Analógico ou digital? SD ou HD? Vantagens e desvantagens.

A televisão tem sofrido grandes evoluções nos últimos anos. Passamos de um sinal a preto e branco para um sinal a cores, assistimos a melhorias tecnológicas no hardware dos televisores e efectivamente demos um grande salto relativamente aos primeiros televisores.

Nessas etapas de desenvolvimento chegamos à norma PAL, a norma europeia de televisão que definiu que a imagem seria composta por 720 colunas e 576 linhas com 25 varrimentos ou fotogramas por segundo. Essa imagem poderia ser obtida de forma interpolada, em que em um varrimento de imagem desenharíamos apenas as linhas pares, e no seguinte as linhas ímpares de forma a se obter a totalidade da imagem, ou de forma progressiva em que em cada fotograma desenharíamos a imagem na sua totalidade.

Apesar de as diferenças entre os métodos serem quase imperceptíveis para imagens com pouco movimento, onde as diferenças entre os fotogramas são pequenas, no caso de imagens de alta velocidade a diferença é notória.



Imagem Interlaçada

Imagem Progressiva

Apesar de o stardard PAL nunca ter sido adoptado na sua plenitude, exceptuando no tocante a conteúdos disponibilizados em DVD, sendo perfeitamente normal nas emissões de TV encontrarmos resoluções bastante inferiores ás da norma como 480×576 na maioria dos casos e 544×576 em casos mais excepcionais, sendo o modo interlaçado o adoptado, os televisores tradicionais, vulgo CRT’s, com a sua tecnologia analógica disfarçam e compensam tremendamente todas estas falhas, apresentando na maioria dos casos, uma qualidade de imagem que só se pode designar de excepcional.



É uma realidade que a imagem transmitida por meios analógicos não era perfeita sofrendo de problemas de sinal nada agradáveis, com efeitos de fantasma e grão.

Efeito de fantasma no sinal analógico.

Grão no sinal analógico

No entanto, não há muitos anos atrás, alguém se lembrou de adoptar a tecnologia digital dos LCD’s usados nos computadores à televisão. E com resoluções de 640*480, bastante adaptadas à realidade das transmissões televisivas, a qualidade da imagem era bastante aceitável, com a grande vantagem de “ser fininho”.



Estes televisores não resolviam os problemas relacionados com o sinal analógico, mas dada a sua baixa resolução também não os realçavam verdadeiramente.

Com o aparecimento das televisões por cabo, e a promessa da eliminação dos problemas de má recepção, a imagem analógica atingiu a qualidade desejada. Efectivamente, com uma boa instalação e recepção os problemas da imagem analógica desapareciam.

No entanto, pouco depois a revolução acontece. Os operadores cabo apercebem-se que usando uma única frequência era possível passar um sinal digital de alta qualidade que poderia conter vários canais, e tudo isto mantendo a qualidade da imagem. Surge assim a televisão digital e as set up boxes externas para a sua recepção, como é o caso da Powerbox e da Zon Box ou a Meo Box.



Esta realidade deu contudo lugar a outra. A ganância dos operadores em meter cada vez mais informação contida na sua largura de banda reduzida deu lugar a compressões de sinal elevadas, criando ao cliente novos problemas sobre os quais desta vez, e ao contrário dos problemas de recepção de sinal com o sinal analógico, não poderia controlar.

Assim, os operadores de cabo começaram a usar cada vez mais canais digitais comprimidos. Actualmente, mesmo os canais recepcionados de forma analógica são na sua base sinais digitais, e os efeitos e problemas dos sinais digitais juntaram-se aos problemas dos sinais analógicos.



Um dos problemas mais comuns associados à má recepção do sinal digital é o aparecimento de artefactos ou pixelização, como demonstra a imagem abaixo:

Artefactos na imagem

Estes problemas agravaram-se com o aumento do tamanho dos ecrãs de TV. A tecnologia Plasma e LCD, apesar de diferentes no seu funcionamento, permitiam ambas quebrar as limitações impostas pelos canhões de iões dos televisores CRT tradicionais, e assim vimos o tamanho dos ecrãs subir exponencialmente.

Apesar de imagem digital não apresentar os problemas associados ao sinal analógico os televisores de maior ecrã, e normalmente associados a resoluções HD (720p) ou Full HD (1080p) começaram a mostrar uma realidade que até ao momento passara despercebida, a compressão colocada no sinal digital.



