Ex criador da Lionhead vem referir que a Cloud pode potencialmente ser usada nas consolas, mas que essa é uma área “cinzenta”

Estávamos em 2013 e a Microsoft prometia a Cloud como a ferramenta que iria tornar a sua Xbox até 4x mais potente e permitir usar o título da consola mais potente do mercado. Em 2018, um ex funcionário da Lionhead, na altura pertença da Microsoft, vem dar a conhecer a realidade atual da Cloud: A tecnologia, mesmo em 2018, ainda não está verdadeiramente pronta.

Não posso negar que escrever este tipo de notícias não é é algo que passe ao lado. Em 2014 escrevi vários artigos que davam a explicar e a conhecer que o uso da Cloud tal como prometido pela Microsoft era uma utopia perante a realidade da internet mundial. E a reacção não foi exactamente bonita com a reacção dos fanboys Xbox a ser tudo menos simpática!

Mas felizmente o tempo tem vindo a revelar algo que certamente deve deixar essas pessoas fora si. É que a PCManias nunca tomou partidos, e limitou-se a dar a conhecer realidades. Realidades essas que vemos no dia a dia como comprovadas!

A cloud foi uma das muitas desmistificações dadas ao Marketing de 2013, e a realidade é que estamos já em 2018 e nunca vimos nada a usar a Cloud na medida do prometido e que se lista:

Nota: Cada um dos pontos de cima possui um link separado que confirma o ali referido!



Estas promessas eram feitas para a consola, e não para casos específicos ou jogos! Nunca foi referido que alguns jogos beneficiariam do poder da Cloud, mas sim que a Xbox One o faria, dando a entender um uso generalizado que definiria a plataforma. Mais ainda, esta associação às consolas e ao “Always Online”, inicialmente obrigatório na consola, dava a entender que a Cloud se estenderia inclusive ao Single Player, uma imagem que a Microsoft ia deixando passar sem esclarecer!

5 anos depois a promessa continua por cumprir, sendo que com a entrada de Phil Spencer a “Cloud” foi perdendo “potência” até que a conversa da Microsoft sobre ela se resumiu finalmente apenas a Servidores Dedicados. Já quanto ao armazenamento ilimitado, as queixas sobre os limites mostram que ele não existe verdadeiramente, estando limitado a savegames e alguns dados de jogos. Situações que nunca na vida requereriam um “armazenamento ilimitado”.

Perante tudo isto, basicamente o paleio por detrás da “Cloud” foi ficando para segundo plano, mas sem nunca ter ficado esquecido, até porque há a um jogo que se prevê venha a usar a cloud! Um único jogo, que eventualmente será lançado 5 anos após as promessas e já por várias vezes adiado devido a problemas. É ele Crackdown 3!

Mas mesmo quando for lançado, Crackdown 3 não será nada do prometido! Será um jogo que apenas usará a Cloud num universo partilhado por vários jogadores e não de forma individual, o que se comprova pelo facto de o modo single player do jogo não suportar qualquer ganho da Cloud.
Mas mesmo no modo multi jogador os ganhos de Crackdown serão apenas estéticos. Basicamente, perante o conhecido (a a Microsoft não mostrou muito mais do jogo desde 2015), o que ali existe já foi feito por muitos e muitos jogos, sendo que o que a Cloud fará será apenas o processamento dos pedaços de fragmentos dos destroços em maior quantidade, fornecendo essa informação às máquinas locais que a representarão visualmente, sem necessidade de cálculo.

Recordando que em 2014, quando desmistificávamos, a Cloud o argumento mais comum (para além dos insultos) era “Você sabe mais do que os engenheiros da Microsoft?”, relembra-se que o dito pela Microsoft nunca saiu da boca de nenhum Engenheiro, mas da de Don Mattrick. Daí que seria relevante saber-se o que os programadores da Microsoft pensavam sobre a cloud nessa altura para se perceber se realmente havia na Microsoft a convicção de que tal era possível, ou se tudo não passou mesmo de paleio desmedido para vender consolas.

Isso não foi possível saber-se. mas em 2018 surge agora de um ex membro da Lionhead, Don Willianson, um estúdio que nessa altura pertencia às equipas First Party da Microsoft, e um estúdio líder em muitas tecnologias, a falar sobre a Cloud. E segundo ele, mesmo em 2018, o “poder da Cloud” para jogos é uma área ainda muito “cinzenta”



Citando:

Temos “usado a Cloud” há décadas para construir jogos multijogador e alguns jogos usaram servidores remotos para processar cálculos mais complexos que jogos single player podem partilhar. Recentemente falei com algumas startups construídas em torno da ideia de mover mais e mais para servidores remotos. Penso que muitos deles terão problemas em vender a implementação aos criadores de videojogos, sendo que outros não partilharam informação suficiente para os poder julgar. Ao longo tempo a ideia do jogo “air gapped”  (jogo em redes fechadas) está infelizmente a perder força pelo que a partilha de cálculos remotos é lógica.

Um dia num futuro longínquo, talvez haja uma altura onde pouca computação será feita localmente, e o suplemento da nuvem será a norma – Mas nos dias que correm, dada a infra-estrutura de internet mundial, bem como a evolução e o avanço continuado dos processadores, não acredito que o jogo alimentado pela Cloud seja viável em breve!

O engraçado é que se em 2018 se diz isto, no lançamento da consola a situação seria ainda mais lógica e coerente. Tanto que o que aqui está foi dito por nós em 2014!

Nada do que é novidade e sabemos ser uma realidade que já há algumas décadas que se se experimenta o uso da internet como auxiliar de processamento (nos artigos da altura demos como exemplo a IA das anti aéreas de Battlefield 4 que era 100% gerida pelo servidor). E essa é a realidade que deu a base aos argumentos da Microsoft que começou a apostar nas melhorias da tecnologia, uma aposta que ainda mantêm, e que terá certamente proveitos no futuro.

Mas em 2013/2014 a implementação prometida da Cloud era uma utopia, e este senhor confirma que mesmo em 2018 ainda o é! A ver se há agora quem apareça a dizer a este senhor: “Fanboy… Se calhar julgas que percebes mais que os engenheiros da Microsoft”.



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