Ideias erradas que correm nas discussões (a mentira na verdade do fanboy) – Parte 2

A Xbox dá prejuizo, a Microsoft vai vender a divisão, A Xbox não tem jogos, A Xbox é pior que a PS4, A microsoft são uma cambada de burlões, O Game Pass é um cavalo de troia, e a Xbox Vende mal. Frases comuns de se verem nos comentários e cuja veracidade está longe de ser real.

Tal como fizemos no artigo anterior, continuamos a desmistificar algumas afirmações usadas nos comentários e que não correspondem à verdade, sendo que se no anterior artigo apostamos em frases ditas de um dos lados, agora fazemos o mesmo para frases usadas pelo outro lado.

“A Xbox dá prejuizo”

As menores vendas da consola face à concorrência, e mesmo o facto de a consola actualmente até vender menos que a Xbox 360 vendia em igual período, podem ser justificação para se poder criar esta ideia. Mas a mesma não pode ser comprovada, sendo que para todos os efeitos ela é completamente infundada, e pior do que isso, pela falta de dados, a mesma é totalmente especulativa!

É certo que não conseguimos saber dos relatórios financeiros da Microsoft dados concretos sobre a situação financeira da Divisão, mas mesmo assim, não há motivos para se pensar desta forma quando se olha para o cenário como um todo. E passamos a explicar:

A consola tem, com excepção dos primeiros meses após o seu lançamento, vindo a ser vendida com lucro. É certo que o lucro da Microsoft é reduzido e longe dos da Sony que vende a consola mais cara, mas mesmo assim não há um acumular conhecido de prejuízo na venda da consola. Já a Xbox One X é diferente e essa é reconhecidamente vendida com prejuizo, mas todas as consolas o foram na data do seu lançamento.



Basicamente, salvo questões de promoções pontuais, não há dados que levem a acreditar existir uma continuidade de prejuízos nas vendas das consolas. E mesmo a X vai baixar o custo. A PS4 e a Xbox fizeram-no e passaram a lucro poucos meses depois do lançamento.

Convém não esquecer que nesta geração o Xbox Live Gold é muito melhor aceite, até porque o online é uma grande vertente da consola, e como tal os valores de adesão são superiores aos da Xbox 360, criando receitas fixas maiores. Acrescendo a isso um maior número de vendas digitais na loja Xbox e temos que os fluxos de dinheiro da Microsoft são certamente bastante superiores aos existentes na era 360, mesmo para igual número de vendas! Por exemplo, no trimestre terminado em Abril de 2017, a divisão gerou receitas no valor de 1.9 mil milhões de dólares.

E é aqui que a situação é diferente. Não só há mais receita, como há menos despesa. Recordemos que muitos anos Xbox 360 foram de prejuizo… mas tal deveu-se em parte a situações diversas que não existiram nesta geração. A questão do RROD e que obrigou à troca de um número gigantesco de consolas, aqui não existiu. E da mesma forma a Microsoft tem conseguido manter os seus fans satisfeitos com menor investimento em exclusivos, e uma redução das equipas First Party, poupando assim valores consideráveis.

A realidade é que somente a Microsoft saberá a realidade das contas da divisão, e se a mesma está a ser sustentada por injeções de capital como aposta futura, mas o certo é que qualquer afirmação realizada sobre prejuizos é meramente especulativa. As vendas da consola não estão muito diferentes da geração anterior, as receitas dos serviços subiram, as vendas digitais na loja subiram, os exclusivos Xbox no PC aumentam as vendas, e há um desinvestimento em exclusivos. Não há assim muitos motivos para se acreditar em prejuízos, e medidas como o levar os exclusivos Xbox logo no lançamento para o Game Pass até dão a entender alguma margem de manobra.

Não vamos dizer que a divisão está desafogada pois o desinvestimento em 2017 foi claro (O corte em exclusivos, na area alugada na E3 que foi bastante evidente, a descida dos prémios financeiros para os torneios mundiais de Halo e a qualidade das instalações usadas, etc – a final de 2018 sabe-se já que terá condições adequadas). A divisão até pode estar com alguma contenção e em desinvestimento em algumas áreas para apostar em outras. Mas prejuízo, prejuízo… isso não se pode dizer!

Seja como for, da mesma forma que a Sony não vê as suas equipas First Party de forma independente, mas olha para os resultados globais de vendas de todos os jogos, apenas se preocupando se no global há lucros, a Microsoft tem uma visão semelhante com a divisão Xbox.



Como dizia Satya Nadella:

Most of you view gaming as ‘Microsoft has …an Xbox business.’ I think you understand the console economics. But it’s a much broader thing for us.

