Quando o muito… afinal é pouco, ou como as redes sociais podem deturpar realidades.

As tecnologias e a forma como entram nas nossas vidas estão sempre em constante alteração. Actualmente é uma realidade que a informação nos chega com mais rapidez do que nunca. Mas é exactamente por isso que há cada vez mais que ser consciente e colocar as coisas na devida perspectiva, pois as redes sociais são um pau de dois bicos e por vezes contraproducentes para a boa informação.

abre olhos

Na era medieval uma notícia podia demorar meses até ser conhecida. A mesma era enviada por um mensageiro a cavalo que necessitava de percorrer Kms para a entregar. E mesmo quando a entregava, a mesma era contida junto daqueles que tiveram, acesso a ela.

E desta forma uma notícia poderia demorar meses, ou mesmo anos a ser conhecida.

Mas o mundo mudou. Com o aparecimento da imprensa escrita e o aparecimento dos jornais as pessoas começaram a ter acesso mais rápido às notícias. Um jornal era algo que todos podiam obter e que dava a conhecer a todos as realidades das redondezas. Uma forma de as notícias serem mais rapidamente conhecidas.



Desta forma, o mesmo tipo de notícia, era dada com maior facilidade.

Com a rádio e a TV a situação melhorou ainda mais. As notícias passaram a ser diárias e espalhadas muito rapidamente e de forma global.

Mas quer isso dizer que se formos a ver apenas pelas notícias que há percentualmente, por exemplo, maior criminalidade? Claro que não! A informação é que se tornou mais acessível, e aquilo que dantes nem era conhecido, passou a ser banal e transmitido de forma simples.

Actualmente estamos em finais de 2013, e o mundo que vemos hoje é diferente do que vimos no passado, e ao contrário do que aconteceu com o lançamento de todas as gerações de consolas anteriores, as redes sociais e os media estão em cima de totalmente todos os acontecimentos. Twitter, Youtube, Facebook e outros cresceram de forma desmedida, e a percentagem de pessoas nessas redes aumentou exponencialmente.

Nos dias que correm as pessoas – e os gamers até se destacam nesses campo – estão muito à frente na adopção de tudo o que é tecnologias, participando em foruns, redes sociais e todo o tipo de ambientes de interacção colocados às disposição pela internet.

A comunicação, seus participantes, e as possibilidades de comunicar existentes aumentaram centenas de vezes face à realidade de 2005/2006, data do último lançamento de consolas.



A realidade das redes sociais, sejam elas de que tipo forem, é que dão a todos a possibilidade de passar mensagens diferentes, de serem lideres de opinião, e mesmo de lutar contra poderes de empresas que por vezes se esquecem que os seus clientes são pessoas.

Ora à oito anos, quando do lançamento da X360 e PS3, quando uma consola era adquirida e estava defeituosa, o cliente muito certamente limitar-se-ia a contactar a loja e o fabricante. Mas nos dias que correm a coisa não é assim. Actualmente, dado o poder de comunicação e influencia que as pessoas possuem, as pessoas podem fazer alarido na internet e criar escalas para um problema que na realidade são totalmente desproporcionadas face à real dimensão do problema.

Vejamos por exemplo o caso de Andre “Moonlightswami” Weingarten, o utilizador que obteve a sua Xbox antes do prazo e que a Microsoft baniu para ele não ter acesso a informação que nessa fase ainda não deveria estar disponível. Essa pessoa não só veio logo fornecer dados sobre a sua nova consola, como a notícia do seu banimento se tornou mundialmente conhecida, criando uma onda de simpatia à sua volta e contra a Microsoft. A onda foi tal que teve de levar à intervenção de representantes da Microsoft para acalmar os ânimos.

Pior ainda foi quando esse mesmo senhor se viu impedido de jogar offline por não ter ligação à Internet. Uma situação que se devia exclusivamente ao facto de possuir um firmware defeituoso e não final, mas que deu origem a inúmeros artigos na internet, e mesmo o levantamento de teorias de que a Microsoft teria re-activado as suas antigas políticas e o DRM.

Por aqui vemos que este poder social dos utilizadores tem lados bons e maus. O lado bom é que as empresas necessitam de respeitar e mesmo temer o seu cliente pois ele agora possui grande poder para influenciar terceiros. Mas o lado mau é que há uma distorção negativa da realidade, levando situações banais a tomarem proporções fora do normal.



Isso é o que tem acontecido igualmente com a PS4.

Nos últimos tempos tem vindo a aparecer na internet um número relevante de queixas sobre consolas PS4 que se encontram avariadas. E essas queixas aparecem pelo Twitter, Facebook, Amazon, YouTube e outros locais.

Para além de muitos esquecerem que este tipo de notícias vai, inevitavelmente, igualmente aparecer quando a Xbox One for lançada, uma vez que tal é apenas normal em produtos electrónicos, há também que ter consciência que, ao contrário do utilizador satisfeito que se vai refugiar a jogar uns jogos e a experimentar a sua nova consola pelos próximos tempos, aqueles que possuem consolas avariadas, virão para a Internet queixar-se e dizer mal do produto, quando na realidade, não se pode ainda afirmar que haja algo de errado com ele.

Apesar de muito certamente o número de consolas defeituosas ter já subido face aos 0.4% inicialmente dados a conhecer, quanto mais não seja porque a PS4 é basicamente um portátil sem monitor, e actualmente a média de avarias em portáteis ronda os 22%, o facto é que mesmo aceitando que o número inicial da Sony se mantém, sendo conhecido que a Sony vendeu só nos Estados Unidos e Canadá mais de 1 milhão de consolas, isso quer dizer que, a 0.4%, um número assombrosamente baixo, existirão neste momento no mercado 4 mil utilizadores com problemas nas suas PS4.

Se apenas metade se queixar online, o que é pouco provável dado que os interessados neste tipo de produtos possuem idades e acesso que os colocam como utilizadores activos da internet, isso quer dizer que vamos ver pelo menos 2 mil queixas…



E isso, apesar de não representar nada face ao panorama geral, é efectivamente muita queixa.

Ou seja, vendo tantas pessoas a queixarem-se poderemos ter uma ideia totalmente deturpada da realidade face a um produto que na realidade estaria a ser um sucesso de produção.

E se a Sony vender, como prevê, 5 milhões de consolas até Março, mesmo com 0.4% teremos 20 mil queixas.

Por outras palavras, há que ter consciência que a informação da internet é deturpada, devendo-se encarar as situações relatadas de forma isolada e posteriormente enquadrando-as nos números reais de percentagens da relação produtos vendidos/produtos avariados.

Há por isso que se saber valores antes de se tirar conclusões.



E a verdade é que desta forma um buraco é transformado pela internet em uma cratera, quando não é! E sim, é chato quando o buraco aparece em nossa casa, mas mesmo assim, não deixa de ser um buraco e não uma cratera.



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