Estaremos perante o renascer do PC como máquina de jogos?

Durante muitos anos as pessoas optavam por consolas para jogar em detrimento dos PCs e haviam inúmeras razões para tal. Mas e agora? Será que os argumentos para a escolha das consolas ainda existem?

Durante anos e anos as consolas revelaram-se um paraíso para quem pretendia jogar a baixo custo. Face ao PC as vantagens eram grandes e em muitos aspectos, apesar de existirem igualmente desvantagens. Vamos rever alguns pontos positivos e negativos e as alterações que estão a ser agora introduzidas em 2016.

Hardware único

A unicidade do hardware foi, durante muitos anos um ponto a favor das consolas. Tal trazia muitas vantagens ao utilizador, algumas das quais o transcendiam.

Entre essas vantagens tínhamos o facto de o hardware único permitir um conhecimento geral do funcionamento da consola. Era possível avaliar-se onde a consola respondia melhor, onde respondia pior, e adaptar o software de forma a puxar pelas forças da consola, evitando as suas fraquezas. Esta é uma situação que com mais do que um hardware no mercado não pode ser explorada da mesma forma pois não só hardware diferente pode não se comportar da mesma forma como, caso se comporte, atinge limites que certamente terão proporções diferentes no que toca às forças e fraquezas. Resumidamente, com mais do que um hardware a capacidade de optimização extrema perde-se, sendo que quando mais for a variedade do hardware, mais se perde.

Poderemos não estar aqui a falar de diferenças extremamente significativas, mas num hardware como o das consolas, que ao longo dos anos é constantemente mais solicitado, são essas pequenas optimização que lhes permitem ir mantendo as performances interessantes e a consola viva.



O hardware único tambem traz uma outra consequência, o facto de se poder mostrar um jogo NA CONSOLA. Este é o jogo na consola A, e isso queria dizer que todos os utilizadores da mesma, estejam onde estiverem, independentemente do que tiverem na mesma, irão correr o jogo exactamente da mesma forma, com a mesma qualidade e com a mesma performance.

Alterações 2016

A presença de consolas de meio de geração acaba com a capacidade de optimização extrema das consolas. O que passa a existir são pelo menos dois hardwares diferentes, com capacidades diferentes e de gerações diferentes. Isso quer dizer que caso se optimize ao extremo para a plataforma inferior, a plataforma superior fica a perder.

Não colocando sequer a possibilidade de a optimização extrema ocorrer para a plataforma superior, prejudicando-se a inferior, a alternativa de optimização que resta passa por uma detecção de hardware para uso de código adaptado a cada uma. Mas quantos criadores de software farão isso? Certamente muito poucos!

Onde passará a existir uma grande diferença é no facto de um video de apresentação de um jogo para uma consola deixar de representar a realidade do mesmo para todos os jogadores. Uns terão menores resoluções e/ou fotogramas e quem sabe, até pior grafismo ou nível de detalhe.

Conclusões



Basicamente as consolas perdem aqui, pelo menos parcialmente, um dos seus grandes atrativos face ao PC. Há porém de se referir que atualmente este ponto se tornou menos relevante uma vez que a performance bruta que os PCs atuais alcançam permitem-lhes, mesmo sem optimizações adicionais, esmagar completamente aquilo que as consolas podem fazer, mas a realidade é que esta garantia de se obter algo igual ao apresentado ainda atraia muitas pessoas para as consolas, e no futuro um video de um jogo numa das plataformas deixará de representar exatamente aquilo que todos poderão adquirir. E isso era algo que antes só existia nos PCs e que separava as consolas. E perde-se!

Exclusivos

Um dos fatores que levavam as pessoas a abdicar da potência e versatilidade do PC era a presença de jogos exclusivos de elevada qualidade e adaptados e optimizados à realidade do hardware (o ponto de cima).

Esses jogos passavam por um suporte dado pelo fabricante da consola, que desta forma trazia os jogos que todos queriam jogar apenas para a sua plataforma, tornando a mesma mais atrativa para a compra.

E este sempre foi, e ainda é, um dos factores de compra e escolha de uma consola. Os exclusivos que possuía. E era um dos factores que durante mais de 40 anos levaram as pessoas a passar dos PCs para as consolas.