Para quem não percebe Inglês fique apenas a ideia que a Microsoft define que a economia e tudo o que rodeia as consolas para eles é algo muito mais extenso. Há uma visão muito mais global e da qual a consola é apenas uma parcela.

Amy Wood, Director Financeiro da Microsoft descreve mesmo a divisão como “crítica” para o futuro da Microsoft, o que mostra que a visão da empresa na consola é muito mais ampla do que aquilo que o atual mercado abrange.

Mas mais ainda, Amy Wood descreve a divisão, na sua entrevista de Maio de 2017 como lucrativa e em crescimento.

Daí a realidade. Afirmar que dá prejuizo… é especular!



“A Microsoft vai vender a Divisão Xbox”

Esta é uma situação referida baseada num acontecimento do passado, mas que não possui qualquer fundamento atual.

Quando da mudança de CEO que deu origem à Eleição de Satya Nadella, Steve Balmer, um dos candidatos a CEO não era a favor de se manter na empresa divisões ligadas à produção de Hardware. A Microsoft era vista por ele como uma empresa de software e serviços, e como tal, se este ganhasse, a Divisão Xbox seria para se vender, uma ideia apoiada por vários accionistas.

Mas não ganhou! Ganhou Satya… e Satya incluiu a Xbox nos planos da empresa, pensando a longo prazo com ela. A Xbox passou de uma consola a uma plataforma que passou a englobar o PC, e num conceito que a Microsoft pretende expandir. Bem, ou menos bem sucedida, actualmente, a empresa aposta nisso e vai evoluir ainda mais este conceito no futuro, e poderá até passar a não ficar dependente de um hardware fixo para manter a plataforma Xbox. É uma aposta para algo que se sabe irá ser, mais cedo ou mais tarde, uma realidade e onde a Microsoft quer ser pioneira.

Perante este planeamento, e o avançar continuo deste conceito onde várias empresas estão a pensar apostar, não há porque se pensar que a Divisão Xbox venha a deixar de estar nos planos da Microsoft. Os jogos são um mercado muito lucrativo e em crescimento, e ter uma fatia do mesmo é melhor do que não ter nada. A Microsoft nesse sentido aposta a longo prazo, e em conseguir vir a ter uma fatia bem maior, passando futuramente a Xbox a um serviço não dependente de um hardware.

O conceito é bom, e será mesmo o futuro. Não sabemos se um futuro próximo ou longínquo, mas a ideologia tem certamente pernas para andar.



Daí que vender a divisão… esqueçam! Atualmente a divisão está em mudanças de paradigmas, mas é para manter.

“A Xbox não tem jogos”

Tal como as queixas sobre frases do outro lado, esta também é totalmente desproporcionada e desadequada!

A diferença entre os jogos Xbox e os jogos PS4 estão apenas nos jogos First Party, ou seja, nos jogos criados pelas empresas da própria marca. Nesse campo é inegável que a Sony está muito melhor servida que a Microsoft, alimentado a sua consola com uma quantidade bastante superior de títulos de qualidade.

Mas a Xbox nunca deixou de ter exclusivos, e mais ainda, nunca teve qualquer quebra de suporte de terceiros.

Absolutamente todos os jogos de terceitos que saem para a PS4 são pensado para sairem igualmente para a Xbox. Às vezes há jogos de pequenos produtores que, não tendo recursos para tudo, apostam apenas numa das plataformas, mas os jogos de maior qualidade, aqueles que são relevantes a nível de vendas e que ditam o sucesso de um produto, salvo contratos de exclusividade pagos, aparecem forçosamente em ambos os lados. E eles são o grosso do mercado!



Mesmo os exclusivos Xbox continuam a existir. Podem não ser muitos, e podem até nem ser jogos de grande impacto, mas existem. PUBG por exemplo, foi uma aposta recente de menor custo (jogo indie), mas que se revelou de enorme mais valia.

No global a Xbox é uma consola que possui um suporte excelente, e o máximo que poderia ser dito é que o suporte da PS4 é superior. Mas como de costume o exagero aparece, e onde deveria ser dito que a “A PS4 tem mais jogos”, o exagero leva logo a ser referido “A Xbox não tem jogos”.

Enfim… sem comentários.

“A Xbox é pior que a PS4”

Há certas coisas que não se dizem, e que certamente aqui no nos artigos não dizemos. Dizer que A é melhor que B é bem diferente de dizer que B é pior que A. O primeiro caso eleva o produto A, mas o segundo rebaixa o produto B. São afirmações diferentes e com as quais temos enorme cuidado.

Aliás, mesmo quando usamos o primeiro caso (A melhor que B), comparando as consolas, fazemos apenas isso de em comparações especificas de funcionalidades, e apenas nesse contexto. Nunca no global do que é o produto.



