O que se passa com a Microsoft e porque motivo esta age como se andasse perdida?

A comunicação nunca foi o forte da Microsoft, especialmente nesta geração. Especialmente porque se torna claro que a empresa tem tentando impor a sua ideologia a todo o custo.

Restringindo-nos apenas a factos recentes há uma série de posturas da Microsoft que estão a mexer com os mercados com reações das mais diversas.

É a polêmica da recolha de dados do Windows 10, é a remoção dos exclusivos Xbox, a criação de uma plataforma universal que não está a agradar nem aos donos da Xbox, nem aos possuidores de PC, e agora toda a polémica do fecho de sete estúdios que afinal acabaram por ser apenas seis (pelo menos para já.).

Mas porque motivo age a Microsoft assim? Vamos ver o historial da Microsoft ao longo dos últimos tempos:

Quem visita a minha casa encontra na minha sala de jantar, no movel sob a televisão uma caixa, por acaso bastante agradável visualmente, mas pouco comum de ser vista na maior parte dos lares.



Trata-se de um produto inteiramente montado em peças por mim usando uma antiga aposta da Microsoft, que foi entretanto abandonada. Apesar de poder parecer algo diferente, trata-se de um PC! Um simples PC, equipado com um processador AMD Athlon X4 e uma placa Gráfica Geforce 9500, bem como uma placa de Miro PCTV capaz de sintonizar e gravar canais de TV para o disco rígido. Possui apenas 1 GB de RAM e corre o Windows Media Center Edition.

Sim, é um Media Center, e teve durante muito tempo uso. Nele reproduzi durante muitos anos filmes e séries que visualizava na TV!

Nox_Media

Este conceito foi uma aposta da Microsoft, mas que teve uma vida muito curta e no qual, por acreditar que seria algo de muito interessante, apostei.

Mas rapidamente percebi que tal aposta era perdida. Com o passar dos tempos a redundância instalou-se e o aparelho atualmente é apenas uma peça meramente decorativa.

Com o passar dos tempos, outras peças mais comuns de serem encontradas numa sala começaram a realizar as mesmíssimas funções. As consolas que sempre por ali existiram também podiam ler os filmes em DVD e até em Blu-ray, algo que este Media Center não suporta. Depois vieram as set top boxes, com capacidade de gravação e algumas com capacidade de reprodução de DIVX. Até que atualmente tudo foi dispensado com a introdução das SmartTvs que fazem absolutamente tudo sem precisarem de qualquer tipo de aparelho externo (bem, precisam de um disco para gravarem TV). E isto para não falar da integração das smartTvs mais recentes com os smartphones que permitem usar os sensores destes últimos para jogos estilo os da Wii (o Chromecast adiciona igualmente esta capacidade a qualquer TV com HDMI).



A questão é que, desde já à alguns anos que a redundância para as operações multimédia são uma realidade na minha sala.

No entanto, em 2013 a Microsoft resolveu re-inventar a roda a nível de media centers. O produto lançado chamava-se Xbox One, e a grande novidade e inovação face ao que já tínhamos nas nossas salas era… uma segunda porta HDMI capaz de fazer passagem de sinal, podendo-se visualizar TV, mas ao mesmo tempo deixar passar o sinal para outros aparelhos! A restante novidade era que podíamos fazer gestos para controlar o sistema, e oh novidade… até podíamos dar comandos verbais… algo igualmente já existente em centenas de modelos de televisões!

O media center que víamos ali era algo previsivelmente condenado à partida! Ao longo dos anos vários produtos foram aparecendo com capacidades semelhantes, mas nenhum se tornou verdadeiramente um sucesso. O que realmente distinguia este produto dos restantes era que ele estava inserido em um outro. A fabulosa e carismática consola XBOX da Microsoft!

Resumidamente, aquilo que se pode perceber claramente foi que a Microsoft resolveu aproveitar o sucesso da sua Xbox para impor o seu novo produto e tentar penetrar em outros mercados, neste caso o das set-top boxes. A empresa referia mesmo que tinha como planos fazer acordos com operadores de serviços de TV de forma a que o seu produto fosse fornecido como a set top box de base desses operadores.

Com esta situação em mente a Microsoft dava a conhecer que esperava que na nova geração se vendessem mil milhões de consolas e que a sua Xbox One superasse os 100 milhões em apenas 5 anos.



Mas deu-se mal! Não só a consola lidava muito mal com sistemas 50 Hz criando problemas na imagem, como o seu custo graças à imposição de um sistema de controlo baseado em gestos e que era referido como imprescindível subiu o produto para valores que não se revelavam interessantes.

