagar, mas que estão a destruir os videojogos.



Basicamente isto tudo para dizer que colocar em causa a plataforma é uma medida desesperada de último recurso. Uma que a Microsoft tomou após anos e anos de más decisões e gestão. Mas que a Sony com uma PS4 que foi a geração mais lucrativa de sempre e uma PS5 que bate recordes de receitas, não tem porque equacionar sequer. São realidades bem diferentes as que estas duas empresas atravessam, pelo que a líder seguir os passos da que atuou para se salvar, não faz sentido.

Agora vamos lá ver. Mas afinal eu argumento e argumento, e isso não é o que vemos! Agora  a Sony lança no PC e antes não lançava, lança na Xbox e antes não lançava, e lança na Switch e antes não lançava. Como raio é que eu posso argumentar o que argumento?

Argumento porque essas situações tem uma explicação bem real. E essa explicação foi dada: O custo dos AAA da Sony é absurdamente alto, e nem todos os jogos vendem ao ponto de cobrirem as despesas.  Sendo assim, perante o custo crescente, as receitas tem de aparecer: Produzir a dar prejuízo não é alternativa, pelo que o que restaria seria o corte dos custos e da qualidade. Daí que a Sony optou por estas medidas no sentido de tentar rentabilizar um pouco mais os seus jogos em outras plataformas e manter os seus fans com a qualidade a que os habituou.

Agora note-se que a Sony nunca lançou no dia 1. Há um hiato temporal, e os jogos apenas saem em outras plataformas quando financeiramente morrem na consola! Ou seja, deixam de fazer sentido como exclusivos, pois já fizeram o seu papel.

Cremos que, como qualquer um com dois dedos de testa, a Sony tem consciência da ameaça que é o PC. Uma máquina que pode ser mais cara, mas que também é melhor. E Uma máquina que, nos upgrades, ao contrário das consolas que precisam de jogos que as aproveitem, tira logo partido da performance extra. Ao contrário de uma nova consola que requer suporte direto. Um PC que atualmente tem um nível de suporte como nunca, ao ter agora os jogos Microsoft, os seus próprios jogos, e mesmo que tardiamente, os jogos PlayStation, se torna na primeira é melhor escolha, sendo a máquina que apresenta o melhor de todos os mundos.



Nós sabemos disso, e acredita-se que a Sony sabe disso. Aliás, após esta viragem da Microsoft para o PC a Sony veio recentemente anunciar que, de futuro, para proteger a sua consola, os jogos que serão lançados no PC serão muito bem ponderados. Uma situação que foi notícia pois foi dita por Hermen Hurst numa reunião com os investidores.

Aliás, quando questionado sobre o atual rumo da Microsoft Hermen respondeu:

Acreditamos que a concorrência no sector é saudável e impulsiona-nos a inovar. Existem vários participantes que, juntos, impulsionam a indústria dos jogos como um todo e, embora novos modelos de engajamento estejam a ser explorados, acreditamos que isso seja positivo. No entanto, como mencionei anteriormente, estamos confiantes e comprometidos com nossa estratégia atual, e não há necessidade urgente de uma mudança.

A mensagem é clara. A Sony vai continuar no seu rumo atual, e não planeia seguir os passos da Microsoft.

Aliás Hermen deixa mesmo claro que vai haver mais contenção nos lançamentos em outras plataformas, especialmente nos single player.

É certo que estamos sempre a explorar novas maneiras de os jogadores interagirem com as suas franquias favoritas. Mas é importante que se perceba que se estamos a pensar em levar as nossas franquias para fora das consolas, de forma a alcançar novos públicos, teremos de adoptar uma abordagem muito comedida e deliberada nesse sentido. E isto será mais notório nos jogos Single Player, onde os nossos títulos de destaque são o grande diferenciador.

Diria que para a consola Playstation, o ponto de diferenciação é que serão estes jogos que demonstrarão o desempenho e a qualidade do hardware. E nesse sentido queremos garantir que os jogadores tem a melhor experiência com esses títulos, daí que pensamos muito em como, e se levaremos esses títulos para outras plataformas.

Basicamente a Sony não vai alterar a sua atual estratégia. Ela é uma necessidade e a decisão de atuar como se atua agora não foi tomada de forma leve. Agora a ideia é que haja uma abordagem comedida. Que certamente vai incluir os GAAS, mas irá colocar restrições nos Single Player, a imagem de marca da Sony, onde a parte a vermelho mostra que nem sequer haverá certezas se passarão para o PC ou outros devido ao objetivo de se proteger a sua consola e mantê-la atrativa para o futuro.



Daí que ignorar isto apenas porque uma vaga de emprego fala em jogos de outras plataformas como um sinal de que a empresa se vai tornar multiplataforma não é mais do que um desejo na cabeça de fans maltratados que procuram consolo na ideia que afinal a situação foi normal.