Num exemplo, o que aqui sempre dissemos é que a PS4 é mais potente que a Xbox, mas nunca entramos em considerações sobre a consola globalmente ser melhor ou sobre ser pior. Aliás referir-se que A é melhor que B num contexto mais global exigiria que A fosse superior a B em todos os campos, ou pelo menos na maioria deles. E aí, no caso das consolas essa situação, até porque muitos dos fatores dependem de gostos pessoais, não corresponde à verdade! E não o sendo… é opinativo!

No aspecto global não podemos dizer sem opinar que uma consola é superior à outra. Sim, a PS4 pode apresentar jogos a 1080p contra alguns jogos a 900p na Xbox, mas a PS4 base vendida atualmente não suporta resoluções 4K e nem sequer pode ver filmes a 4K, ao passo que a Xbox One S, a consola base vendida atualmente faz isso. Há pontos fortes para cada um dos lados e que compete a cada um e apenas a si pesar.

Mas a parte mais complicada de uma comparação dessas são os fatores menos palpáveis que contam tremendamente. Por exemplo, um fan de Halo não irá gostar mais da PS4 por causa de Uncharted. Uncharted nao é Halo! Há questões pessoais, questões ligadas a preferências de conteúdos e serviços historicamente ligados à consolas que contam e que impedem que uma avaliação dessas seja directa e objectiva.

Menos ainda quando se refere a coisa ao contrário, e em vez de se concluir que A é melhor que B, se diz que B é pior que A. Esse tipo de afirmação tem de ser feita com muito cuidado! Porque aqui não há a intenção de puxar algo para cima, mas sim de empurrar algo para baixo.

Psicologicamente o efeito do uso dos termos melhor e pior tem efeitos diferentes. É como a história do copo que está a meio, e onde dizer que está meio cheio tem uma percepção diferente de se dizer que está meio vazio.



Quer percebam isto, quer não, é diferente!

Mas voltando às consolas, olhando para a PS4 e a Xbox One, a realidade é que vemos consolas muito semelhantes. Ambas possuem muitos dos mesmos jogos, e praticamente os mesmos serviços. Mas depois há factores que puxam mais para um lado e outros que puxam mais para o outro. Ambas as consolas são constituídas por hardware e serviços, e nessa grande quantidade de fatores que podemos analisar, uns são melhores de um lado, outros são melhores do outro.

Daí que este tipo de afirmação global sobre uma consola seja bastante pouco fundamentada. Nem A é pior que B, e nem B é melhor que A. O que temos são ofertas diferentes para gostos diferentes. Analisando os pontos de forma individual, aí sim, podemos dizer que uma bate a outra nuns pontos, mas a outra também apresenta pontos onde sai por cima! Depois… é escolha de cada um!

Fazer uma declaração destas de forma genérica é certamente fazer aquilo que se denomina como “esticar a corda”, e que certamente não ajuda nada ao diálogo. Ainda por cima porque… é apenas uma opinião.

“A Microsoft são uma cambada de burlões”

Perante as promessas da Cloud, das performances do DX 12, do DRM, etc, até se pode compreender onde se vai buscar este argumento. Mas será que há razões reais para isso?



Infelizmente no comercio há uma situação denominada Marketing. Basicamente o Marketing é uma forma de se promoção de um produto, que muitas vezes estica a realidade ao limite. Vemos isso em tudo quanto é publicidade quando nos dizem que o produto X retira certos tipos de nódoas, mas quando vamos ver… não tira! Até tira mais que os outros, mas não tira tudo.

Se entendermos isto como burla, não há mais nada a dizer, mas na realidade a burla seria se o produto não fizesse aquilo que anuncia. A partir do momento que faz, mesmo que não faça como é dado a entender, isso é puramente marketing.

Lembram-se desta publicidade?

Ali referem que o Fairy, um detergente, lavou 14.763 pratos. E dá a entender que usaram apenas uma garrafa, e que todos ficaram bem lavados. Mas será que foi mesmo assim?



Será que os pratos ficaram todos lavados por igual? Será que alguns não foram apenas passados por água quente mas ficaram igualmente limpos porque a porcelana ou cerâmica dos pratos usados limpa facilmente?

Que o que ali está tenha sido verificado por um notário, nada a dizer… que os pratos ficaram todos igualmente limpos, e bem limpos, é que já não sei!

Mas isto não é uma burla… é Marketing! Esticar a realidade, neste caso a durabilidade do detergente.

A Microsoft por norma nunca mentiu naquilo que anunciou, apenas esticou a corda ao dar a entender muito mais do que era. Mas por exemplo, o DX 12 nasceu e está a uso, trazendo melhorias. A Cloud não se comprovou ainda, mas há grandes estudos e avanços na área, e Crackdown vai mesmo sair, sendo que a Microsoft continua a apostar na área, e até tem ajudado alguns jogos com cedências de servidores na sua Azure, o que é um uso da Cloud.

