É realmente mais vantajoso assinar uma subscrição?

O artigo vai ser escrito sem saber o que concluir, mas vamos fazendo “as contas”… e vendo!

Uma situação que é clara é que 15 euros é menos que 80 euros. E nesse aspecto, nem sequer temos discussão!

Da mesma forma, sabemos que 15 euros investidos num serviço de subscrição dão direito a pelo menos duas centenas de jogos. Já 80 euros numa compra, apenas adquirem um único jogo.

Mais ainda, o custo de um ano de subscrição a 15 euros mès, apenas daria para pagar 2 jogos full price.

Estamos aqui, claramente com a balança claramente desequilibrada, e a favor da subscrição.



Mas há aqui outros fatores que normalmente não se tomam em conta.

Basicamente aqui entra a questão do aluguer vs compra. Basicamente todos sabemos que investir 200 mil euros numa casa é bem mais do que investir 600 euros num aluguer.

Apesar de neste caso o dinheiro do aluguer não dar direito a mais oferta, como nas subscrições, a realidade é que a diferença é ainda maior. 15 euros são 18,75% de 80, mas 600 euros são 0,3% de 200 mil.

Teremos então de assumir, que, ao vermos vantagens nas subscrições, tambem vemos vantagem nos alugueres em detrimento da compra.

Mas na realidade a compra, apesar de mais cara, tem uma vantagem… A posse do bem! E nesse aspecto sempre defendi a compra do físico face ao digital, por isso mesmo.

É que a realidade é que comprando um jogo por 80 euros, e acabando-o, tendo a sua posse, posso-o vender. E vou recuperar parte do custo.



Mais, se não o quiser vender, posso guarda-lo, e será meu “para sempre”.

Esta parte é relevante, uma vez que nos serviços de subscrição o cliente não tem controlo sobre o conteúdo. Basicamente tem muita oferta, mas esta não é escolhida por si! Isso quer dizer que o jogo que se deseja pode até nunca aparecer no serviço. Ou então, pode ser removido quando menos se espera, obrigando a comprar o mesmo para se o manter.

Um dos motivos pelos quais escrevi este artigo, foi o ter visualizado hoje o seguinte vídeo:

Peço que vejam só os segundos iniciais do mesmo, o resto é irrelevante para o artigo.



Os segundos iniciais mostram um dos motivos pelos quais eu não adiro a jogos digitais ou subscrições. Basicamente aquela arvore de natal com jogos e consolas antigas poderia ter sido filmado aqui em casa.

Ao longo da minha vida perdi horas e horas a jogar. E ter esses jogos, esses computadores, e essas consolas funcionais é uma nostalgia reconfortante. Algo que um dia mais tarde vai criar um vazio na atual geração quando se aperceber que não tem nada disso.

Isso é algo com um valor intrínseco não quantificável. Sinceramente é preciso a idade avançar para chegarem lá e terem essa percepção, e não é algo que facilmente consiga transmitir. É algo que se sente, e que só se sente quando se chega lá.

Eu sou fan de Star Trek. Adoro toda a temática das séries. E nesse sentido tenho CDs. DVDs e BDs em quantidade com as series. Mas tambem assino serviços de subscrição que me oferecem essas mesmas séries. Posso dizer que, desde que assino esses serviços, recorro muito menos ao meu arquivo para rever as séries. Mas isso tornou-o obsoleto? Não!

Não porque os filmes e séries entram e saem dos serviços, e nem sempre o que quero ver está lá. A pertença, o saber que é meu, que vejo quando quiser, é algo com valor, e um aluguer, limitado a disponibilidade, não substitui isso.



É certo que se eu me limitar a jogar os jogos que o serviço me disponibiliza, tenho uma grande poupança. Isso é pura matemática e como tal inegável. Mas e quando os jogos que quero não estão lá? Compra-se à parte? Isso não acaba por criar um ecossistema hibrido, onde a despesa acaba depois, por ser maior?

Para além do mais, compras online associadas aos jogos são pagas da mesma forma que nos jogos físicos. A questão é que, para lhes aceder, tem de se continuar a pagar a subscrição, sob pena de o adquirido não ficar acessível.

E convenhamos, a subscrição oferece muitos jogos, mas realisticamente, numa pessoa com família e trabalho, acede assim a tantos mensalmente?