A Sony nunca negou que os seus GAAS poderiam sair em todas as plataformas (e a Xbox e Switch, apesar de não serem as mais desejada, incluem-se aqui, e estão por explorar), e é inegável que isso já aconteceu e continua a acontecer. Inclusive pequenos jogos como Lego Horizon saíram na Switch. Mas daí à Sony se tornar multiplataforma, isso ainda é um sonho na cabeça de alguns.

Como referido, e conhecido, os jogos na Xbox não vendem. A Sony apostar numa consola onde as vendas são ridículas (FF XVI vendeu 22 mil cópias), não faz sentido exceto num GAAS. A Xbox virou uma plataforma de Gamepass, e está a morrer por causa dele. Revitalizar a consola concorrente numa altura em que esta decai, não faz sentido, especialmente quando a Sony e a PlayStation sabem que o poderia econômico da Xbox é algo que os pode aniquilar.

E manter viva uma consola que tem como base um modelo de negócio que pode matar as vendas das quais a Sony vive, também não faz sentido.

Há por isso que se por os pés na terra e cair na realidade, pensando lógica e coerentemente e não seguindo ideologias de terceiros que não passam de desejos. Há uma grande diferença, quer no risco, quer nas receitas, entre ser possuidor de uma plataforma de sucesso, e um mero publicador de jogos, e dado que deixar a plataforma ao Deus dará, esperando e acreditando que tudo correrá bem não é boa política, e há que se trabalhar para que isso seja uma certeza e não uma mera crença.



Apenas como nota final, deixo a resposta da Sony a um fan que escreveu à Sony, preocupado com a ideia de estar se poder tornar multiplataforma:

While we continue to explore new ways to grow and evolve the gaming ecosystem, we are committed to preserving the unique identity that PlayStation represents. As we have in the past, we will always listen to feedback from our community, including valued players like you, and ensure that our decisions are aligned with the experiences you expect from PlayStation.



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Hennan
Hennan
1 de Agosto de 2025 14:02

Gostaria que a Sony virasse multi? Sim. Vai acontecer? Acho improvável. Todos os argumentos de que a Sony deveria virar multi são baseado em um suposto sucesso da Microsoft com essa estratégia.
É impressionante que apesar de todos os desastres, basta o Nadella repetir os 5 bilhões de receita com o Gamepass e o crescimento da receita da plataforma, que as pessoas ainda falam em sucesso da Microsoft. Hoje a Xbox é menor que a soma de suas partes, ou seja, cresceu para baixo.
A verdade é que a Xbox virou multi por necessidade, o Gamepass está estagnado faz anos e o sucesso de vendas de seus games, nada mais é que jogos que já vendiam bem antes de serem comprados pela Microsoft.
Se a Sony deveria espelhar em alguém é na Nintendo e a mesma está ai para mostrar a força de uma plataforma. Acabou de vender 6 milhões de consoles em 7 semanas.

Deto
Deto
1 de Agosto de 2025 15:28

É só Helldivers 2 vender menos de 500 mil cópias no Xbox que a Sony até vai devolver os devkits de xbox que eles tem para o Port e não portar nem os GaaS para xbox.

É só a gente ficar de olho em quanto HD2 vender no xbox…

Pedro
Pedro
1 de Agosto de 2025 15:54

Foi exatamente isso que eu disse em uma postagem do Threads e me disseram que eu estava passando pano, porque eu disse que a Sony lançou GAAS, que precisa de um grande número de jogadores ativos, disse que o Lego é um jogo de plataforma que tem basicamente TODAS as franquias existentes. Disse que a Sony estava ponderando muito bem quais jogos saíam no PC e os que saíram foi porque esgotaram o potencial de vendas. Disseram que a trilogia Uncharted já estava pronta para ser lançada no Xbox e eu fui pesquisar para ver se era verdade, pois não argumento sem estar ciente de todos os fatos e até mesmo tumores, mas não encontrei nada, apenas uma menção para o Xbox ROG Ally. Pedi fonte e não ganhei. Como estava perdendo tempo ao argumentar, pois só recebia acusação de passar pano e semelhantes, desisti de bater boca e deixei o gajo preso na realidade paralelo que ele vive ao fizer que exclusivos morreram e a Sony agora era multi.

Bruno
Bruno
Responder a  Mário Armão Ferreira
2 de Agosto de 2025 10:04

As receitas da Microsoft não são boas , são mais que boas e surpreenderam todos no último relatório.. erros todos comerem principalmente quem tem de tomar decisões… Claro que as bases de fãs vão reagir eufóricos com os erros dos rivais .. aqui em cada 10 matérias 8 são sobre Xbox.

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