As receitas do Gaming da Microsoft e Sony.

Dados sobre as receitas de ambas as empresas foram dadas a conhecer, e ambas registam um aumento das receitas considerável. Na Microsoft a Xbox continua a aumentar receitas mesmo com declínio da receita na venda de consolas. Na Sony, só a PSN gerou mais dinheiro do que toda a receita de Gaming da Microsoft e do que toda a Nintendo!

Microsoft

Os relatórios e contas para o segundo quarto fiscal de 2019 revelaram os valores de receitas da componente Gaming onde a Microsoft inclui a sus Xbox, para o segundo quarto do seu ano fiscal de 2019, compreendido entre 1 de Outubro de 2018 e 31 de Dezembro do mesmo ano, apanhando assim o período de Natal onde as vendas são maiores.

Como vemos, a Microsoft, ao contrário do que alguns websites, incluindo a Eurogamer, referem, não tem uma divisão Xbox, mas sim uma divisão chamada More Personal Computing, onde caem receitas das mais diversas, incluindo o Windows, os Surface, Publicidade do Bing, e entre as quais a Xbox se encontra inserida numa componente dessa divisão chamada Gaming.



A questão é que mesmo essa componente denominada Gaming, não é exclusiva da Xbox e diz respeito a todas as receitas do Gaming da Microsoft, e isso não inclui apenas a consola, mas igualmente receitas de jogos vendidos para PC e outras plataformas, bem como as receitas geradas em jogos Microsoft em todas as plataformas (Minecraft por exemplo). Esta componente gaming inclui ainda receitas da loja Gaming da Microsoft, que vende hardware e acessórios, quer da Microsoft, quer de terceiros, para Gamers. Estima-se ainda a possibilidade de estas receitas de Gaming poderem incluir algum valor proveniente de algumas das 310 patentes que a Microsoft possuía aplicadas ao mercado móvel, e que desde sempre foram contabilizadas associadas à Xbox (eram 3,4 mil milhões de dólares anuais que actualmente, a existirem, terão decaído por caducidade de algumas das patentes mais antigas).

Basicamente, ao contrário da divisão Playstation da Sony, onde nela apenas aparecem as receitas da consola e serviços a ela associados, a Divisão More Personal Computing abrange uma larga área de produtos e serviços, sendo que a componente Gaming não inclui apenas a consola da Microsoft, mas todas as actividades relacionadas com Gaming da Microsoft, para todas as plataformas. É por isso que a comparação directa quer de divisões, quer exclusivamente da componente Gaming da divisão More Personal Computing, com a divisão Playstation da Sony, pecam por não comparar as mesmas coisas.

Seja como for, isso não impede uma análise aos valores, e o que é revelado pela Microsoft, apesar de esconder dados pormenorizados, optando-se por dados  globais e misturados que escondem a total realidade das coisas, permite obter dados interessante.

E os dados relevantes que podemos retirar são que, face a igual período no ano anterior, o aumento das receitas da componente Gaming aumentou em 8%, apesar de uma quebra de 19% nas receitas das vendas de hardware da Xbox, a maior fonte de receita a nível de hardware do lado da Microsoft.
Há que ressalvar-se porém que, dado que a comparação das vendas do Hardware Xbox é feita face ao período idêntico do ano anterior, altura onde tivemos o lançamento da Xbox One X, as quebras de 19% podem ser consideradas normais!

Outro dado relevante indicado é o aumento em 8 % dos utilizadores activos da Xbox Live, que a Microsoft cifra agora em 64 milhões. De referir que, mais uma vez, e ao contrário da Sony onde na sua PSN apenas existem jogador Playstation, os jogadores do live incluem utilizadores da Xbox, Windows 10 e mesmo Smartphones.



Igualmente relevante é a informação de que no que toca a software e serviços a Microsoft registou um aumento de receitas de 31%, sendo que se indica que tal se deveu às vendas elevadas de um título de terceiros. Aqui poderemos especular e estimar que esse título tenha sido Red Dead Redemption 2.