Vamos contabilizar as vantagens e desvantagens das subscrições vs compra:

  • Os clientes com compras únicas só precisam avaliar o seu valor imediato em relação ao custo. As assinaturas, por outro lado, exigem avaliação do valor a longo prazo e podem parecer um compromisso para a vida toda.
  • As empresas raramente incentivam os usuários a cancelar após apenas um ano.
  1. Propriedade vs aluguer
  • A maioria das pessoas prefere possuir a alugar a preços iguais, o mesmo se aplica aos produtos.
  • Se alguém encontrar dificuldades financeiras, mas possuir um produto em vez de assiná-lo indefinidamente, não terá que se preocupar em perder o acesso.
  1. Valor vitalício versus pagamentos contínuos
  • As compras únicas oferecem um valor vitalício distribuído ao longo de sua vida útil, enquanto as assinaturas exigem pagamentos contínuos, independentemente das flutuações nos padrões de uso.
  • O cansaço das assinaturas prevalece à medida que mais produtos de software mudam de modelos de compra única para taxas recorrentes.
  1. Facilidade de transação
  • A compra de assinaturas pode ser um desafio em certos países devido às regulamentações bancárias que limitam os pagamentos com cartão nesses itens.
  1. Justificativa de custos contínuos
  • Muitos produtos de software cobram taxas anuais, apesar dos custos mínimos de servidor para os desenvolvedores. Isto faz com que alguns consumidores questionem se os custos contínuos são justificados e preferem modelos de preços alternativos, como atualizações de versões principais, em vez de assinaturas anuais.
  1. Extraindo antecipadamente o valor da vida útil
  • As empresas se beneficiam da extração antecipada do valor vitalício do cliente por meio de transações únicas, em vez de distribuí-las ao longo dos anos.
  • Os compradores por impulso podem estar mais inclinados a assumir compromissos instantâneos, sem obrigações contínuas que acompanham os pagamentos mensais.
  1. Ofertas por tempo limitado com acesso vitalício
  • Nos últimos anos, as startups ganharam força ao oferecer ofertas por tempo limitado de acesso vitalício em vez dos modelos tradicionais de assinatura.
  • À medida que mais produtos de uso diário se tornam baseados em assinaturas, as compras únicas se destacam como oportunidades raras que os consumidores podem se sentir obrigados a aproveitar enquanto podem.

Concluindo, o apelo das compras únicas reside na percepção de maior valor pelo dinheiro, nos benefícios de propriedade, na flexibilidade durante dificuldades financeiras e na simplicidade em comparação com as assinaturas. Os consumidores são frequentemente atraídos por estas opções devido ao cansaço da assinatura e ao desejo de acesso vitalício sem pagamentos recorrentes.



O mais intrigante é que certamente a mair parte das pessoas recusaria pagamentos recorrentes ou assinaturas para bens tipo, por exemplo, roupas. Isso implicaria a pessoa não ter sequer posse sobre o que veste! Mas aceita a situação nos jogos, considerando que eles são apenas um luxo e uma forma de entretenimento cara! Isto ignorando que na realidade não passam sem eles e que eles chegam a roubar-lhes mais tempo na vida do que qualquer outra coisa, mostrando assim a importância e preponderância dos mesmos na vida das pessoas.

Agora convêm perceber-se que as subscrições são propicias aos GAAS e aos modelos de negocio ingame, que oferecem jogos cujo conteúdo aumenta com o tempo, podendo mesmo ser parcos de conteúdo no lançamento, e com despesas escondidas não contabilizadas que podem tornar o modelo mais dispendioso que o modelo clássico de compra.

Basicamente nunca ninguém fez todas estas contas, e confesse-se que elas não são fáceis de serem feitas. Agora o que se torna claro, é que as coisas não são preto no branco e há muitos fatores que necessitam de ser pesados para averiguar qual o modelo superior.

Um dos alertas mais comuns dados pelas entidades de proteção ao consumidor é a facilidade como as subscrições encaixam nos orçamentos familiares. É mais uma coisinha, que até se consegue pagar! Mas depois, surge uma situação de crise financeira, seja geral ou pessoal, e subitamente a família vê-se endividada e sem capacidade de pagar os serviços. Nessa altura, o que resta é o nada… pois tudo o que se gastou… não existe de forma palpável!



17 Comentários
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Pedro Martins
Pedro Martins
21 de Janeiro de 2024 12:10

Na possibilidade de eu poder comprar um PS5, compraria o modelo com leitor e os jogos seriam físicos. Eu moro em uma região fora da cidade, em um sítio, mas mesmo que morasse lá, não faria tanta diferença assim. Ainda levaria horas, se não dias, para baixar um jogo da geração atual ou passada. É por isso que eu abomino o digital, é elitista demais. E se forem dizer que quem compra PS5 tem dinheiro para pagar internet de qualidade, a questão não é exatamente pagar, mas não tê-la disponível em sua região.

Pedro Martins
Pedro Martins
Responder a  Pedro Martins
21 de Janeiro de 2024 12:11

E meu terapeuta uma vez me deu um mês de gamepass ultimate, o que permite jogar na nuvem. A experiência não foi muito boa, de forma que sequer usei

Livio
Livio
Responder a  Pedro Martins
21 de Janeiro de 2024 19:02

ou seja, ao invés de vc ficar numa boa vai se estressar com filas para entrar numa sala, problemas de conexão e outros jogadores que te enchem o saco.

