Carta aberta à Sony

Caríssimos Senhores responsáveis da Sony Portugal

Certamente já ouviram falar de mim e/ou do meu website, onde desde à largos anos para cá, as consolas, nas quais se inclui a PlayStation, tem sido a temática dominante.

Sou vosso cliente desde os primórdios da PlayStation, e recordo-me com entusiasmo do dia em que os meus país me adquiriram a minha primeira consola, exatamente a PSone Nessa altura, era um jovem fascinado pelos computadores e pela liberdade que estes me davam, sendo que desde essa altura que o PC sempre foi uma presença constante na minha vida. No entanto, senti de imediato um fascínio pela PlayStation e pela simplicidade com que metendo um CD na drive estava a jogar.

E desde essa altura houve um ponto na consola me marcou. Os jogos de qualidade que não conseguia jogar em lado nenhum!

Adquiri assim um fascínio pela consola, e apesar de sempre ter mantido o PC como a minha máquina primordial de jogos, posteriormente, já com poupanças das minha parte, adquiri todas as vossas consolas até hoje. O motivo da compra sempre foi a atração trazida pelos grandes jogos exclusivos. Tornei-me um gamer fascinado pelos grandes jogos o que me levou a adquirir inclusive diversas consolas de outras marcas como a Xbox e as consolas da Nintendo.

As coisas mudaram desde então, e com a PS4 finalmente releguei o PC, até então a minha plataforma de excelência, para segundo plano. Atualmente a Nintendo encaro-a como uma consola mais casual e não uma concorrente direta da PlayStation devido aos estilo dos seus jogos menos hardcore, e abandonei a Xbox pelo facto que as políticas da Microsoft tornaram a necessidade da consola inexistente, jogando os seus jogos no PC. Diga-se que, apesar de ter possuído quase todas as consolas lançadas até hoje, e de ter existido uma geração onde a Xbox 360 foi a minha consola favorita, em todas as restantes gerações, por motivos diversos, a consola onde sempre vi mais virtudes foram as PlayStation. Não porque seja fanático pela marca, mas apenas alguém que gosta de jogos e que encontrou na PlayStation uma preferência pela forma como o suporte era dado às consolas e estas satisfaziam as necessidades do cliente.

Atualmente considero que a alternativa à Playstation já nem existe, e isto porque o fascínio dos grandes jogos que não podia jogar senão nas consolas desapareceu na Xbox pela sua política de lançamentos no PC, e como já referi a Nintendo sempre a tomei como um universo à parte, para jogo mais casual.

Recordo assim com saudade grandes momentos da minha infância com grandes jogos que apenas podia jogar nas vossas consolas, e que me fizeram, durante décadas, satisfeito ao ponto de querer comprar o vosso próximo produto.

E nesse sentido, em todas as gerações até hoje, com excepção da primeira, lá estive eu na fila, no primeiro dia de lançamento, para adquirir as diversas consolas que possuo, e nas quais se incluem todas as PlayStation lançadas até hoje.

O que me leva a escrever esta carta?

O facto que as vossas políticas internas, apesar de diferentes das da Microsoft, possuem semelhanças suficientes para que deslumbre uma perda do encanto com os vossos produtos.

Falo, claro dos lançamentos dos jogos Sony para PC.

Apesar de compreender toda a polícia e ideologia por detrás dos mesmos, o período de 2 anos é demasiadamente curto para que a PlayStation mantenha o fascínio trazido pelos jogos exclusivos. E ainda recentemente, com o anúncio de Horizon Forbidden West, apesar de se terem passado dois anos sobre o seu lançamento na consola, a primeira reação face ao anúncio foi: Já? O jogo saiu há tão pouco tempo!

2 anos… são dois anos. Quer podem parecer passar depressa ou devagar. Mas este é um sentimento perigoso! E isto porque sinto que era perfeitamente capaz de ter esperado este período para adquirir o jogo. E com ele no PC, preciso da consola para quê?

Sim, eu tenho consciência da diferença de custo de uma consola PS5 e de um PC capaz de correr o jogo de forma equivalente. Mas convém recordar alguns pontos que tornam esse investimento em algo válido:

– A versatilidade do PC.

-O facto de o PC ter exclusivos que não vão para as consolas (que as consolas não tem pois os seus vão para o PC).

– O facto de o PC ter os exclusivos Xbox e PlayStation

– o facto que, com a máquina adequada, o PC bate as performances e as capacidades de qualquer consola.

Basicamente, e em particular os três últimos pontos, tornam o PC apetecível. Uma Xbox One X e uma PS5 juntas custam 1200 euros, tendo cada uma os seus exclusivos.

Se pensar nos exclusivos PC, Xbox e PS5 em simultâneo, adquirir um PC de 1800 euros seria o mesmo que comprar as duas consolas e um PC de 600 euros. Daí que o custo do PC só pode ser considerado verdadeiramente daqui para cima, pois até este valor, face ao que oferece, vale a pena.

Se pensar que o PC me dura o mesmo que uma consola, pois a geração e performances da mesma acaba ditada pelo suporte às consolas, um investimento de 2500 euros num PC não é assim tanto, especialmente se tomarmos em conta que os jogos no PC são mais baratos. E quando alguém compra, como eu, 50 ou mais jogos numa geração, 10 euros a menos num jogo traduz-se em 500 euros poupados, que podem ser investidos na máquina, tornando assim os 2500 euros um valor muito menos assustador para utilizadores como eu, as chamadas “baleias”, e que são quem verdadeiramente move a indústria.

Repare-se ainda na imagem que a Sony, com ou sem consciência passa, e num ano como 2023, onde SpiderMan 2 será o único exclusivo da consola vindos dos estúdios Sony, no PC a Sony lança 4 jogos: Returnal, Uncharted Legacy of Thieves, The Last of us – Parte 1 e Ratchet & Clank: Rift Apart. É caso para alguém se questionar em que plataforma está o foco do suporte da Sony.

Tenho plena consciência que uma análise ao mercado e consequências das decisões tomadas é algo de que só se terá percepção a jusante. Mas nesse sentido este tipo de alertas como o que aqui faço torna-se relevante para uma consciencialização do que poderá vir, e daí relembrar que sendo um webmaster que lida diariamente com outras “baleias” do mercado, o sentimento de desagrado, especialmente porque a Sony diminuiu o investimento nos jogos single player para se focar nos GAAS o que, não sendo algo que seja particularmente do agrado de todos os utilizadores de consolas, é mais um ponto negativo a somar à mesma, e positivo a somar ao PC, onde os utilizadores usam muito esse tipo de jogos.

Espero assim que este post possa ser visto ou chegar aos ouvidos de alguém da Sony, e que, apesar de a Sony Portugal ter pouca representatividade a nível mundial, a ideia possa ser transmitida superiormente sobre a necessidade de não só se aumentar o pedido entre os lançamentos na consola e no PC, como para haver algum cuidado com o desfasamento do número de lançamentos nas diversas plataformas que, em caso algum, deveria passar uma imagem de melhor suporte no PC.

E isto porque o descontentamento existe, e existem vários utilizadores na minha página, igualmente relevantes neste mercado há décadas que, pensando da mesma forma, deverão ser uma amostra representativa de uma parcela bem maior que se prepara para abandonar o barco numa próxima geração, passando para o PC.

Sabendo–se da saída do Jim Ryan para breve, e as prováveis reestruturações que poderão haver, o timming para esta publicação vem mesmo a calhar, esperando que a nova direção tenha uma visão mais conservadora do futuro da consola, mantendo assim viva a Playstation e forte que sempre nos cativou ao longo dos anos (o que inclui a venda de jogos físicos).