Onde param as baleias?

Baleias é o termo dado na gíria aos utilizadores que mais dinheiro despendem na compra de videojogos. E o que se questiona é que hábitos de consumos estes possuem perante os serviços de subscrição.

“Chamem-me Ismael”. ?

Não, na realidade não vou escrever aqui uma novela estilo o “Moby Dick”. Este artigo fala de baleias bem diferentes das do livro. É no fundo um exercício de liberdade intelectual sobre as mudanças que estão a ocorrer no mercado dos videojogos, e que irão influenciar muitos dos grandes clientes que existem atualmente.

“Baleia” é o termo que na gíria se dá aos grandes gastadores nos vídeo jogos. E chama-se baleias exatamente porque o que estas pessoas gastam em jogos distingue-os do mero “carapau” que compra um jogo aqui e ali.

Basicamente são estes consumidores de maior dimensão que fazem o mercado mexer. São eles que fazem a diferença e mexem com as vendas!



Tal como no mundo real, onde há várias espécies de baleias, aqui também podemos separar estas “baleias” em grupos. Há aqueles que gastam dinheiro na compra de jogos, e aqueles que gastam dinheiros em compras dentro dos jogos.

Ambos são deveras relevantes para o mercado, mas a realidade é que são “baleias” diferentes. Consumir jogos é uma atitude bem diferente de investir dinheiro dentro dos jogos, e apesar que certamente muitas “baleias” misturam os dois tipos de consumos, há “baleias” que não concebem o gasto dentro dos jogos, mas sim e apenas na compra de jogos.

Quanto referimos que uma consola possui um attach ratio, ou jogos vendidos por consola, de 9 jogos, a grande realidade é que esta situação é uma média. Existem pessoas com 50 ou 60 jogos e pessoas com apenas 1. A média de 9 está longe de estar dividida de forma equitativa, e como se percebe pela média, são mais as pessoas que compram uma consola para jogarem um jogo, do que as que as compram para adquirirem grandes quantidades de jogos.

E nesse aspeto, a realidade que experimentamos aqui neste website, e nos fóruns de internet está longe de corresponder à realidade do que é o mundo dos videojogos. Basicamente, uns maiores, outros menores, por norma quem frequenta estes “meandros” acaba por cair na definição de “baleia”.

Ora este artigo surge um bocado a pensar nestes utilizadores, e na forma como serviços de subscrição podem afetar os seus consumos.

Basicamente os serviços de subscrição estão pensado para alterar os hábitos de consumo do jogador. Em vez de gastar dinheiro em jogos, estes serviços propõem-se recuperar as perdas nas vendas através de monetização e venda adicional de conteúdos. Basicamente é um pouco diferente do que existe atualmente.



Pessoalmente posso dizer que sou uma baleia. Olhando para o attach rate divulgado da PS4, ele é de 9.6 jogos por consola vendida. Da mesma forma a Xbox One tem um attach rate de 6.55 jogos por consola vendida.

O que posso dizer é que estes números ficam bastante abaixo daquilo que é a minha realidade. E creio que posso falar dizendo o mesmo, pela maior parte dos leitores desta página!

Daí que, tal como referido, quem anda nestes meandros dos videojogos e segue as suas notícias regularmente é ele mesmo, em maior ou menos dimensão, uma “baleia”. Uns gastam em jogos, outros em conteúdo dentro dos jogos, mas gastam…

Mas a questão que aqui já abordei é que isso implica dois tipos de “baleias” diferentes. E cujos gastos podem ser incompatíveis!

Olhando para o meu caso, as minhas compras são em jogos físicos. O simples facto de serem em digital já é para mim um off à despesa. E mais seria se em vez de comprar jogos comprasse coisas dentro dos jogos. Aliás digo já que num caso desses eu nunca gastaria um tostão que fosse!



Basicamente os serviços de subscrição vão trazer mudanças ao mercado. E as “baleias” ou mudam de aguas, ou desaparecem. Isso não quer dizer que não apareçam outras, mas a realidade é que vejo a maior parte das pessoas que estão fascinadas com os serviços de subscrição a fazerem-no pela poupança que isso lhes pode trazer. E se a ideia é a poupança… então certamente não vão passar a investir dentro dos jogos.

