NBA 2K19 – Se o futuro for assim… Ele é um pesadelo de microtransações.

Avaliar um jogo pela sua qualidade é compreensível. Mas fechar os olhos à realidade que o rodeia não 0 penalizando nas avaliações por isso é que é incompreensível.

Não hajam dúvidas que algo está mal com a forma como os jogos são avaliados, pois basta ler as análises a NBA 2K19 para perceber que poucas penalizam o jogo pelo pesadelo de micro transacções que ele é, ignorando que este é um jogo que custa 69.99 euros, na sua edição base, e não algo gratuito.

A 2K games no entanto não vê isso como um problema, e o produtor do jogo limita-se a comentar a questão das microtransações como uma “infeliz realidade”, esquecendo que a realidade é feita de raiz por eles, e que como tal ela só existe porque eles a impõem.

Mas vamos por partes:

NBA 2K19… um jogos que é basicamente um Franchising anual, e dedicado ao basquetebol da NBA, e com uma grande história nas consolas.



É inegável que o jogo possui uma qualidade fora de série, sendo um dos melhores jogo de Basquetebol existente, mas há um aspecto no qual o jogo não só se está a revelar execrável, como também um exemplo a não seguir, e do rumo que estão a seguir os videojogos. As microtransações colocadas em tudo e mais alguma coisa, e que tentam extorquir o máximo de dinheiro aos jogadores!

A versão de 2018 foi polémica nesse sentido, ao ponto de um simples corte de cabelo envolver microtransações, e apesar de essa situação em particular estar agora gratuita, a 2K Games arranjou outras actividades simplórias onde ir buscar uns cobres extra.

Tal como outros jogos, este jogo possui moeda virtual e é com ela que se compra tudo. Absolutamente tudo! A questão é que para a ganhar ou se vai ganhando moeda lentamente jogando o jogo, ou se opta pela compra em quantidade desta moeda, usando dinheiro real.

Isto não parece nada de novo, não fosse o facto de o jogo estar constantemente a mostrar formas de gastar o dinheiro virtual. Desde bebidas energéticas que melhoram a performance, a veiculos, em sapatos, em roupas… enfim… em muita, muita coisa. E a promoção a coisas para comprar é tremendamente insistente no jogo!

Mas mais do que meros itens cosméticos que se dispensam, as compras estão também associadas a questões ligadas ao processo da carreira, nomeadamente as habilidades dos jogadores. E aqui até a versão jogo que compram conta uma vez que algumas trazem de base mais dinheiro virtual do que outras. E escusado será dizer que as que trazem mais dinheiro são as mais caras!

Isto é descaradamente pay-to-win! E isto num jogo maioritariamente Single Player.



Claro que o jogo não impede ninguém de evoluir normalmente ganhando o seu dinheiro virtual sem gastar nenhum… mas convenhamos que nesse campo a 2K games não tornou o jogo fácil a quem pretender fazer isso. E se estiveres disposto a perder uns meses podes evoluir dessa forma, tomando em conta porém que, quando mais evoluis, mais caras são as coisas, demorando assim mais a desbloquear.

Basicamente nada está bloqueado, mas há fortes incentivos ao gastar de dinheiro… Muito fortes mesmo!

O que aqui está é a lógica de jogos gratuitos para aparelhos móveis. São esses que fazem muito este tipo de coisas! Mas aqui estamos perante um jogo que não é gratuito! Está bem longe disso. E mais do que isso não estamos em dispositivos móveis, estamos em consolas.

Basicamente a 2K games trata os clientes como “vacas” que pretende “mugir”. A ideia é conseguir que estas paguem e paguem em cima dos 70 euros que já pagaram pelo jogo. E a realidade é que quem quiser desfrutar do jogo vai estar sempre confrontado com a facilidade de evoluir de forma simplificada ou ficar de fora até evoluir. E para não se ter de esperar… basta gastar uns eurinhos mais!

Se verificarmos que este jogo possui publicidade interna de várias marcas de renome, que deveriam, ao serem fontes de rendimento adicionais, descer as necessidades de custos com o jogo. Mas aqui a publicidade é quase como a que nos massacra nos smartphones. A diferença é que esta está bem inserida no jogo!



Outra diferença é que ao menos muitos jogos móveis oferecem qualquer coisa por se ver a publicidade, algo que aqui não acontece.

Este tipo de intrusão e tentativa de se impingir vendas não existe na mesma escala em mais nenhum jogo. Ao menos o Fifa, apesar de todas as Microtransações que existem, oferece o seu jogo “Single Player” longe de todas as pragas das Micros transações. Mas aqui não!

Perante tudo isto, torna-se estranho e mesmo incompreensível que existam tantas análises a este jogo não o penalizem tremendamente na avaliação por estas práticas. É afinal o dever de uma análise avaliar não só a qualidade do jogo jogado, mas a qualidade e conteúdo de tudo o que está no pacote. E quando um jogo se revela pay-to-win, se revela uma praga de micro transacções, uma praga de publicidade, então isso deveria forçosamente, e de forma clara, reflectir-se nas análises, especialmente quando os produtos concorrentes não entram pelos mesmos caminhos nebulosos.

Note-se que escrevo este artigo pois, felizmente, não graças à maior parte das análises, mas sim a graças queixas em fóruns e a artigos paralelos como este e este, tive conhecimento destas situações. A realidade é que já nos tempos da PS2 e PS3 era grande fan dos jogos de Basquet, sendo que por uma questão de escolha passada, os NBA 2K se tornaram a escolha de compra. Mas a realidade é que parei em NBA 2K12 na PS3 e desde aí que não compro um jogo de basquetebol. Por uma questão de saudosismo estava com ideia de adquirir NBA 2K19, até porque não possuía a mínima noção da realidade que o rodeava.

O preocupante no meio de tudo isto é que as avaliações, as notas finais dadas ao produto, em nada o penalizam por esta realidade, indicando um produto aparentemente normal e que justifica a sua relação qualidade/preço. Estas práticas passam ao lado das notas finais, e isso não pode acontecer, daí que felizmente me consegui informar antes de espetar o meu dinheiro num jogo com características que, pessoalmente, quero ver banidas dos jogos a 70 euros!





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