Os jogos single player estão a morrer? Claro que não! – Parte 2

Nesta segunda parte do artigo vamos analisar a postura de algumas empresas face ao Single Player!

Single player ou jogos offline… Estão a morrer ou não? Aqui continuamos a analisar a afirmação de que estes jogos estão prestes a desaparecer.

Antes de avançarmos devemos notar que o online cada vez mais faz parte dos videojogos. É uma componente multi jogador que não pode e nem deve ser desprezada. A questão é que essa componente nem sempre é a principal de um jogo. E nesse sentido continuaremos a considerar um jogo como single player, ou offline quando essa componente online for basicamente secundária.

Por exemplo, Uncharted é um jogo que nas últimas versões possui uma componente online, mas essa parte multi jogador não é a responsável pelas grandes vendas do jogo! Já outros jogos como Halo passaram de jogos offline nas primeiras versões, para jogos que passaram a vender mais pelo facto de possuirem uma componente online do que pela offline.

Nintendo



A Nintendo é a empresa que mais jogos Single Player cria. Diga-se aliás que basicamente é uma empresa que vive do single player, e apesar de suportar o online e componentes online, estas são sempre opcionais.

Sendo uma empresa que aposta regularmente em jogos First Party e mesmo em novos IPs que contenham as suas personagens, o Single Player é o estilo mais suportado!

Basicamente no que toca a jogos multi a Nintendo tem mais apetência a suportar os family games, ou jogos cooperativos e/ou split screen, sendo que os jogos 100% online não são uma realidade nesta empresa.

Os seus grandes sucessos são todos jogos de jogador único, e a empresa não tem grandes planos de mudar essa realidade, até porque como as vendas da Switch e 3DS indicam, os Single Player estão cá para dar e durar.

A nível de vendas de  jogos Single Player, a Nintendo é líder incontestada e bastante longe dos valores conseguidos por terceiros. Eis alguns dos seus jogos First Party ou por si publicados, e mais vendidos:

Nota: Todos os valores presentes neste artigo foram retirados do VGChartz.



Super Mario Bros – 40.24 milhões – offline
Mario Kart Wii – 35.64 milhões – offline e online
Wii Sports Resort – 32.79 milhões – offline
Pokémon Red/Green/Blue – 31.37 milhões – offline
Wii Play – 28.92 milhões -offline
New Super Mario Bros DS – 29.81 milhões – offline
New Super Mario Bros Wii – 28.4 milhões – offline
Nintendogs – 24.67 milhões – offline
Mario Kart DS – 23.23 milhões – offline e online
Pokemon Gold/Pokemon Silver – 23,10 milhões – offline

Apesar de tudo a monetização dos jogos, com a venda de conteúdos in game foi introduzida pela Nintendo em 2011, mas apesar de a empresa ter implementado os mesmos em alguns jogos, o facto de os seus jogos serem Single Player e usarem a internet de forma opcional faz com que estas compras sejam basicamente estéticas, sendo que mesmo que haja auxiliares de jogo, estes, ao serem aplicados no jogo single player, não interferem com terceiros.

Sony

Apesar de uma maior variedade nos jogos que cria nas suas empresas, o Single Player é maioritariamente o tipo de jogos que esta empresa cria. Note-se que isso não quer dizer que o multi player esteja esquecido, até porque ele é uma realidade nos dias que correm e que a Sony não esquece. No entanto essas situações nos jogos Sony são extras e não a componente principal. Contam-se pelos dedos os jogos Sony onde a componente online tem preponderância sobre a parte offline.

Não há no mercado empresa que mais aposte em jogos First Party e novos IP do que a Sony. No entanto, apesar de os seus jogos acompanharem os tempos e apresentarem componentes online, os jogos single player são e prevê-se que continuem a ser a predominância da Sony.



Na sua génese a Sony suportava muito muito o jogo cooperativo ou em ecrã dividido com dois comandos, algo que se foi perdendo com o tempo e que vimos agora com bons olhos regressar em Gran Turismo Sports. Um jogo que curiosamente é dos poucos que quebra com a premissa dos jogos Sony de funcionarem maioritariamente offline.

Eis alguns de jogos por si criados ou publicados e mais vendidos:

Gran Turismo 3: A-Spec – 14.98 milhões – offline
Gran Turismo 4 – 11.66 milhões – offline e online
Last of us – 11.54 milhões – offline
Gran Turismo – 10,95 – Offline
Gran Turismo 5 – 10.7 milhões – offline e online
Uncharted 4 – 9.55 milhões – offline com componente online
Gran Turismo II – 9.49 milhões – offline
Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back – 7.58 milhões – offline
Uncharted 3 – 6.74 milhões – Offline com componente online
Uncharted 2 – 6.68 milhões – Offline com componente online
Uncharted: The Nathan Drake Collection – 5.22 milhões – Offline com componente online.