Só lembra uma vez que fui numa sessão com psicóloga, falei de coisas que me aborreciam e ela responde “não dá para controlar o que depende de terceiros”, internamente fiquei p da vida pois me diz aí algo que eu não dependa de terceiros no mundo moderno? Pelo visto só quando estamos no trono do banheiro!!!!

Carlos Eduardo
Carlos Eduardo
Responder a  Pedro Martins
21 de Janeiro de 2024 22:36

É por isso que eu abomino o digital, é elitista demais.

A palavra “elitista” sugere que apenas pessoas privilegiadas possuem acesso ao digital. E não acredito que seja o caso, pois o digital está sendo consumido pelas massas, já que a maioria possui acesso à internet rápida nas regiões urbanas.

Talvez você queria definir o digital como “prejudicial”, pois quanto maior a adesão às mídias digitais, mais escassas se tornarão as mídias físicas.

É a mesma situação com a música. Com a maioria usando aplicativos como Spotify, é esperado que a produção de CDs se tornem cada vez mais escassas.

Não é como eu gostaria que fosse, mas é a realidade atual, apesar de que o físico ainda sobrevive razoavelmente bem nos consoles japoneses (Sony e Nintendo).

Deto
Deto
21 de Janeiro de 2024 14:39

Assinatura de serviço tira a tua liberdade

Você não escolhe o que joga, quando joga e por quanto tempo vai jogar.

E o mais curioso é que ninguém cita as desvantagens de assinatura de jogos comparando com comprar os jogos. Nunca vi um jornalista que elogia o GP falar sobre isso, comparar diretamente comprar jogos com “esperar” para jogar no serviço de assinatura. Só sabem repetir “melhor custo benefico” “melhor negocio em games”. Não é, o melhor negocio em jogos é comprar mídia física

Mas na minha opinião somente a falta de liberdade do modelo de assinatura já explica pq o GP tá estagnando em 25M de assinantes a mais de dois anos…

Last edited 3 meses atrás by Deto
Saber Sword
Saber Sword
Responder a  Deto
21 de Janeiro de 2024 21:37

O cancelamento da assinatura fica a dois botões de distância.
O negócio é o seguinte : Assina quem quer.
E quem está assinando sabe o que está levando.

Deto
Deto
Responder a  Saber Sword
22 de Janeiro de 2024 0:39

bom é que eu falei isso, vc respondeu e agora já temos um exemplo real:

tal Palword saiu “day one” no gamepass mas ninguém joga lá, está todo mundo comprando no Steam.

4 milhões de copias vendidas no Steam e 1,2M de jogadores simultâneos lá.

GP? o desenvolvedor no twitter sequer fala do jogo existir lá…

Last edited 3 meses atrás by Deto
Juca
Juca
Responder a  Deto
22 de Janeiro de 2024 8:11

A questão do Xbox é complicada, eles criaram uma bolha por lá com o Gamepass, mas também é preciso esclarecer que o jogo em questão tem limitações de servidores no Xbox que não tem na versão PC, segundo li, são 4 jogadores, em simultâneo, no console, e 32 no PC. Mas podem já ter resolvido isso, não saberia dizer, pois não estou acompanhando a situação.

Last edited 3 meses atrás by Juca
Hennan
Hennan
21 de Janeiro de 2024 15:21

Esse é justamente a causa do crescimento limitado dos serviços de subscrição. Dentro do grupo de jogadores, apenas um pedaço se beneficia dos mesmos. O restante dificilmente vai aderir. E esse é o maior erro das empresas, não entender que gamers são um nicho formado por vários nichos. Os quais as vezes tem pouco em comum.

Deto
Deto
Responder a  Hennan
21 de Janeiro de 2024 17:17

as vezes eu fico pensando, dado o histórico* do Phill, que o Phill achava que quem comprava muitos jogos iria assinar e continuar comprando muitos jogos; quem comprava poucos jogos iria continuar comprando pouco e também assinaria

Acho que o sonho do phill era ganha/ganha, ninguém deixaria de comprar jogos apenas gastaria mais também assinando o serviço.

*sony me forçando bundle (eu no BR comprei PS5 na pré venda sem sequer existir bundle, mas o Phill milionário no EUA não consegue?), momento estelar da minha carreira é comprar a Nintendo.

Last edited 3 meses atrás by Deto
Juca
Juca
Responder a  Deto
22 de Janeiro de 2024 8:14

Eu tenho é convicção de que ele pensava assim, que o Gamepass seria visto apenas como atrativo, e vou além, até imagino que ele acreditasse que a Sony não ofereceria um semelhante por não terem o mesmo dinheiro pra queimar que a MS, e ficaria acuada.