Restava no meio disto tudo, a componente consola!

Infelizmente devido à ideologia global do sistema, a componente consola vinha com restrições tremendas. O produto tinha sido concebido como sistema multimédia e como tal com um conceito que previa a sua ligação constante à internet, e graças a isso a Microsoft lembrou-se de aproveitar essa situação para implementar um sistema de DRM anti cópia verificado na internet que forçava a consola a ligar-se pelo menos uma vez a cada 24 horas aos servidores da Microsoft, sob pena de impedir o seu uso para jogos.

Era claro que na concepção, apesar de o produto ser pensado para vender baseado no sucesso da consola Xbox, a componente consola era apenas uma das partes do produto total. E uma que na apresentação do produto ao público até ficou para segundo plano!

Ora com o insucesso em conseguir acordos com os operadores e mesmo em garantir direitos para canais exclusivos ou para a criação de serviços de sobreposição de imagem (algo que só se lembraram de obter depois do produto lançado), esbarrando em legislações e acordos pré existentes diferentes de país para país (sim, porque para a Microsoft os países e as suas regras só dever ter aparecido depois do lançamento da consola e até lá o mundo era os EUA e o resto era província). Restava uma consola cara… e com restrições!



Para não ter de dar o braço a torcer a Microsoft ainda tentou durante muito tempo forçar a sua postura inicial, tentando adocicar o produto e insistir em promessas de outros atractivos que tornassem as restrições da ligação à internet mais aceitáveis aos olhos dos clientes. E eis que rapidamente surge a propagação do “PODER DA CLOUD”.

A tecnologia da Cloud era nessa altura apenas uma mera promessa. Nada estava ainda desenvolvido nesse sentido! Nunca foi algo criado para ser usado com a consola, pois se assim fosse estaria pronto para ser usado na altura do lançamento da mesma. Foi apenas uma adaptação de algo que a Microsoft sabia estar a desenvolver e que poderia usar de forma a adoçar a boca aos seus fans que lhe fugiam. E com o poder da Cloud a promessa surge de que a consola poderia atingir performances inéditas! Era sem dúvida uma forma de disfarçar as necessidades do online e as diferenças de performances brutais que a consola no seu lançamento apresentou face à concorrente.

Estamos agora em 2016 e a Cloud… continua uma promessa. O único jogo que a suportará de forma diferente do que já foi feito por outros jogos de terceiros em sistemas de terceiros, e em servidores dedicados normais, Crackdown 3, só deverá ser lançado no final de 2016 ou inícios de 2017. 3 anos depois do lançamento da consola…

E isto não marcará o aparecimento da Cloud, mas sim e apenas de um jogo perdido que usará a Cloud, de forma a que a mesma passe a ser mais do que uma mera promessa, não havendo sequer indicação de qualquer outro jogo em desenvolvimento que a volte a usar da mesma forma.

Mas voltando à linha temporal da qual saltamos momentaneamente, as realidades que a Microsoft ia encontrando iam-na forçando a ir perdendo ao longo dos tempos a ideia de impor a sua consola como um sistema multimédia. E colocando esse conceito de lado, apostando na ideia de consola pura e simples que tanto sucesso estava a obter na concorrência, removeu não só o Kinect, como todos os DRMs existentes.



Ao longo dos tempos a política da Microsoft mudou. De um centro multimédia tudo em um que nunca deveria ter existido por não inovar verdadeiramente em nada, e ser redundante face ao que atualmente já existe nas nossas salas de estar, o produto passou a ser então uma consola plena. Não sem ter ficado penalizado nas escolhas do hardware devido ao conceito inicial, mas mesmo assim, uma consola de extraordinária qualidade que foi sendo melhorada ao longo dos tempos.

E com as remoções das reservas, a redução de preços, e a promessa de uma consola sem restrições e com a qualidade que a 360 nos tinha habituado, as vendas da Xbox One começaram a aumentar. E mesmo penalizada pelo conceito inicial, A Xbox One tornou-se numa excelente consola e seguiu a trilha da sua concorrente, a PS4.

Ambas as consolas começaram a vender bem, e a Xbox One conseguia inclusive bater o sucesso da sua predecessora, a 360.

Mas a Microsoft é uma grande empresa. E a consola é apenas um dos seus produtos, não sendo sequer o nuclear ou fazendo parte do mesmo. Daí que as suas políticas sejam muito mais globais do que as aplicadas à mera Xbox One.