Como consequência do Single Player, a Sony tem-se igualmente mantido relativamente afastada das metodologias de monetização. Isso não quer dizer que os seus jogos não a suportem, mas tal não é uma realidade que possa ser apontada como sendo uma prática comum nos jogos desta empresa.

Infelizmente temos noção que isso será algo que durará pouco tempo pois as receitas obtidas desta forma são impossíveis de se ignorar. Falta saber como no futuro, com mais implementação de micro transações, a Sony lidará com elas.



Seja como for esta análise reporta-se basicamente ao sucedido até aos dias de hoje, e não ao que aí poderá vir.

Microsoft

Dos três grandes a Microsoft é a empresa que menos tem apostado nas First Party, e muito menos em novos IPs. Nesse sentido a Microsoft tem vindo a apostar sempre apenas na formula que considera que funciona, com os seus jogos a incidirem basicamente sempre sobre os mesmos IPs e a possuírem quase todos eles vertentes online que igualam ou se sobrepõem à componente offline.

A tal não será alheio o facto de a Microsoft possuir a sua Cloud, a Azure, e que lhe interessa publicitar.

Das três fabricantes de consolas a Microsoft é atualmente a que mais aposta em sistemas de monetização como as Loot Boxes, e compras in game. Está ainda assim longe dos esquemas chocantes de algumas das empresas Third Party, mas no entanto, claramente, das três empresas que fabricam consolas, é a que mais aposta nesse sistema.



E mais uma vez aqui, a facilidade da associação destes esquemas ao multi jogador online não pode deixar de ser feita, pois como referido no artigo anterior, o online ao existir e ao tomar proporções predominantes sobre os jogos, facilitam a implementação de lojas virtuais e respectivas vendas.

Eis os seus títulos mais vendidos:

Halo 3 – 12.12 milhões – offline e online
Halo Reach – 9.95 milhões – online e offline
Halo 4 – 9.83 milhões – online e offline
Halo 2 – 8.49 milhões – offline e online
Halo: Combat Evolved – 6,43 milhões – offline e online
Halo 5 – 4.85 – online e offline
Forza Motorsport 2 – 4.05 milhões – offline e online
Gears of War: Ultimate Edition – 3.56 milhões
Halo: The Masterchief colection – 3.41 milhões
Gears of War – Offline e online – 3.11 milhoes

Se olharmos para a lista verão que os jogos Microsoft possuem todos componente online, sendo que altualmente tanto Halo como Gears como Forza possuem uma componente online que se revela mais predominante nas vendas do que a offline.

Basicamente a Microsoft é a empresa que menos suporta o single player, mas como se vê pelas vendas, também é a empresa que possui menores valores de vendas nos seus títulos mais vendidos.



Conclusões?

Perante estes dados, poderemos mesmo dizer que os jogos offline e single player estão a morrer?

A Nintendo Switch vendeu 4.7 milhões de consolas em 4 meses ou, em média, 1,175 milhões de consolas por mês.

A Sony passou os 63,3 milhões de consolas vendidas em 47 meses, ou seja uma média de 1,3468 milhões de consolas por mês.

A Microsoft não tem valores oficiais de vendas, mas o valor de consolas deverá rondar os 30 e poucos milhões. Tal corresponde a uma média de pouco mais de 600 mil consolas por mês!



Claramente não podemos negar perante estes dados que, pelo menos no que toca aos jogos produzidos por estas três empresas a preferência pelos produtos que oferecem jogos maioritariamente Single Player está superior à de jogos com componente multi player. E sendo estes exclusivos em grande parte responsáveis pelas vendas das consolas que depois permitem a prosperidade do mercado, perante todos estes factos, dizer que o single player está a morrer é uma afirmação que só se pode dizer que tem mais de fantasioso do que realmente dados onde se apoiar.

Mas todos sabemos onde isto pretende acabar. Após a aposta no multi e nos esquemas de monetização, o que vem a seguir? Jogos como serviço! Exactamente o motivo que no artigo anterior, juntamente com a monetização dos jogos, referiamos estar por detrás de afirmações de que os jogos single estavam a morrer.

Eles não estão… mas há empresas que nesta fase já gostariam muito que estivessem.

 



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