As políticas da Microsoft estão a criar um loop no seu negócio do qual a saída é complicada.
Em tempos devem ter lido aqui uma afirmação nossa que referia que a Microsoft, não sabendo que rumo tomar, “apostou nos cavalos todos” de forma a garantir que acertaria.
O que esta frase quis dizer é que a Microsoft apostou em todos os modelos de negócio, não querendo deixar fugir nenhum que fosse melhor sucedido.
Ora isso na altura não foi analisado convenientemente, pois se a realidade é que isso garantiria acertar no modelo que mais sucesso lhes traria, também garantiria acertar nos modelos que falharam. E pior, a parte menos analisada, que ao se apostar em todos, uns iriam canibalizar os outros.
Resumidamente, a aposta trouxe consequências indesejadas.
Ao se apostar em modelos de negócio que conflituam entre si, naturalmente que algo vai ter de dar de si. Repete-se:
– Ao se apostar na multiplataforma, o valor que os jogos first party trazem à plataforma desaparece. A consequência é a quebra do volume de vendas do hardware.
– A quebra do volume de vendas do hardware traz perda de valor à plataforma, resultando ainda em menos interesse na mesma, e consequentemente fechando portas de entrada aos potenciais clientes do Gamepass, assim como reduz o mercado Microsoft em que os produtores third party apostam.
– Mas a aposta no Gamepass ainda trás mais consequências, pois nela canibaliza as vendas e a receita imediata trazida quer pelos jogos first party, quer pelos jogos Third Party.
– Com o potencial de vendas a cair criado pelo ponto amterior, o interesse em se apostar na plataforma pelo facto de esta não rentabilizar os custos de forma eficaz, também cai, levando a menor suporte e consequentemente menor conteúdo Gamepass, levando novamente à questão das menores vendas de hardware. Ou seja, está criada a pescadinha de rabo na boca.
Repete-se que a aposta em uniformizar a consola e o PC não faz verdadeiro sentido. Isto porque o PC não tem políticas de restrição, permite vendas diretas, não tem quaisquer royalties ou situações de autorização para publicação associadas, etc, etc. Daí que o interesse numa Xbox que faz o mesmo que o PC se perde face a um PC que faz o mesmo que a Xbox.
Resumidamente a Microsoft parece ter-se espalhado valentemente com esta aposta em que disparou em todas as direções, deixando de se focar apenas num ponto. Agora, sem a consola, ter uma Xbox compatível com o PC não é muito diferente de ter um PC compatível com uma Xbox, com a vantagem da liberdade de hardware do PC, e da liberdade de uso do mesmo.
Se a Microsoft falhou em sustentar algo que tinha diferenças que justificavam a aquisição, como vai agora ser, pelo menos facilmente, bem sucedida num produto que, no fundo, não deixa de ser um PC?