Last edited 3 meses atrás by Juca
Livio
Livio
Responder a  Hennan
21 de Janeiro de 2024 19:10

é por isso que não assino tais serviços e se por acaso faço uso é por estarem inclusos em tarifas, por exemplo a da provedora de internet.

Primeiro porque não tem o que me agrada e se tiver é em pouca quantidade;
Segundo é o tempo escasso, mesmo que se o serviço tiver tudo o que me agrada eu não vou consumir tudo, nem 10% dele.

Juca
Juca
Responder a  Livio
22 de Janeiro de 2024 8:20

É assim com a Netflix, por exemplo, mesmo pra se tentar fazer valer o que se paga, tem-se de auto-impingir-se a assistir cada porcaria que “pelamor”… Muitas vezes a sensação é de que se está pagando pra sofre tortura. Mas claro, sobre modelos de comercialização, também seria possível jogar dinheiro fora comprando algo ruim ao invés de só alugando, e nesses casos, a sensação de perder menos dinheiro pela ideia do mesmo é melhor.

Last edited 3 meses atrás by Juca
Livio
Livio
21 de Janeiro de 2024 18:58

Sabe, nem sei por onde começar o comentário, mas da experiência que tive hoje pela manhã pensei logo em relatar em um artigo que tivesse um assunto compatível e para a minha surpresa ao acessar o artigo de hoje o comentário se encaixa perfeitamente.

Os leitores mais antigos sabem que faço coleção de consoles e desde o ano passado, após um colega me apresentar um site do Japão, estou importando no mínimo 1 item de lá a cada mês (até tenho que me controlar pq está começando a afetar financeiramente). Como relatado em dezembro recebi o 1º console adquirido por lá, um Dreamcast de data 12/12/1998, um VA0, a 1ª revisão e considerada a melhor das 3 revisões existentes.

Há mais de 10 anos eu tenho as outras duas revisões (VA1 e VA2.1) que nunca as duas estiveram funcionais ao mesmo tempo, ou era uma ou era outra e quando chegou o VA0 em dezembro tive ânimo em tentar consertar o VA1, pois o VA2.1 aparentemente não terá volta.

Consegui recuperar o VA1 e estive a testar a demo do Sonic Adventure, o jogo aparenta ser bom (o disco do jogo completo está a vir do JP),mas aqui vem o relato principal da experiência, como é terrível o Joystick ter somente 1 analógico. A movimentação do Sonic, não sei se é devido a sensibilidade do analógico, é estranha e leva um tempo para se acostumar fora que, sendo um ambiente 3D a movimentação da câmera fica a cardo do D-PAD que fica abaixo do analógico. Para quem está acostumado com os analógicos duplos dos DualShock/DualSense onde em um analógico vc movimenta o personagem e no outro controla a câmera pegar o Joystick do Dreamcast é sofrível.

O joystick do N64 ainda é pior pois a tecnologia ali empregada é similar aos dos mouses antigos. O Joystick do gamecube possui 2 analógicos e mesmo assim parece não serem iguais. Tenho aqui um Panasonic Q, que por ser um modelo raro eu pouco o utilizo, porém ontem chegou meu 1º GameCube(tb vindo do JP) e nos próximos dias irei testar o Luigi Mansion e ver se no GC os analógicos são melhores.

Esse meu relato somente foi possível devido a existência de mídia física. Tais jogos até podem estar nos serviços atuais, mas a forma como você joga não será a mesma da época ao qual os jogos foram disponibilizados, se no começo da década dos anos 2000 o modo de subscrição existisse era capaz de nem conseguir jogar tais jogos.

Pretendo ainda ter todos os consoles de mesa da 6ª geração. Dessa lista do link Falta somente o Xbox clássico e tenhos os especiais Panasonic Q e PSX.

Vi o vídeo e até poderia fazer uma versão com os consoles que tenho visto que a árvore de natal ainda está montada aqui em casa, já pronta para o natal 2024!!! Brincando, é meu filho que não quer que eu desmonte.

Juca
Juca
Responder a  Livio
22 de Janeiro de 2024 8:57

Bacana, Lívio. Gamecube é um bom console, e o joystick dele é muito bom, pra meu gosto pessoal, sobretudo se comparado ao 64. Tem grandes jogos nele também, como Mário Sushine e Twin Snakes o remake de MG.

Netto
Netto
21 de Janeiro de 2024 22:27

Pro meu perfil não

Assinei o Gamepass por 4 anos, se eu zerei uns 10 jogos nesse período foi muito.

A Plus foi algo parecido, assinando desde 2014, se zerei uns 20 jogos foi muito.

Agora eu não renovei ambos os serviços, tô jogando o gigantesco back log que eu tenho e nesse tempo comprando uns jogos do meu interesse em promoção e alguns lançamentos day one.

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