Valor gasto em Micro transacções está em queda nas consolas, mas em alta nos smartphones.

Espera-se que tal seja uma tomada de consciência do público que consolas e smartphones são coisas diferentes.

Um estudo recente da SuperData revela que está a existir uma mudança nos hábitos de consumo na industria dos videojogos. Os valores gastos em micro transacções nas consolas está em queda, ao passo que nos telemóveis está a subir mais do que nunca.

Analisando o mercado verificamos que 85% da receita obtidas nos PC em 2018 veio de Micro transacções. Um valor escandalosamente alto, que demonstra como esse mercado está subvertido, e como ele pode ser um risco à liberdade e pureza de jogo nas consolas.

As consolas infelizmente também tiveram um valor alto (48%), mas que mesmo assim foi inferior ao gasto na aquisição dos jogos em si.

Em 2019, as proporções de receitas mantiveram-se no PC e desceram nas consolas, sendo que o único mercado que realmente mostrou uma grande subida na despesa efectuada em micro transacções ocorreu nos smartphones.



A Super Data refere que esta alteração pode ser definida com poucos factores.

Um deles é que cada vez mais as pessoas gastam menos dinheiro em jogos, mas por outro lado gastam mais dinheiro nos um ou dois jogos que jogam. O fortnite é um bom exemplo, e apesar de ter tido declínios no consumo no início de 2019, a EPIC contrariou isso com mais oferta, e novos conteúdos que mantenham os jogadores activos.

Outro factor prende-se com o facto que os novos conteúdos que vão sendo fornecidos não estão a conseguir convencer os jogadores a gastar mais. Dois exemplos dados foram o FIFA 20 e o NBA 2K20, que possuem formas excessivas de compras ingame.

As boas noticias é que 51% dos jogadores não gastaram dinheiro absolutamente nenhum em conteúdos adicionais. Uma situação que poderá alterar-se com novas ofertas bastante atractivas e transparência na forma como os conteúdos adicionais são vendidos.

Como terceiro e último fator, a SuperData refere que os jogadores estão agora mais atentos e com boa percepção de como os jogos estão feitos para os fazerem separar-se do dinheiro. O NBA 2K20 é referido como o exemplo perfeito de como um jogo, só por si, pede um pagamento premium de 70 euros, e depois basicamente obriga os jogadores a pagamentos contínuos para adquirirem todo o conteúdo do jogo.

A questão das Microtransações e DLCs é um tema que abordamos recorrentemente, e que nos preocupa cada vez mais. É uma situação que está a destruir um mercado que era puro e livre de grandes interesses comerciais. Agora os jogadores compram jogos com problemas, dependentes de patches, sem o conteúdo total, que é retirado parcialmente para ser vendido como DLC, e impregnado de problemas relacionados com o Pay2Win que basicamente destrói a jogabilidade e o prazer de jogar, tornando os jogos num incentivo para se gastar mais e mais, numa ilusão utópica que tal poderá ajudar o jogador.



Somos completamente contra todos estes tipos de negócios paralelos, mas infelizmente, compreendemos que, tal como muitos outros, as pessoas possam ser arrastadas pelo sistema e levadas ao consumo. Há é que se ter a consciência que tais negócios existem, e abster-se de participar neles. Sem os lucros astronómicos deste tipo de coisas, as empresas pura e simplesmente pararão com ele, e o conteúdo passará a estar incluído no custo do jogo, e igual para todos.

Conseguir transmitir esta ideia às pessoas é basicamente uma luta inglória… mas uma luta pela manutenção do ambiente que existiu durante 40 anos, e que permitiu aos videojogos serem hoje aquilo que são, e que estão em risco de ser destruído, tornando-se em algo acessível apenas a quem tem possibilidades financeiras elevadas. E dado que o estudo refere que uma em cada três pessoas acaba influenciada pelo que leem em websites de tecnologia, espero que isso realmente seja assim, e que mais pessoas boicotem este tipo de transacções.



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