O que se dizia no passado sobre as consolas, e o que foi esta geração.

Estamos em 2019, e perante uma geração que é das melhor sucedidas de sempre. No entanto, se recuarmos a 2012, muitos nem sequer imaginariam que tal pudesse ser assim, e a morte das consolas era algo vaticinado.

O que se segue é um artigo de 2012, devidamente traduzido, e no qual a morte das consolas era dado como um facto.

Curiosamente percebe-se aqui que as ideias implementadas pela Microsoft na Xbox One se baseiam nas crenças aqui referidas, e que mesmo a aposta na alteração para a nova geração são também apoiadas nestas crenças. Crenças que a atual geração provou serem erradas, mas nas quais, mesmo assim se aposta.
Curiosamente, o artigo refere igualmente as ideias de pessoas que não acreditavam em nada disto e tinham a ideia oposta. E o que elas defendiam poder vir a ser um sucesso… foi a aposta da Sony.

É por isso um artigo extremamente interessante de ser lido!

De notar que iremos ter alguns comentários ao longo do artigo, assinalados com [NDR:] –  Nota da redação!



Segue-se o Artigo:

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Em Novembro, a Nintendo vai lançar a WiiU. É a primeira actualização à inovação revolucionária que foi a consola que tomou a industria de assalto em 2006. Dessa forma prevê-se que a Sony e a Microsoft rapidamente façam o mesmo e lancem as suas consolas actualizadas – também as primeiras em muitos anos – apesar que nenhuma ainda o confirmou.

Acreditando que estas novas maquinas chegarão como previsto, elas deverão chegar às prateleiras das lojas no momento onde a vulnerável consola de jogos, e o modelo de jogos que a sustenta, se deverá tornar obsoleto [NDR: E aqui começa a previsão da qual sempre discordamos].

As discussões na WiredExtraIn sobre a história dos videojogos, mostram que os aparelhos desenhados primariamente para jogar jogos dominaram sobre as máquinas mais versáteis ao oferecer mais software e melhor performance nos jogos.

A última geração de aparelhos foi maior que a anterior. Microsoft, Sony e Nintendo em conjunto moveram mais de 225 milhões de consolas desde o seu lançamento em 2005 e 2006. É um sucesso rotundo, especialmente se considerarmos que as consolas eram apenas um cavalo de Troia para o verdadeiro negócio de vender milhões de jogos a preços de 40 a 60 dólares a unidade.



Mas isso não é tudo. Em previsões sobre a corrida para o controle da sala de estar, com afectação dos serviços de televisão por cabo e um refazer de toda a industria do entretenimento, as consolas normalmente aparecem no topo da lista. A Microsoft refere repetidamente que a sua plataforma XBox, apesar de não ser a que mais dinheiro gera, é um dos seus maiores sucessos desde o Windows 95 e o Office. 

Antecipando as movimentação das areias na base das consolas, a Microsoft desvendou um conjunto de novas características para a Xbox que se destinam e torna-la num novo tipo de plataforma de entretenimento que se liga a dispositivos móveis, aplicações de jogo de baixo custo, video streaming e musica – uma jogada que vem acompanhada de uma jogada na ultima sequela no seu blockbuster, o franchising Halo. A mensagem dupla não poderia ser mais clara: As consolas são maiores do que nunca, e elas precisam de mudar imediatamente, ou morrer. [NDR: A Xbox efectivamente mudou! A Xbox One apresentou-se como aquilo que é defendido aqui… e os resultados já são conhecidos. A consola fugiu ao seu foco, e o mercado não mostrou interesse num produto all in one, que desvia a atenção e os recursos da consola clássica.]

“As consolas, em termos da forma como tem vindo a operar e deixando de evoluir, tem de mudar” diz Mark Kern, chefe de desenvolvimento da Red 5 Studios. “O modelo de consolas está preso à mentalidade do modelo da caixa, a ideia de se pagar 60$ e depois ir jogar” [NDR: Uma ideia com a qual concordamos. A questão é que, como veremos depois neste artigo, o fim deste modelo tem como consequência prevista a quebra na qualidade da oferta.]

O maior perturbador disto foram as apps móveis, que oferecem grande jogabilidade nos celulares e tablets por um décimo do preço dos jogos de consola e muitas vezes, gratuitamente. Outras modas incluem a explosão das redes sociais, todas basicamente gratuitas, e o ressurgimento dos jogos PC, que agora são tipicamente mais baratos e flexíveis que os jogos de consola, entrando em novas plataformas de distribuição que os torna mais convenientes de serem comprados. [NDR: Em 2012 a realidade dos jogos em aparelhos móveis estava ainda por conhecer. Actualmente os jogos móveis são dos maiores sorvedores de dinheiro, e tudo para que se possa jogar joguinhos de fraca qualidade. Os jogos tornaram-se injogáveis sem pagamento, devido ao uso e abuso de publicidade que os satura. O pay2win tornou-se banal, e os season passes pagos ao mês também. Pior ainda, a maior parte dos jogos limita a progressão diária no sentido de obrigar a pessoa a manter-se mais tempo e, consequentemente pagar mais. Se este é o futuro dos videojogos, eu dispenso! Prefiro pagar os 60/70 euros! Da parte que me toca, se o futuro dos videojogos é o modelo dos celulares, eu afirmo claramente que o dispenso. Já quanto ao modelo de venda electrónica que aqui se fala nos PCs, ele está actualmente implementado nas consolas também]