No global a receita para o quarto do ano fiscal em causa,  da componente Gaming, onde se inclui a Xbox, foi de 4.232 mil milhões de dólares!

Fugindo agora ao conceito de ano fiscal, e somando as receitas anunciadas relativas aos meses efectivos de 2018, os relatórios da Microsoft permitem saber que a receita nesse ano físico de toda a componente de Gaming foi de 11.5 mil milhões. Tal representa um aumento de receitas de 23% face ao ano de 2017 onde, calculando da mesma forma, se tinha registado um valor de perto de 9.4 mil milhões em receita. (note-se que o gráfico abaixo não possui a escala total ao não ser representado abaixo dos 8 mil milhões, dando assim uma ideia visual de um crescimento superior).

Eis a receita dos vários quartos do ano fiscal, desde 2015. De notar que no caso da Microsoft, um ano efectivo começa no terceiro quarto do ano fiscal desse ano, terminado no segundo quarto do ano fiscal do ano seguinte.



Estes valores históricos para esta geração e em crescendo levaram recentemente Phil Spencer a referir que a empresa se vai manter com a E3 e que irá injectar ADN PC nos seus estúdios de videojogos.

Sony

A Sony já vendeu aos retalhistas um total de 94.2 milhões de consolas PS4, um valor que a continuar deverá permitir atingir os 100 milhões mais rápido que a Wii e mais ou menos no mesmo tempo que o usado pela PS2, tornando assim a PS4 um dos grande sucessos da Sony, e em ritmo de ser mesmo o maior sucesso de sempre.

Convém chamar a atenção que o ano fiscal da Sony é diferente do da Microsoft. A Microsoft iniciou o seu ano fiscal de 2019 em Julho de 2018, ao passo que a Sony só o iniciará em Abril de 2019. Esta designação de ano fiscal trata-se de algo meramente contabilístico, mas pode causar alguma confusão, uma vez que as designações para períodos idênticos do ano real, quando associadas ao ano fiscal, surgem com um grande desfasamento. O período do ano real em causa, que engloba Outubro, Novembro e Dezembro, corresponde ao segundo quarto do ano fiscal de 2019 da Microsoft, sendo que no caso da Sony ele é o terceiro quarto do ano fiscal de 2018.



Este é um dado a ter em conta nas comparações, e que pode soar a confuso!

Basicamente estes períodos estão relacionados com diversos motivos, desde o ano fiscal governamental no país da Sede, passando por mera conveniência de receitas ou de acrividade. Muitas vezes está igualmente relacionada com o início de actividade da empresa, e o facto de o primeiro ano de actividades apanhar maioritariamente um ou outro ano.  Num exemplo, uma empresa que inicie actividade até Março de um ano, iniciará a sua contabilidade indicando como ano fiscal esse mesmo ano, uma vez que a maior parte da actividade ocorrerá nesse ano. Já se o início ocorrer após ter decorrido já mais de metade do ano em causa, o ano fiscal será indicado como o ano seguinte, uma vez que será nele que ocorrerá a maior parte da actividade.

Uma mera designação interna que pode no entanto criar confusão nas comparações quando os termos Q2 2019 e Q3 2018 aparecem comparados e dizem respeito ao mesmo período.

Analisemos então os números da Sony:



A divisão de jogos e serviços de rede da Sony, e que diz respeito exclusivamente à Playstation e seus serviços de rede, apresentou neste quarto, receitas de 790 mil milhões de Yens, o que se traduz em 7.2 mil milhões de dólares.

Curioso é ver-se que quando analisamos apenas as receitas geradas pela PSN ao longo do ano efectivo de 2018, vemos que só com a sua rede a Sony gerou um total de 12,5 mil milhões de dólares. Este é um valor que, só por si, ultrapassa a totalidade da receita da Nintendo como empresa no ano de 2018, bem como a totalidade anual da receita completa da componente de Gaming da Microsoft.

Sem dúvida que a PSN se tornou uma grande fonte de receitas para a Sony, somando já mais de metade das receitas, e mostrando assim a relevância, maior do que nunca, na necessidade de se manter estes utilizadores activos na rede numa passagem de geração.



