Desmistificação sobre carros elétricos- Quem polui mais, elétrico ou combustão?

Como em tudo o que atualmente se lê na internet, o filtrar a boa da má informação é relevante. E os defensores dos motores a combustão atiram o que puderem para defender os seus carros.

Foi em Março deste ano que mudei de um carro a combustão para um carro elétrico. E eu mesmo tinha receios, uma vez que a contra informação era muita!

Um dos argumentos dos defensores dos carros a combustão prende-se com a ideia de que os carros elétricos são tanto ou mais poluentes que os carros a combustão! Não durante a sua vida útil, pois nessa efetivamente a poluição é claramente menor, mas na produção das baterias onde, segundo se refere, a produção causa uma poluição em tudo equivalente à causada por um carro de combustão em 20 anos.

As baterias de um carro elétrico pesam cerca de 500 kg. Para fazer uma bateria deste tipo é necessário processar 10 toneladas de sal para o lítio exigido, 15 toneladas de minério para o cobalto exigido (…). Como se não bastasse, isto polui mais do que um carro a gasolina/diesel em 20 anos de consumo normal.

Esta afirmação encontra-se disseminada na internet, tendo partido do Facebook de um senhor que se identifica com as credenciais “DOCUMENTAÇÃO AUTOMÓVEL – MAIS DE 20 ANOS DE EXPERIÊNCIA COM ALFÂNDEGA”, dando assim a entender muita experiência no ramo automóvel (que até pode ter, mas tal não o torna um perito na matéria de carros elétricos).

No entanto, e apesar de não sabermos se os valores referidos são verdadeiros ou falsos (iremos tentar ver isso mais à frente), há uma situação que não é tomada em conta. O facto que o combustível é usado apenas uma vez, ao passo que as baterias automóveis podem ser recicladas, havendo mesmo há leis que obrigam a que tal aconteça!



Assim, segundo um estudo da Transport & Environment (federação de organizações não governamentais focadas nos setores dos transportes e do ambiente), realizado em 2021, refere que apenas cerca de 30 quilogramas de metais são destruídos após a reciclagem da bateria de um automóvel elétrico. Ora, independentemente da poluição que possa ser criada com a criação de uma nova bateria, uma vez o mercado a entrar num esquema de reciclagem ficamos numa situação em que um automóvel médio movido a gasolina queima entre 300 a 400 vezes o peso desses metais em gasolina, ao longo da sua vida útil.

O Estudo refere ainda que “De 2020 a 2030, a quantidade média de lítio necessária para um kWh de uma bateria de um elétrico irá cair para metade (de 0,10 kg/kWh para 0,05 kg/kWh) e que a quantidade de cobalto vai cair mais de três quartos“, ou seja, será necessária cada vez menos matéria-prima para produzir baterias de igual ou maior capacidade.

Ora perante estes dados do uso de lítio atuais numa bateria (0,10 Kg/Kwh), uma bateria de 83 Kw tem 8,3 Kg de lítio. Daí que perante esta realidade custa a aceitar que haja veracidade nos dados de que são necessárias 10 toneladas de sal para o lítio de uma única bateria.

Estes dados parecem confirmar-se pelo website Blog.evbox que refere:

Além do lítio, as baterias EV também contêm muitos outros minerais, como cobalto e manganês. Uma bateria típica de EV tem cerca de 8 kg de lítio, 14 kg de cobalto e 20 kg de manganês, embora muitas vezes isso possa ser muito mais dependendo do tamanho da bateria.

Ora o que se considera como uma bateria típica de EV é uma bateria de 40 Kwh. O que implica que uma bateria mais capaz de 80 kWh tenha algo como 16 kg. E pela mesma lógica, 15 toneladas de cobalto extraídos para uma bateria que leva apenas 28 Kg também soa a altamente exagerado.

Será de se referir que outro mito que circula é que o Tesla Model S possuí cerca de 63 Kg de lítio na sua bateria de 70 Kw. Mas tal não é verdade. 63 Kg é o peso do Carbonato de Lítio, sendo que o lítio em si é de apenas cerca de 12 Kg.



 



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Hiago
Hiago
9 de Setembro de 2023 13:15

Mario, vou dizer minha opinião, que é apenas isso já que não tenho dados sobre. Penso que carros totalmente elétricos pecam na praticidade, como por exemplo o carregamento que dura minutos, em viagens longas acaba sendo um incomodo, e o outro que acho mais importante, não é nem sobre a extração de minerios para produção de baterias, mas sim na produção de emergia para carregar todos esses automóveis. Considerando que muitos países ainda não tem sua matriz energética em fontes renováveis e de menos poluição. Logo no meu ponto de vista carros totalmente elétricos ainda não estão na hora, carros híbridos movidos a motores eletricos e biocombustíveis me parece produzerem menos impactos ambientais que os totalmente eletricos ou a combustão (principalmente derivado do petroleo).