Ainda antes da Xbox One, no seu produto de maior sucesso, o Windows, a Microsoft resolveu inovar criando uma nova versão de elevada qualidade, o Windows 8. Mas, mais uma vez devido à imposição de ideias que nunca ninguém pretendeu ver implementadas, este sistema operativo revelou-se um flop.



O motivo? Simples! Tal como a Microsoft se aproveitou do sucesso da Xbox One para tentar apanhar o mercado das set top boxes, a Microsoft tentou aproveitar o sucesso do Windows para apanhar o mercado de dispositivos móveis. E dessa forma, mesmo penalizando os utilizadores dos PCs que se viam desprovidos de um ambiente de trabalho clássico, apostou numa inovação ao seu produto de maior sucesso para criar um novo Windows com um novo interface denominado Metro com o qual pretendia deitar a mão a todos os mercados.

O resultado foi o que todos conhecem! Os produtos com o Windows RT nunca tiveram sequer suporte dos fabricantes de hardware. O software, apesar de vendido como Windows, não era compatível com as versões de secretária, e as pessoas consideravam-se enganadas. O RT morreu pouco depois de ser lançado!

Infelizmente o Metro… estava lá. Em todas as versões do Windows e para ficar! Mesmo que isso prejudicasse os computadores de secretária que a nível de produtividade se viam extremamente penalizados com as alterações impostas.

A Microsoft vendo a morte do RT e as queixas no mercado PC que não aderia ao windows 8, cedeu ligeiramente. Inicialmente passou a permitir o boot directo para o ambiente de trabalho, mas sem dar o braço totalmente a torcer, o botão de START que fora removido do Windows 8… e que era a maior queixa… não era reposto! !

Foi preciso o Windows 8.1 para ele aparecer oficialmente. Alterado e com o metro inserido no mesmo para não se mostrar que houve uma cedência perante o público, mas apenas um compromisso, o botão de start lá apareceu.



Mas a Microsoft não se dá como vencida.. E perante a pouca adesão ao Windows 8 e 8.1, especialmente por parte das empresas, lança o Windows 10!

Aqui o conceito mantêm-se mas é apresentado de forma diferente. Um único Windows universal, capaz de adaptar a sua interface ao aparelho em que corre, oferecendo a todos o melhor do Windows adaptado às suas realidades, e com compatibilidade universal graças às Universal Windows Apps. Mas mais uma vez, na ânsia de unificar os sistemas, leva o bom dos PCs aos dispositivos móveis, mas traz o mau dos dispositivos móveis ao PC. E as questões de segurança e privacidade surgem!

A nível de recolha de dados, o Windows 10 funciona no PC como um OS de aparelhos móveis, apesar de o PC não ser um dispositivo móvel. Mas tudo faz parte do plano de integração do PC com os restantes mercados de forma a conseguir dominar todos, e apesar de o mercado ir rejeitando as suas vontades, a Microsoft insiste. E resiste pois mesmo com reveses a empresa continua a apresentar lucros fabulosos que lhes permitem assumir estas posições.

Infelizmente o mercado PC mostra-se descontente. As empresas não gostaram do windows 8 e da mesma forma não vão muito à bola com o Windows 10. Mas a Microsoft desta vez parte preparada para isso, reabilitando a imagem do Windows com uma campanha de conquista de mercado!

E que melhor forma de conquistar o mercado do que cortar o suporte às versões existentes do Windows mais antigas e para todas as outras oferecer o upgrade de forma gratuita?



Nada melhor que isto! Uma oferta gratuita de um novo OS… E ainda por cima quando o mesmo é basicamente oferecido até aos piratas (sim, há inúmeros relatos de cópias ilegais do windows a serem reportadas como tendo efetuado o upgrade com sucesso estando agora legitimamente registadas).

Curiosamente, mesmo com estas ofertas a coisa não corre como a Microsoft esperava. Atualmente (dados de Fevereiro de 2016), e de acordo com a Netmarketshare, uma entidade independente que se baseia na análise do uso dos sistemas operativos na Internet, o Windows 10 conta com 12,82% do mercado de sistemas operativos. O Windows XP ainda conta com 11,24%, quase tanto como o 10. O windows 8 e 8.1 possuem juntos 12,26%, e o Windows 7 conta ainda com 52.34% do mercado.

Ou seja, 64,6% do mercado está em condições de poder passar gratuitamente para o Windows 10… e não o faz!