Conclusões

Há uma série de dados que considero intrigantes na comparação dos números de ambas as empresas. Vamos ver:

Comecemos por destacar o óbvio: Como sempre, a Microsoft possui um relatório muito pouco claro, onde não revela números devendas de consolas ou de software! Revela apenas quebras de receitas na venda do hardware, mas ao se saberem números de venda deixa tudo e todos a especular os motivos da quebra. Foram menos vendas? Foram promoções com as consolas a serem vendidas mais baratas? Ninguem sabe! Como sempre os relatórios da Microsoft são crípticos!

O relevante aqui é perceber-se o que significa o facto de a PSN estar a dar sozinha mais receita que toda a divisão Gaming da Xbox, e esse sim é o raciocínio que importa perceber-se acima de tudo o resto!

Vamos então analisar o significado dessa situação:

Numa situação “normal”, em que assumimos uma determinada receita por consola, um fabricante que tenha uma determina percentagem adicional de consolas no mercado que o outro, terá igual ganho percentual na receita.



Apesar de isto ser muito teórico, ao abranger uma enormidade de factores que impedem essa realidade exacta, a realidade é que esse modelo pode ser tomado como exemplo, aceitando-se variações quantificáveis.

Mas na realidade, apesar de a Sony se ter vindo a destacar em vendas de consolas, as suas receitas ao longo dos anos não destacavam das da Microsoft. Sim, até eram superiores, mas na prática, considerando que a empresa tinha mais mercado, os seus lucros a mais não correspondiam e essa percentagem de vantagem. Basicamente, e isso foi um dado assumido ao longo de muitos anos, a Microsoft, mesmo vendendo as suas consolas a menor preço, conseguia melhores receitas com aquilo que tinha.

Eis um exemplo de um artigo onde constatávamos esse facto!

Ora o relevante agora percebermos é que a PSN está a gerar cerca de “60%” dos lucros (Nota: Valor maximizado – O valor real deverá ir entre os 53 e os 56%) da divisão de Game and Network da Sony! Ora considerando que a PS4 vende a um ritmo superior a 2:1 se aceitássemos a tal situação “normal”, onde a percentagem de lucros das empresas está directamente proporcional à percentagem de mercado que possuem, então, na proporção 2:1, a totalidade das receitas da Microsoft corresponderiam a metade das da Sony. Ou seja, esses “60%” de lucros da PSN teriam de ser superiores à totalidade dos lucros da Microsoft!

E é isso que basicamente acontece!



A conclusão a que se chega é que aos poucos esta proporção nos lucros está a ser atingida, e que a Microsoft está a deixar de conseguir melhores resultados a nível de receitas com os seus utilizadores, não por demérito seu, como o comprovam a sua subida de receitas, mas por mérito da Sony, onde as receitas tem subido em maiores proporções. E este tendência era previsível pois como vimos nesta análise de 2017 (ver secção final – 2017 Valores esperados) a Sony estava já a aproximar-se dessa proporção.

Mas mais relevante ainda é que se a Microsoft tem subido as suas receitas com a ofertas de serviços que, como já discutimos aqui, na nossa perspectiva, podem ser prejudiciais à forma e qualidade do mercado de videojogos no futuro, a Sony tem-no feito dentro do modelo clássico que a maior parte de nós tanto ansiamos por querer manter.

E essas são as verdadeiras boas notícias! O mercado parece encarar com bons olhos o modelo da Sony, o modelo clássico que sempre existiu, peovando que ele é relevante e está para durar! E isso vemos como excelentes notícias para perspectiva de futuro!

PS (adicionado posteriormente): Como clarificação refere-se que, apesar de a Sony também possuir serviços GAAS (PSN Now), ao contrário dos modelos de GAAS da Microsoft (Gamepass) os mesmos não se substituem ao modelo clássico de vendas de jogos. Na Sony, pelo menos até à presente data, esses serviços não possuem acesso às últimas novidades, demorando alguns anos a obtê-las, forçando assim o modelo clássico de vendas a ser usado para quem pretende jogar as últimas novidades da consola.

 





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