Alterações para 2016



Apesar de do lado da Sony nada se alterar pois os seus exclusivos mantêm-se apenas jogaveis nas suas consolas, a Microsoft alterou a Xbox para que a mesma se tornasse não numa consola, mas num ecosistemas de máquinas equipadas com o Windows 10, e onde a consola e apenas um dos hardwares disponíveis. Neste caso em particular, a Xbox One é a base de desenvolvimento, o sistema mais fraco do ecossistema, e onde mais compromissos terão de ser feitos. Os PCs terão depois três caminhos a seguir na adaptação dos seus jogos:

  • Permitir melhorias gráficas e de resolução – A única alternativa que permite efetivamente aproveitar a performance toda dos PCs e que poderá convencer os Gamers PC a adotarem o ecossistema.
  • Permitir apenas melhorias de resolução – Basicamente um maus aproveitamento da performance disponível uma vez que muitas máquinas, apesar de mais potentes, por motivos diversos se irão limitar aos mesmos 1080p da consola e como tal a sua performance adicional fica sub-aproveitada.
  • Manter o jogo exactamente igual – Algo que seria extremamente prejudicial para o gamer PC, e um sub aproveitamento da potência da máquina que em nada atrairia os jogadores PC para a plataforma..

Seja como for, do lado da Microsoft, a sua consola não tem neste momento exclusivos em quantidade digna de justificar só por si a compra, e no futuro a situação não vai melhorar. Mas curiosamente, numa situação algo caricata, e de inversão total de posições, o PC possui bastantes exclusivos que não existem para a consola.

Basicamente não só a consola da Microsoft perdeu este trunfo para os PCs, como o PC virou a mesa e agora é ele que apresenta exclusivos face à consola.

Hardware dedicado

Uma das vantagens das consolas face ao PC sempre foi o facto de o seu hardware ser dedicado a jogos. Basicamente era pensado para eles desde a sua concepção.

A presença de chips especializados e novidades a nível de hardware e arquitectura não existentes nos PCs eram uma realidade, e permitiam optimizações que não estavam disponíveis nos mesmos.



O inconveniente de tal era que o custo de criação e desenvolvimento dessas consolas tornava-se elevado, e um investimento que demorava vários anos a pagar.

Alterações 2016

Em 2014 a PS4 e a Xbox One apostaram numa alteração radicalmente diferente do que sempre existira. Os fabricantes de ambas as consolas apostaram numa arquitetura X86, exatamente a mesma dos PCs. A ideia era a produção de consolas acessíveis e que pudessem dar lucros rapidamente. A situação, face à crise mundial e ao poder de compra dos potenciais clientes foi muito bem recebida, mas algo se tornava claro. Com esta arquitetura, a mais popular do mundo, obter jogos que conseguissem puxar pelo hardware da consola era algo bastante mais simples.

Apesar de a arquitetura ser comum, ambas as consolas apostaram em novidades tecnológicas que ainda não estavam, na altura do lançamento, disponíveis no PC, compensando assim um pouco o hardware dedicado e com optimizações das gerações anteriores. Mas a realidade é que o hardware avança a um ritmo alucinante e rapidamente o PC alcançou e até ultrapassou todas essas situações.

Mas na prática… até nem precisava de o fazer para bater a performance das consolas, uma vez que a lacuna tecnológica entre o que é possível fazer-se para o topo de gama dos PCs e uma consola de 400 euros, era mesmo já em 2014, gigantesca, e tal é algo com tendência a aumentar, mesmo que 6 Tflops para finais de 2017 possa parecer muito.



O hardware dedicado basicamente desapareceu e as optimizações internas não passam agora disso mesmo, optimizações, mas que já não fazem a diferença como faziam antes.

Durabilidade

A evolução do hardware nunca foi um problema para as consolas. Estas mantinham o seu hardware fixo durante toda a geração que durava em média 5 anos. Tal tornava as mesmas em algo de grande interesse uma vez que os jogos que saiam mantinham-se optimizados e com boas performances ao longo de toda a sua vida, ao contrário do PC onde o novo hardware lançado obrigava a upgrades para nos mantermos “na crista da onda”.

Alterações para 2016

A introdução das consolas de meio de geração trará alterações ao mercado das consolas que não conseguimos prever. O lançamento desfasado da Neo e da Scorpio, caso aconteça, poderá levar a respostas entre as duas marcas principais do mercado, onde teremos consolas no mercado a períodos regulares bastante curtos. Basicamente, com ou sem elas, o manter uma consola na já referida “crista da onda” da qualidade e performance, passa a não ser uma realidade muito diferente do PC, onde o upgrade passa a ser um factor a ter-se em conta.