Windows_Share

A oferta do Windows 10 gratuita… não é um sucesso! As opções da Microsoft são impopulares e as pessoas não estão a aderir como esperado. Mesmo com o Windows gratuito e máquinas capazes de correr o Windows 10, quase 80% do mercado Windows (incluindo XP e Vista) não aderiu ao Windows 10!



Há então que fazer uma nova aposta: Nos Gamers! Se o Windows 10 se tornar a plataforma preferida dos Gamers, o sucesso futuro da plataforma fica garantido.

Nesse sentido a Microsoft traz o DirectX 12 para o Windows. E torna-o exclusivo do Windows 10, apesar de nada impedir o mesmo de poder ser executado em outras plataforma (O nome Vulkan diz alguma coisa a alguém?). Esta política tinha-se revelado como capaz de aumentar vendas quando a Microsoft excluiu o DirectX 10 e 11 do XP para vender o Windows 7, e quando excluiu o 11.2 do Windows 7 para vender o Windows 8. Daí que porque não aplicar a mesma ao DirectX 12, excluindo-o do Windows 8 e 8.1, para fortalecer os argumentos do 10?

Mas só o DirectX 12 não é suficiente. Um API deste gênero só cria vendas se tiver jogos! Daí que surge a implementação de ideias que já eram ponderadas à muito tempo: Porque não alargar a coisa à sua consola? Trazer a Xbox, que até nem está a vender como esperado e longe das expectativas iniciais, para o Windows 10! Isso permitiria criar bases para a rápida difusão do OS e expandir a difusão da consola!

Com as apps universais que permitem aos dispositivos moveis correr apps de PC, e a Xbox igualmente no PC estariam dados os passos necessários no sentido de se conseguir abranger e revitalizar três mercados que não se encontravam a reagir dentro das expectativas.

E eis que a Microsoft anuncia a plataforma Xbox. A Xbox One perde os seus exclusivos que passam a sair igualmente para PCs com Windows 10, e para a One não se sentir prejudicada, leva-se um rato e teclado para a consola, leva-se os upgrades para a consola, e torna-se a consola em mais um dos muitos produtos que recebem upgrades de forma regular baseados no Windows 10.



Estes serão os motivos desta implementação súbita. Apesar de estas ideias já existirem à muito na Microsoft elas certamente terão sido apressadas pois estão a ser apresentadas e implementadas muito rapidamente mostrando falhas que estão a desagradar muitos, especialmente os possuidores de PCs que vêem as suas máquinas limitadas nas conversões da plataforma (ver nosso artigo sobre a Universal Windows Platform). Tudo leva a crer que algo se passou que acelerou um processo que não seria para acontecer tão cedo. Quantum Break é anunciado na plataforma de repente e apanhando todos de surpresa e Gear: Ultimate nem sequer tem direito à publicidade de lançamento que um título desta magnitude merece, tendo sido o jogo original programado para uma placa AMD, esta versão criada para uma placa AMD, e saindo no PC com problemas nas placas AMD devido às implementações Nvidia. Excluindo a hipótese de pouca competência na fase de testes, algo parece ter precipitado estes acontecimentos, mas o que?

A resposta só a Microsoft a saberá, mas uma olhada ao relatório anual da Microsoft aos seus investidores parece dar uma ideia do que se passa:

Este relatório financeiro da Microsoft para 2015 revela vários dados interessantes:

O número de consolas despachadas para os retalhistas foi ligeiramente maior no ano fiscal de 2015 do que no de 2014 (12.1 milhões contra 11,7). Apesar de estes números não representarem as consolas vendidas (nota posterior à escrita do artigo: sabemos agora serem um pouco acima dos 20 milhões), o certo é que em 2015 o número de consolas Xbox no mercado basicamente passou para o dobro.

No entanto, apesar de existir o dobro de consolas e podemos quase dizer que igualmente o dobro de potenciais clientes a produtos da mesma, quando seria de se esperar um aumento de receitas substâncial, o que vemos foi que as receitas da Xbox desceram 6% face ao ano anterior.



Mas o dado pior que vemos nesse relatório nem é esse! É que o custo necessário para a obtenção da receita subiu 72% face ao ano anterior. Isso quer dizer que para manter as vendas do seu produto a Microsoft vê-se obrigada a basicamente perder dinheiro. Não ao ponto de ter prejuízo, mas ao ponto de com o dobro dos clientes obter lucros inferiores aos que tinha com metade.