Assim uma imagem que deveria parecer-se com isto:

Bitrate normal

fica assim:

Bitrate reduzido (compressão do sinal)



Repare-se que neste caso a resolução foi mantida, mas apenas se alterou o nível de compressão. O detalhe desaparece, as zonas de transição de cor aparecem com um notório efeito de escada, e os tons de pele mostram áreas de cor única onde deveria haver mais informação.

Acresce a tudo isto o facto de a imagem se manter interlaçada:

Se é uma realidade que os televisores CRT em quase nada sofrem com esta compressão, nos televisores LCD, em especial nos televisores HD ela é notória.



Actualmente este é o grande problema associado à compra de um televisor HD, seja ele 720p ou 1080p. A dimensão do seu ecrã associada à elevada resolução do mesmo vai evidenciar o lixo que nos é transmitido pelos operadores de cabo. Imagem interlaçada, com canais de baixa definição que não chegam a utilizar a norma PAL na sua totalidade, e um elevado índice de compressão do sinal.

Numa tentativa de se resolver estes problemas surgiram então as normas para o sinal HD, com o formato 720p (1280*720 progressivos) e o 1080p (1920*1080 progressivos). Existe ainda o formato 1080i (1920*540 interlaçados) que pelos motivos expostos não se revela vantajoso sobre nenhum dos outros dois formatos progressivos.

A norma HD surge um bocado como o TGV em portugal. Apesar de termos comboios capazes de atingir os 200 Km/h, mas que num trajecto Porto-Lisboa apenas vão a essa velocidade em 10% do percurso, em vez de se melhorar a linha de forma a se poder manter os 200 Km/h em todo o percurso, decide-se meter logo tudo para os 300 Km/h do TGV. Efectivamente, sem que os canais de TV tenham alguma vez atingido a capacidade da norma PAL (720*576), usando as resoluções já referidas de 480*576, passa-se logo para resoluções muito superiores.



Como único inconveniente é que os canais, na sua maioria continuam a emitir em 480*576, e com um televisor HD 720p acabamos por ter uma relação de 2.66 pixels a mais no tocante a colunas e 1,25 pixels a mais no tocante às linhas que apenas servem para evidenciar mais claramente os defeitos da imagem. De 276.480 pixels efectivamente transmitidos temos 921.600 onde os representar, ou seja 3,33 vezes mais.

Já no tocante aos Full HD a deterioração de imagem acaba por ser ainda maior, pois a relação de pixels em colunas sobe para 4 e em linhas para 1,85. Como se pode imaginar até o mais pequeno defeito na imagem é realçado de forma escabrosa. O total de pixeis existente é de 2.073.600 ou seja 7,5 vezes mais



Acresce a tudo isto o facto de os televisores HD serem no formato 16:9 e a televisão standard ser emitida em 4:3, o que leva a que as formas sejam achatadas e alargadas, criando pessoas gordas e “tarrecas” no ecrã.

Naturalmente este problema não se verifica com as transmissões HD a 720p como acontece actualmente na TV CABO e MEO, onde o formato 16:9 é a realidade para a qual foram concebidas. A qualidade da imagem é extraordinária e o detalhe existente na mesma algo de assombroso. No entanto, apesar de toda a perfeição existente, a compressão ainda existe, e se bem que acaba por ser muito pouco notória, especialmente nos televisores 720p, ainda é perceptível nos televisores 1080p, onde ainda temos 2,25 vezes mais pixeis do que os efectivamente transmitidos.

Assim, parece claro referir-se que a era dos LCD’s e da alta definição ainda é prematura. Meo e Zon tentam os clientes com ofertas para canais de alta definição, mas o cliente deve ter bem ciente que a adesão a um LCD e em particular e um LCD de alta definição, seja ele 720p ou 1080p, vai trazer-lhe uma degradação notória da imagem comparativamente ao oferecido pelos CRT’s. Os ecrãs de grande dimensão ajudam ainda a que seja mais notória essa má imagem, especialmente se associados a 1080p.



A era dos grandes ecrãs de alta definição chegou, mas acaba por ser mais marketing do que uma realidade! Qual a vossa opinião?



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