Daniel Torres
Daniel Torres
Responder a  Hiago
9 de Setembro de 2023 13:47

Acredito que um exemplo disto é a Toyota não ter se “rendido” aos elétricos, eu faço uma conta simples, mas funcional se a Europa tem que ficar se preocupando com consumos de energia em Tv’s 8k, quem dirá se metade de sua população aderir aos elétricos, ou como você toca muito bem no assunto é a praticidade no carregamento que demora muito em relação aos carros a combustão.

Não sou de forma alguma um defensor de carros a combustão apesar de gostar deles, mas não sou cego para achar que carros elétricos serão o futuro da indústria automotiva, quando já se há soluções tão boas quanto e que poluem menos como os carros a hidrogênio e um combustível que não é o etanol, mas se usa o produto da cana de açúcar como energia para alimentar pelo que entendi as baterias.

Outra coisa é a autonomia dos carros elétricos que eu acho muito baixa, principalmente para países gigantescos como o Brasil.

Juca
Juca
Responder a  Daniel Torres
9 de Setembro de 2023 14:17

Eu acredito que os grandes “calcanhar de aquiles” dos elétricos são a matrix energética de cada país e o custo dessa energia (financeiro e ecológico) o tempo de carregamento e capacidades de autonomia, obviamente que isso está atrelado a bateria.. Mas assim, pro Nordeste brasileiro seria uma mão na roda, energia solar o ano todo em abundância, mesmo em períodos de chuva, agora, lógico. Eu particularmente só não tenho um ainda porque acho caro atualmente, e também não sei o custo financeiro mecânico de manter um, estou esperando uns anos pra ver se consegue popularizar ou se vai continuar um nicho só pra ricos por aqui.
Sei que placas solares foi das melhores coisa que fiz nos últimos anos.
Esse papo de carro à nitrogênio, parece o mesmo da cura do câncer, Daniel, e no fim, vai depender mesmo é de conseguir se popularizar, o elétrico, pelo menos parece ter uma chance, mas tá difícil fazerem algo de bom custo benefício pra que se tome o lugar dos a combustão. Lógico que toda mudança de paradigmas sempre enfrentarão resistências, mas como muita coisa é marketing, é esperar pra ver o que é ou não é realmente bom, ou só engodo de vendedor.

Juca
Juca
Responder a  Juca
9 de Setembro de 2023 14:18

*Calcanhares…Matriz… Desculpe os erros de português aí, Daniel. 🙂

Hiago
Hiago
Responder a  Mário Armão Ferreira
9 de Setembro de 2023 15:18

Mário eu ainda discordo, 5 minutos ainda para acresentar 100km, nos carros a combustão 5 minutos é necessário para encher o tanque e ganhar dependendo do tanque uns 800km de autonomia. Me parece que híbridos e pontuo que não precisa ser um motor a combustão que gere potência nas rodas, talvez um pequeno motor de apenas um cilidro movido a etanol que sirva para carregar as baterias sem precisar utilizar a rede eletrica para isso. Em países com a matriz energética ligada a carvão, gás natural esse tipo de tecnologia seria muito mais eficiente e menos poluente.

Hiago
Hiago
Responder a  Hiago
9 de Setembro de 2023 15:25

Um adendo, acho que carros totalmente elétricos só vão ser mesmo o futuro quando todos os países tiveram sua matriz energética em mais de 90% baseada em fontes renováveis e não poluentes. Um sonho seria se aquele reator a fusão nuclear da China virasse uma realidade, a humanidade iria para outro patamar.

Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
9 de Setembro de 2023 18:54

Carro elétrico seria o ideal pra mim, muito dificilmente rodo mais de 100Km/dia, provavelmente nem chego perdo dos 50. Não gosto de viajar. E tenho sempre sobreprodução energética aqui em casa (energia solar). Costumo consumir mernos de 600Kwh/mês e a média de produção aqui tem sido por volta de 800 Kwh/mês. Era combustível de graça só usando o excedente produzido.