Mais ainda, a Microsoft anuncia que, mesmo com o dobro dos clientes, as receitas das vendas de jogos second e third party decresceram. E isto não deve ser novidade para ninguém pois discutimos aqui na PCManias que isso seria uma inevitabilidade face à forma como a Microsoft inundou o mercado em períodos cruciais com os seus exclusivos first party.

Note-se que estes são dados fatuais. De um relatório oficial da Microsoft, não há aqui especulação nenhuma!

Este é o motivo que encontramos para justificar o apressar da unificação da consola ao PC!

Infelizmente para a Microsoft, a polêmica desejada unificação das plataformas não irá ocorrer de um dia para o outro. A Microsoft até pode fazer isso com os seus jogos, mas há que convencer terceiros a aderir, e isso será menos fácil e mais moroso.

Daí que com a Xbox a apresentar resultados assim, e face a essa esperada demora, o coerente é a empresa reduzir custos para continuar a justificar o investimento na divisão aos investidores!

Ora as notícias recentes apontam que isso efetivamente aconteceu: A Microsoft anunciou o corte e re-estruturação dos estúdios internos!

Foram no total 7 estúdios, 5 deles re-estruturados e dois eliminados, a Press Play e a Lionhead.

Consequentemente Fable: Legends da Lionhead e Knoxville da Press Play são cancelados.

Entretanto sabe-se que a Lionhead foi temporáriamente reactivada, mas certamente por questőes legais ligadas à legislação em vigor na Inglaterra, pois os funcionários deram-se imediatamemte como disponíveis para novos empregos.

Como sustentação adicional para este corte estar relacionado com custos temos o comunicado de imprensa da Microsoft a anunciar as situações relativas à re-estruturação dos estúdios e o fecho da Press Play, bem como a negociação do fecho da Lionhead. Repare-se bem nos indicadores que aqui temos. Ele começa assim:

Após muita consideração decidimos cessas o desenvolvimento de Fable Legends e estamos em negociações com os funcionários acerca do proposto fecho dos Lionhead Studios no Reino Unido. Adicionalmente fecharemos a Press Plays Studios na Dinamarca e o seu desenvolvimento no Project Knoxville.

Estas foram decisões difíceis e não as tomamos de ânimo leve, e nem sequer são um reflexo de quem está nas equipas de desenvolvimento

Parece claro que a Microsoft está aqui a dar a entender que o que está em causa não são as pessoas da equipa ou o trabalho ali realizado, mas sim outras situações.

Mas a coisa continua:

Somos extremamente afortunados por ter o talento, criatividade e empenho das pessoas desses estúdios. A equipa da Lionhead Studios deliciou milhões de fans com a série Fable na última década. A Press Play inbuiu a indústria com o seu espírito criativo por detrás de jogos como Max: The Curse of Brotherhood e Kalimba, sendo que ambos capturaram fans apaixonados. Estas mudanças estão a ter efeito com a Microsoft Studios a continuar a focar o seu investimento e desenvolvimento nos jogos e Franchisings que mais excitam os fans e querem jogar.

Estas linhas são extremamente curiosas. A Microsoft tece elogios tremendos às equipas que está basicamente a despedir, quando não o precisava sequer de fazer, e como tal a ideia que passa, especialmente associada à frase de cima a negrito, é claramente de que os cortes não são desejados, mas sim necessários, fortalecendo a ideia de que os cortes se deveram exatamente aos resultados financeiros apresentados em 2015 pois pelo andar da carruagem e a necessidade de se manter as promoções, a Xbox One poderia estar mal encaminhada sem cortes na despesa.

O comunicado, após um parágrafo de pouco relevo para o caso, terminava assim:

Não temos mais do que sentir agradecimento do coração aos membros da Lionhead e Press Play pelas suas contribuições para a Xbox e o Gaming. estamos comprometidos em trabalhar de perto com os afectados pelas notícias de hoje e ajudar os mesmos a procurar novas oportunidades na Xbox ou em ajudar os mesmos a obterem parcerias na grande comunidade de desenvolvimento ajudando-os a obter outros trabalhos na indústria dos videojogos, caso assim o desejem.

Conclusão

Sejam as considerações de cima acertadas ou não, o que é mais do que certo no meio de tudo isto é que a imagem da Microsoft está seriamente abalada junto dos consumidores. Poderão não ser todos, mas a realidade é que antes de tudo isto todos os que apreciavam os produtos da Microsoft estavam contentes, e agora uma boa parte deles não está. E o que preocupa não são os que estão satisfeitos, são os que não estão. Exatamente porque antes de de todas estas movimentações da Microsoft, até estavam!



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