Isso poderá implicar perdas enormes de receitas. Mas garantidamente, mesmo que isso não aconteça e outros consumidores apareçam, implica uma mudança arriscada no mercado. Uma mudança com consequências que são desconhecidas.

Olhando para o mercado dos smartphones, vemos que milhões de peixinhos a debicar, junto com algumas “baleias” que despendem dinheiro dentro dos jogos, dão mais receita que as “baleias” ds consolas. Mas estamos a falar de mercados com qualidade diferentes. O mercado dos smartphones está subvertido a jogos MMO. É raro o jogo que, mais cedo ou mais tarde, não me proponha aderia a um clã, a uma guilda, a um esquadrão, a um sindicato, etc. Basicamente formas de tornar o jogo online, um MMO, com mais ou menos interação, mas uma forma de garantir melhorias nas microtransações que absolutamente todos esses jogos suportam. Microtransações que a cada atualização do jogo se tornam mais obrigatórias, ou pelo menos mais recomendáveis, de forma a melhorar as receitas cada vez mais.

Esse não é o mercado das consolas. Um mercado onde os jogos são vendidos caros, mas que apresentam qualidade e jogabilidade relativamente livre dessas práticas. E digo relativamente pois infelizmente este mercado está também já contaminado, sendo algo que pressings em serviços de subscrição com jogos dia um, contribuirão ainda mais para contaminar.

Parece assim claro que há aqui tipos de “baleias” que poderão ser espécies em vias de extinção… E que cada vez mais se percebe que há menos preocupação em manter, face às outras baleias que gastam in-game, apesar das receitas elevadas que elas ainda hoje aportam.





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José Galvão
José Galvão
20 de Novembro de 2022 13:11

Se por um lado nem carapau sou pois nunca gastei um cêntimo sequer em micro transacções e afins, por outro lado sou uma baleia azul que é a maior de todas, tenho cerca de 300 jogos para a PS3, mais de 400 para a PS4 e a da PS5 está a crescer embora não acredite que cheque aos valores das anteriores porque a vida hoje em dia não é tão propensa a gastos.

Não acredito muito que essas baleias que basicamente em grande parte estragaram a industria, ao financiar determinadas más praticas, se venham a extinguir, vão é ser reencaminhas como gado para outros modelos como o das subscrições, assim continuam a gastar o que já gastavam mais o valor da subscrição, e é para isto que a Microsoft está a trabalhar, e com o veemente apoio dos cachalotes da nossa praça.

Rui
Rui
20 de Novembro de 2022 14:22

Eu comprei este ano o elden ring e o dlc do jogo do gamepass dayz.

Planeio comprar o cod mw2 quando entrar em promo tudo o resto vem do gamepass e estou muito satisfeito.

Quanto ao in-game já fiz algumas compras esporádicas nos packs de carros do forza ou do pgr, no dayz, e mais num ou outro.

Da perspectiva de colecionador já não sou mas no meu pico, tive a ps1 (20j), ps2 (100j), ps3 (150j), psvita(8j) e psp(todos, pirateados), Dreamcast (20j), xbox (100j), x360(200j), xone(40j) e xSX(0j físicos).

O mercado dos jogos tem mudado e vai continuar a mudar Sr Mário, esqueça a nostalgia, o que aconteceu nos filmes vai acontecer nos jogos.

A última geração á moda antiga foi a da ps3 e x360, na xone e ps4 já tinhamos jogos sem o jogo todo no disco e hoje em dia compramos o disco com uma key para sacar o jogo.

As próprias consolas estão a caminhar para o seu fim, a Microsoft já deu a dica que vai haver pelo menos mais uma geração da xbox e achei curioso o phill dizer que o cod vai continuar a sair na ps7, será que a Microsoft aponta para o fim das consolas a geração ps7, que vamos ter pelo menos mais duas gerações ps e xbox?

Não sei, a minha única certeza é que vai haver mais uma xbox e no futuro xbox vai ser o nome do serviço invés de um nome de uma consola.