Os APIs de baixo nível

O grande trunfo que as consolas sempre apresentaram sobre os PCs sempre foi o seu software e o uso de APIs de baixo nível. Este tipo de APIs permite que a programação aceda diretamente ao hardware, obtendo-se assim grandes melhorias nas performances. Com o seu bom uso e com um jogo pensado de raiz em tirar partido desse API e dos ganhos que ele aporta, um PC sem esse tipo de API precisava basicamente de um hardware com o dobro da performance para igualar o que as consolas faziam.



Alterações para 2016

O DirectX 12 (e depois o Vulkan) veio alterar radicalmente o panorama nesse campo, tirando às consolas aquilo que era o seu maior trunfo. Agora o PC conta igualmente com um API de baixo nível, apesar de o mesmo não poder atingir os níveis de especialização e optimização conseguidos com um hardware único. No entanto o grosso dos ganhos está lá, e agora um PC com especificações em tudo semelhantes à das consolas pode efetivamente correr o jogo nas mesmas condições (desde que a programação esteja devidamente optimizada nesse sentido). Aliás esse é o principio da Universal Windows Platform (UWP), onde a programação é única para todos os sistemas com Windows 10, incluindo a Xbox, onde forçosamente, neste tipo de software, as optimizações se perdem.

Mas mesmo com o DX 12 para PC não permitindo oferecer o mesmo nível ganhos existentes nas consolas, dado ter de suportar um leque de hardware bem superior, a realidade é que oferece ganhos tremendos ao PC onde antes não existiam. E esses ganhos acrescem à diferença de performance que o hardware PC mais potente pode oferecer.

Performance

A performance pura é desde à alguns anos o ponto forte dos PCs. E é algo que desde meio da geração passada se torna quase impossível para as consolas acompanhar.

Alterações para 2016



As novas consolas Neo e Scorpio nada alteram nesse campo. Para 2016 os PCs de topo (e contamos com o uso de apenas duas gráficas, apesar de ser possível juntar-se mais) podem contabilizar neste exato momento mais de 18 Tflops, e a Neo, caso fosse lançada agora com as especificações em rumor, apenas teria 4.194.
Para 2017, a Scorpio terá 6 Tflops, mas um PC de topo poderá atingir quanto daqui a um ano? 20? 22?Recorde-se que atualmente nem AMD nem Nvidia lançaram as placas de topo para as actuais versões dos GPUs no mercado.

Preço

Um PC sempre foi mais caro do que uma consola. E esse era um atrativo das consolas. Grande durabilidade e custo reduzido face a um PC.

Alterações para 2016

Quanto à durabilidade o tema já foi abordado em cima, e percebemos que a situação se alterou face ao que existia antes. Mas e quando ao preço?

Para termos uma ideia nada como analisarmos o que há no mercado.



Caso a Neo seja lançada este ano, a oferta inclui um GPU de 4.194 Tflops, e um custo para a consola de 400 euros.

Será que podemos montar um PC superior a esse preço?

Talvez não, mas vamos ver quando custa:

GPU – RX-480 4 GB – 5,185 Tflops – 220 euros
CPU – AMD FX-8320 3.5/4.0GHz – 169 euros
Motherboard – Asus M5A78L-M LX3 – 49 euros
8 GB DDR3 – Crucial 8GB DDR3 1600MHz PC3-12800 CL11 – CT102464BF160B – 30 euros
Caixa e fonte – B-Move Orion Black c/ fonte 500 watts – 32 euros
Disco – Seagate 1TB Barracuda 7200rpm 64MB SATA 6.0Gb/s 3.5 – 47 euros

Sem leitor de CD, Rato e Teclado – 547 Euros. Mas um PC que bate a Neo em todos os pontos!



Cada qual agora avalie por si!

Conclusões gerais

Mais do que nunca na história das consolas o PC apresenta atrativos face às mesmas, e especialmente face á Xbox.

Basicamente os seus dois pontos mais negativos são atualmente o preço e a menor facilidade de uso graças aos menus e software integrado das consolas.

Mas no entanto mesmo isso pode desaparecer pois essa diferença na facilidade de uso é mero software e nada impede o PC de poder ter um software que faça basicamente o mesmo.

E algo que não duvidava nada que estivesse aí para aparecer!





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