nenhum dos insiders da industria que foram entrevistados pela Wired para esta história foram capazes de dizer que a era das consolas está terminada. Gráficos cinemáticos, jogabilidade intensa, histórias com grandes narrativas e desenvolvimento de personagens num novela bem criada [NDR: Exactamente o que a Sony fez na actual geração, com o sucesso que todos conhecemos]. Isto irá manter os fans a voltar, mesmo que possam ser em menor número, mas mesmo assim tão devotos como sempre. Ao mesmo tempo, todas as empresas para que trabalham, estão em preparação para uma mudança radical, assinalando um claro entendimento do que por aí vem – e mais ainda, o que já chegou ao mercado na força toda.



A consola de videojogos como sempre a conhecemos já morreu à uns anos. Ela afundou-se ao mesmo tempo em que a Microsoft redesenhou o interface da X360 para que se tivessem coisas como o Bing, Home, Social e Video com a mesma preponderância da tab Jogos. Desde aí, os três maiores fabricantes tem-se vergado e tentado mostrar que as suas caixas não são só caixas “estúpidas” de jogos mas máquinas conectadas que correm mais do que o Hulu e o Halo. [NDR: O desconhecimento da realidade das consolas é grande. Das marcas ainda no mercado, a PS2 foi a primeira consola a apresentar funções online, e a PS3 possuía browser de origem, serviços associados, bem como uma loja. A nível de hardware, a Xbox 360 não trazia verdadeiramente nada de diferenciador para a interactividade online face às consolas da concorrência]

A pressão para se evoluir ainda mais tornou-se enorme agora que o fosso da qualidade entre os jogos gratuitos e os de preço total diminuiu. Os melhores jogos iPAD posseum a aparência de algo a meio caminho da Xbox 360. O seu smartphone está a chegar ao ponto em que o hardware pode mostrar bons jogos a 1080p na sua televisão, e não demorará muito a que isso possa ser feito sem cabos. [NDR: O artigo entra por terrenos muito pouco firmes ao fazer comparações baseadas em visuais e não nos jogos, interacção e capacidades dos mesmos. Infelizmente o visual não vale de nada quando vemos que os sistemas móveis não são capazes de gerir e mover esses gráficos de forma interactiva e livre devido a restrições de armazenamento e de largura de banda. Apesar de a potência de processamento dos dispositivos móveis ter até já passado a oferecida pela geração PS3/Xbox 360, as restrições de armazenamento e de largura de banda são enormes, e nesse aspecto eles estão muito atrás do que uma consola de mesa pode oferecer]

O resultado: Daqui a alguns anos, 225 milhões de aparelhos será visto como o ponto onde o negócio das consolas atingiu o seu pico. Os Gamers estão a ir para outros sítios para a sua dose. O tempo das consolas no topo do monte está a aproximar-se do fim, e essas máquinas não sobreviverão sem uma mudança radical. [NDR: Torna-se  engraçado ver que este artigo inicia-se com a referência de que as consolas são apenas o cavalo de troia para a venda daquilo que interessa, os jogos. E no entanto, vem depois referir picos de vendas de consolas, como se isso fosse o mais relevante. A actual geração de consolas, apesar de estar abaixo dos 255 milhões de consolas da geração anterior, é a mais lucrativa de sempre. É a geração que mais dinheiro gerou, seja em serviços, vendas de dlcs, extras e jogos. Basicamente o crescimento é uma realidade, mesmo que a geração termine com menor venda de consolas. E isso é o ponto fundamental!]

“Todos os que prestam atenção estão a ver as placas tectónicas a moverem-se de forma dramática sob a industria dos jogos”, dia David Reid da CCP Games, que está a trazer um jogo de tiro free-to-play chamado Dust 514 para a PS3. “O modelo nuclear está a ficar erudido.”