Deto
Deto
Responder a  Rui
20 de Novembro de 2022 15:28

acabou de falir o stadia.

amazon tá demitindo um monte de gente, inclusive uma galera do Luna

mas o futuro é streaming e os consoles vão acabar, so pq o teu xbox é o lanterna em todas as gerações.

José Galvão
José Galvão
Responder a  Rui
20 de Novembro de 2022 15:50

Quem te ouve falar pensa que o exemplo de Modern Warfare 2 é standard na industria.

Na minha opinião a ultima geração à moda antiga é a da PS2/Xbox/Gamecube, depois disso todas as gerações ficaram irremediavelmente arruinadas com a prática do day one patch.

Que as consolas vão acabar um dia, isso já todos nós sabemos, o problema é que a Microsoft quer acelerar esse processo por causa do seu sonho molhado all digital onde é rei e senhor.
Tudo na vida morre, nós também vamos morrer um dia, mas até lá, vou fazer os possiveis para não abreviar essa inevitabilidade, se de facto ainda se acha que vamos até à PS7, então pelas minhas contas ainda temos entre 20 a 25 anos de mercado ”tradicional”, depois disso já tenho 70’s e já não tenho a saúde nem os reflexos para me dedicar ao gaming como me dedico hoje.

Rui
Rui
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Novembro de 2022 22:03

Corre na ps4 porquê é um jogo ps4 com os lows/medium na ps4 e os ultra na ps5.

De resto com a situação dos smartphones concordo consigo a 100%, não concordo consigo que um gamepass a correr tudo as mil maravilhas para a Microsoft se torne num serviço de jogos estilo smartphone nas consolas, isso estou 100% contra.

Eu também desejo que existam mais gerações, eu gostaria que aparecesse um terceiro player nas consolas, mas isto é o nossos desejos, a realidade não parece ser essa, o streaming vai tomar conta e consolas físicas provalmente a sega foi a última empresa a competir com a ps e xbox, é o que é.

Não conto com a Nintendo que essa companhia a mim diz zero enquanto continuar a vender hardware de 2010 a preços de 2022 e a vender o mesmo jogo desde 1980.

Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Novembro de 2022 23:17

Acabei de ver o Raf Grassetti falar em um podcast que a Santa Monica chegou no pico de 800 pessoas trabalhando. Talvez pode ter diminuído um pouco já que GOW Ragnarok está pronto.

https://www.youtube.com/watch?v=YnP9-WJ_YnI

Julio Santos
Julio Santos
Responder a  Mário Armão Ferreira
21 de Novembro de 2022 2:14

Estou embasbacado com o God of War Ragnarok. Que qualidade meu amigo! Que venham mais desses aqui pra casa. Quem quer gastar seu tempo com Scorn ou Fortnite que gaste. Eu só lamento kkkk.

Rui
Rui
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Novembro de 2022 22:28

Acabei de ver o comparativo da df ao mw2 last gen e mais uma vez lá foi dito que a playstation foi a base de desenvolvimento.

Temos uma consola que é inferior a ps4pro a correr o jogo bem mais estável que a one X.

Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
Responder a  Rui
20 de Novembro de 2022 22:56

Só que a Xbox One X corre o jogo em 4k (2160p), e a PS4 pro em 1536p.

É uma diferença muito grande de pixels, mesmo considerando a diferença de poder computacional entre as duas consolas.

Talvez a Xbox One X estaria tão estável quanto a PS4 Pro caso corresse o jogo em 1800p.

Last edited 1 ano atrás by Carlos Eduardo
Rui
Rui
Responder a  Mário Armão Ferreira
20 de Novembro de 2022 23:14

Vi essa afirmação no comparativo da ign e hoje novamente no comparativo da digital foundry.

Rui
Rui
Responder a  Mário Armão Ferreira
21 de Novembro de 2022 9:23

Você não vê problemas e depois vemos o jogo a correr mais estavel na ps4 vs SS e mais estável na ps4pro vs One X.

Tudo coisas normais, o que você disse faz sentido mas creio que é óbvio que a plataforma master do desenvolvimento é sempre a favorecida, as outras levam com os remendos no código para correr em ambas.