Basicamente não houve aqui mentiras, houve apenas um exaltar de caracteristicas que não se revelaram exactamente como se deu a entender.



Não vamos esquecer que a Sony também fez o mesmo em muitos casos, por exemplo, quando deu a entender que a PS3 correria jogos a 1080p. E correu… um ou dois! Dos outros, muitos esforçaram-se para chegar aos 720p. E quando a Sony prometeu retro compatibilidade na PS3 que depois desapareceu, ou quando foi referido que a PS3 poderia correr jogos a 120 fps, que na realidade era apenas uma referencia à capacidade máxima de refrescamento do GPU.

A Microsoft pode estar nesta altura a fazer poucas amizades, mas daí a serem burlões vai um grande passo. Porque a serem-no, não são mais do que os outros das outras empresas que ao longo da vida fizeram igual. Quando uma empresa está por baixo, tem tendência a exagerar o que tem. É isso promoção de produto!

Agora uma coisa é pegar em tudo o que foi dito, verificar o que foi e não feito, e dizer-se que a Microsoft usou de Marketing e não cumpriu com o prometido, mesmo sabendo de antemão que não havia condições para o fazer… Outra é pegar nisso para os chamar de burlões!

Porque se eles são… a Sony, na era PS3, não foram melhores! E um burlão… é sempre um burlão.

“O Game Pass é um cavalo de troia”

Creio que será escusado explicar o que é o Game Pass… E confesso que não sei se este tipo de serviços será viável no futuro. Aliás já dei a conhecer os meus medos devido ao facto que várias empresas estão a entrar neste serviço arriscando fragmentação de mercado.



Mas dizer que isto é um cavalo de troia é algo que ninguém pode comprovar. Até pode vir a ser, e uma vez este tipo de serviços implementados poderemos ver os preços a subir e os custos a ficarem iguais ou até superiores aos atuais.

Mas isto é tudo um SE! Ninguem pode de boa fé prever o futuro. Não sei o que pode ou não pode acontecer. Aceito os receios, eu também os tenho. Mas não posso fazer uma afirmação destas face a um tipo de serviço que, quer queiramos, quer não, vai ser implementado e em força.

Afirmar-se que é um cavalo de Troia é um juízo de intenções. Um cavalo de troia é algo que se sabe o que contêm, mas que os outros que o recebem não sabem. Partir-se desse princípio é muito mau! O netflix nunca se revelou um cavalo de troia, muito pelo contrário. A coisa pode mudar, mas quando foi criado essa ideia não passava na cabeça de ninguem! Daí que acreditar-se à partida que o Game Pass é mal intencionado é esticar a corda. É olhar para a Microsoft como burlões, capazes de tudo.

Basicamente ao entrar já neste tipo de serviços a ideia da Microsoft é ser pioneira, pavimentar o caminho e garantir um lugar no futuro. Naturalmente os preços podem vir a ser outros e a haver ajustes. Dependerá da fragmentação e divisão do mercado. Podemos efectivamente estar perante um tremendo “cavalo de troia”, e colocar questões sobre o serviço é apenas lógico, mas afirma-lo peremptoriamente nesta fase é fazer um juízo de valores prematuro pouco sério com o intuito de colocar em causa a seriedade dos outros.

“A Xbox vende mal”

Curiosamente na parte 1 do artigo tive um discurso semelhante com a questão das vendas dos exclusivos. É que não é por A vender o dobro de B que B vende mal! A é que vende melhor que B!

Este tipo de raciocínios da batata são deturpações de realidades, criando mini realidades. É certo que a Xbox ao vender tanto como a Xbox 360, e a PS4 vendendo o dobro, o que vemos é que a PS4 vende muito mais do que a PS3, e que a Sony aumentou o seu mercado face à geração anterior.

Mas dizer que a Xbox vende mal, quando esta está, mais coisa menos coisa, a acompanhar as vendas da 360, acaba por ser dizer que a 360 também vendeu mal.

No entanto a Xbox 360 foi a consola melhor sucedida da Microsoft. A Xbox One está a vender basicamente igual, mas sem dar os problemas da 360, com maiores receitas de serviços e vendas digitais. Basicamente a consola está longe de estar a dar-se mal.

A realidade que notamos é que face à geração passada os outros estão a vender melhor. Mas virar o conceito partindo do principio que se os outros vendem melhor, então a Xbox vende mal… não é uma verdade! A verdade é que a Xbox estagnou. Não cresceu!

Mas no que toca a números as vendas não estão más. Estão é abaixo dos outros.



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