Hennan
Hennan
9 de Setembro de 2023 18:16

Starfield PC – Digital Foundry Tech Review – Best Settings, Xbox Series X Comparisons + More – YouTube

Um dos melhores vídeos da DF. Mostrou todos os problemas do game. A ausência de features básicas como HDR, FOV e DLSS. A péssima utilização de multicore e os problemas de otimização em GPUs da Nvidia e Intel, deve ser apenas coincidência.
Mas o início para mim é o mais importante e colabora com minha opinião de que não faz sentido comprar um Xbox. Visto que seus jogos rodam melhor em PCs de preço igual ou inferior, com a vantagem de não precisar pagar pelo online e ter um gamepass mais barato.

Juca
Juca
Responder a  Hennan
9 de Setembro de 2023 18:48

Hennan, quem não for muito exigente nem de computador precisa para Starfield. O que me espanta na Microsoft é porque eles montam Cloud baseada em Xbox se poderiam montar baseado em PC, e ainda aproveitarem isso pra multiuso. Ora, coisas como a Google pretentia parecem muito mais apropriada pra games via Cloud. A MS, se ainda lançar consoles, deveria esquecer esse papo de hardware personalizado e montar mesmo um xbox machine, basta apenas criar uma interface windows modo game e se livrar de 300mil drivers desnecessários que o Windows carrega, de lambuja, pode ter uma versão, Intel, outra AMD e outra Nvidia. É só juntar as ideias já vistas na interface gráfica do Steam OS e o auto-setting de jogos do Nvidia Xperience que o negócio fincionaria.
Espero logo é que alguém realmente interessado em consoles venha a investir no mercado, ou que a Nintendo venha com gosto de gás pra brigar em jogos mais maduros e também jogar um pouco numa área em que não seja rei. Mas não tenho muita fé de que eu vá ver isso nos próximos anos…

Hennan
Hennan
Responder a  Juca
9 de Setembro de 2023 20:01

Eu esqueço do cloud porque aqui é difícil até pra abrir o jogo. O servidor é muito distante.

Deto
Deto
Responder a  Hennan
9 de Setembro de 2023 20:14

eu fui ver ai o alex bugaga

“AIN, mas assim, eu vou reclamar DE TUDO, vou reclamar o tempo todo MAS a versão PC é MELHOR VIU”

Mas esse cara é muito frustrado com consoles… Que doença

Claro que é melhor no PC, é só vc gastar 5x mais o preço do xbox e ainda ter que comprar CPU e GPU AMD… botar MOD para DLSS, Mod para HDR, ficar umas 2h configurando, esperar a nova versão do driver da placa de video com otimizações para starfield ai quando for jogar, já perdeu a vontade

Realmente, esse sujeito ai não tem condições… o mustard reiçe dele é tão bom que toda hora ele precisa dizer como o mustar reiçe é bom

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Juca
Juca
Responder a  Deto
10 de Setembro de 2023 1:34

Lembrei daquela criancinha que depois de falar que comeu batata, maionese, catchup, sanduiche, coca-cola… Disse: “e só!” Lol

Deto
Deto
10 de Setembro de 2023 0:21

Mesmo que seja 1:1, só de tirar a poluição de, praticamente, dentro da tua casa já é uma melhora

Cidades sem poluição já vale a mudança…

Gervas69
Gervas69
10 de Setembro de 2023 12:45

Eu tinha feito um comentário ontem mas não o devo ter terminado e não enviei.
Os 400/500 klm de autonomia na grande generalidade dos carros propostos atualmente na cabeça das pessoas parece pouco. Mas pensando bem, fazer Porto-Lisboa é perfeitamente exequível, mas já Porto-Faro requer pelo menos uma paragem para carregar, mas mesmo a combustão uma viagem de 5/6 horas sem parar???
Mas para mim ainda o grande entrave está no preço dos veículos, mas aí os chineses estão a fazer um bom trabalho de pressão nos construtores europeus.
Outro problema e que será o que estará a pesar mais será o carregamento em casa, quem não tem estacionamento privado ou mesmo sem condições de instalar um ponto de carregamento.

Hiago
Hiago
Responder a  Mário Armão Ferreira
10 de Setembro de 2023 16:04

Por isso falo, se esses carros tivessem um gerador a combustão para ir carregando as baterias era mais vantajoso.

Gervas69
Gervas69
Responder a  Hiago
11 de Setembro de 2023 2:05

Tens sempre o fator de quem está atrás do volante, que é o fator mais importante, o condutor também tem de descansar, fazer 300/400 klm seguidos já é ultrapassar os limites para a grande maioria das pessoas e isso parece que nem sequer é tido em consideração para quem reclama da autonomia ser baixa ainda

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