Deto
Deto
Responder a  Mário Armão Ferreira
21 de Novembro de 2022 13:50

talvez o motivo do xbox ter tanta falta de vsync seja exatamente essa discussão aqui…

gerar esse tipo de discussão, apostaria que a MS prefere comprometer o console dela com tearing para dar munição pra fanboy de internet ter “argumentos” de “poder”

Talvez pq a MS se importe em parecer do que ser…

Last edited 1 ano atrás by Deto
Deto
Deto
20 de Novembro de 2022 15:30

Tá ai a groselha do GP “vender mais jogos”

o sujeito ai que compra 100 jogos por ano assina GP e começa a comprar 10

mas a MS anuncia isso como vitoria, pq o cara assinando GP compra 10 jogos comparado com o casual que compra UM jogo por ano e para ele não vale a pena assinar GP.

olha uma enquete de internet sobre comprar jogos depois de “assinar serviços” :

https://forum.outerspace.com.br/index.php?threads/servi%C3%87os-voc%C3%AA-ainda-compra-jogos-ap%C3%B3s-assin%C3%A1-los.588697/

É uma amostra que tem seu valor…

Somando quem diminuiu a compra e quem PAROU de comprar jogos, temos SETENTA por cento

Last edited 1 ano atrás by Deto
Juca
Juca
Responder a  Deto
20 de Novembro de 2022 20:48

A “vitória” da MS é que ela já não vendia tanto e agora atrai alguns pra tentar vender mais, pois o serviço é “atrativo”.

A MS também ganha ao minar a concorrência, provavelmente ganhar market share, e aumentar seu fluxo de caixa e vir falar de aumento de receitas, embora saibamos que provavelmente nem tenha aumentado lucro ou até aumentado o déficit da divisão.

O que vejo é que a MS está como essas redes sociais que querem ter é receptores de propaganda, e usar isso como “portfólio”.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Juca
Juca
20 de Novembro de 2022 20:39

Meus hábitos mudaram um pouco, comprei muitos jogos de PS3, mais em disco, comprei muitos de PS4, muitos digitais, mas nessa geração estou voltando pros discos, em lançamento agora são poucos e estou evitando comprar jogos que se lançam em serviço, pois entendo que não vou pagar mais por aquilo que os outros têm barato, pois não irei subsidiar uma prática que condeno e julgo danosa. Logo, tudo que estiver precocemente em serviços eu passo! Agora, só estou comprando em lançamento aquilo que mais aguardo (Forsaken e FF16 são os próximos) o resto vai ficando pra uma mega promoção!

Last edited 1 ano atrás by Juca
Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
Responder a  Juca
20 de Novembro de 2022 22:40

Refletindo no seu comentário, acho que meus hábitos não mudaram tanto.

Geralmente eu coloco todos os jogos dentro de alguma das 3 caixas:

1) Jogos que estou tão no hype de jogar que pago o preço de lançamento.

2) Jogos que tenho interesse em jogar mas não pago o preço de lançamento.

3) Jogos que não tenho interesse em jogar.

No item 1, desde sempre todo jogo que eu estive no “hype” de jogar day one, eu fui lá e comprei. Preço de lançamento eu geralmente priorizo mídia física, salvo casos onde o jogo seja lançado apenas digitalmente (por ex: Kena).

No item 2, eu costumo esperar pelo jogo abaixar para o preço que estou disposto a investir. E caso o jogo seja lançado antes no serviço, eu irei consumi-lo sem comprar.

Já no item 3, eu costumo não consumir, mesmo que esteja disponível no serviço.

A única coisa que mudou comigo ao longo dos anos foi no item 1, porque nos tempos de PS3 e PS4 eu comprava jogos em day one sem necessariamente começar a jogá-los imediatamente. Já na geração PS5, com jogos a 300~350 reais, eu só compro se tiver certeza de que começarei a jogá-los imediatamente ?.

Então os serviços não mudaram tanto os meus hábitos, talvez me fez comprar menos jogos que pagaria cerca de 100 reais em cada (como dito no item 2). Mas mesmo assim, caso o jogo entre em promoção pelo preço que acho razoável pagar, vou lá e compro, sem depender de algum dia entrar no serviço.

Last edited 1 ano atrás by Carlos Eduardo
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