As consolas costumavam fazer tudo melhor, mas essas forças foram removidas. Ao contrário dos jogos PC, que requerem acertos nas configurações, as consolas, “funcionam”, e isso é algo que os fans gostam. Bem… tambem o iPad. As consolas são mais baratas que os PCs? Não quando se entra na disparidade do custo dos jogos. As consolas é que tem o bom conteúdo? Bem, se querem Nintendo ou exclusivos Sony, necessitam de comprar o seu hardware. Mas para muitos Gamers, o Angry Birds é mais atraente que o Mário. [NDR: Dizer que Angry Birds é mais atractivo do que Mário é algo que não pode ser dito de forma livre.  Angry Birds é um jogo gratuito e jogado num aparelho que todos tem. Mário é um jogo pago, jogado numa consola Nintendo. Comparar a aceitação de um jogo a que todos podem aceder e obtido gratuitamente com um que requer uma consola e pagar por ele, é algo diferente. Mas mesmo assim, os jogos Mário são sucessos de venda, com lucros de largos milhões. Depois não podemos sequer comparar os dois! O angry birds é um jogo de passatempo, simplista e que requer poucos recursos para ser desenvolvido. Já o Mário pode ser um mundo aberto, com interacção complexa, e largas e largas horas de exploração. Sinceramente, tirando a componente do custo, não estou a ver que, haja quem prefira um Angry Birds a um jogo do Mário na Nintendo. Da mesma forma que, falando de jogos de grande sucesso, e adorando os dois, eu nunca trocaria um GTA V por um Clash Royale. Isso coloca-nos numa posição onde o que temos são jogos como Fortnite, jogos de grande sucesso, é verdade, mas que necessitam de grandes compromissos gráficos nos sistemas de topo para poderem correr de forma aceitável nos dispositivos móveis. E se esse é o custo do futuro… eu passo]



O efeito de onda, se é que se pode chamar a um Tsunami gigante de onda, já estão a afectar a industria dos jogos. Nestes dias, os criadores de jogos de consola de topo necessitam de vender mais e mais cópias, a preços maiores e maiores, porque o custo dos jogos AAA está cada vez maior. Isso é criar uma etiqueta de choque para os fans que estão sempre a ser solicitados que se pague 60 dólares para absorver os custos de desenvolvimento. A Ubisoft planeia mesmo extrair 150 dólares dos fans mais ávidos com o Assassins Creed III com uma edição limitada de 120 dólares e 30 dólares num season pass com conteúdo extra que será lançado depois. [NDR: Entre se extrair 120 dólares por uma edição de colecionador em AC III, e mais 30 por um season pass com conteúdo adicional, ou metade que seja em um jogo simplista de smartphone que nos limita a jogabilidade a não ser que paguemos, a primeira opção soa a muito mais atractiva. Há que se fazer uma reflexão sobre o que são as diferenças entre os jogos de smartphone e os de consola. Sim, os de consola são mais caros, mas ao menos são jogáveis sem interrupções, não nos limitam a progressão, não nos impõem pagamentos ou possuem pay2win. Isto é algo que algumas empresas querem, e algo que algumas empresas até já implementaram nos seus jogos de consola, mesmo sendo eles pagos a 60 euros, e algo contra o qual as pessoas que defendem o modelo de negócio que existe, devem ser activas.]

Os aficionados irão pagar, porque jogos grandes são de maior qualidade. Mas apenas uma mão cheia de criadores pode apostar neste mercado de risco, e mesmo para esses os dividendos serão menores. Os novos líderes no jogo, prevêem os insiders, serão aqueles que mudarem os recursos para produtos menos ambiciosos, e de maior rentabilidade, deixando o futuro dos jogos de topo em dúvida a longo prazo. [NDR: Este é o motivo porque sou contra as subscrições e os streamings de baixo custo. Esses modelos vão acabar inevitavelmente naquilo que vemos nos smartphones, e isso é um destruir do jogo livre, descomplexado e sem custos adicionais que tanto prezo. Como é fácil de se perceber, não se consegue manter os custos de jogos AAA com quebras nas receitas.]

“No design dos jogos,” diz Kern da Red 5, “a estratégia optima para qualquer jogo tende em cair para o jogador conhecido como min-maxer. Um min-maxer rapidamente encontra as partes de vantagem de um jogo e optimiza fazendo dumping de todo o outro, e os pontos de pericia em coisas que lhe permitem ganhar o jogo. A não colocam nada no resto.”

“As empresas não podem fazer a coisa de outra forma. Elas tem de ser min-maxers.” [NDR: Ou seja, tem de criar a coisa com o menor custo possível, extraindo o melhor lucro possível. Mas oferecer um produto de qualidade… isso não porque tem muitos custos e se não vende dá prejuízo. E de prejuizos estamos nós cheios. Basta olhar para os relatórios e contas de empresas como a EA, Activisio, Rockstar, Ubisoft, Square Enix, Epic, etc, para percebermos como, coitadinhos, estão todos com mais prejuízos que nunca]

Nota Final: Pessoalmente espero que todas estas novas tentativas de se criar modelos paralelos de negócio sejam apenas isso, algo paralelo, e que o modelo clássico continua a crescer como sempre. Porque, como já deixei claro por várias vezes, o que é oferecido, o jogo supostamente barato e simplista, com limitações de jogo e pay2win… Não me interessa!





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