O que significa Xbox

Sinceramente, neste momento, cremos que nem a Microsoft sabe verdadeiramente.

Xbox tinha um significado. Era uma plataforma de jogos, baseada em uma consola. Possuir uma Xbox era possuir um aparelho dedicado que oferecia algo exclusivo e único, bem como uma plataforma de jogo dedicada para a qual se optimização e onde todo o software era garantido num suporte de vários anos.

Mas agora o que é a Xbox?

Os jogos Xbox deixaram de ser exclusivos dessa plataforma dedicada, que aliás se prepara para terminar. Atualmente os jogos Xbox estão, ou poderão vir a estar, em todas as plataformas existentes, seja ela PC, Sony ou Nintendo, pelo que a confusão é grande.

O que é a Xbox que, por exemplo, a Tencent não seja?



É um grupo com vários estúdios? Sim, tal como a Tencent!

Tem um serviço de cloud Gaming (Xcloud)? Sim, tal como a Tencent (Game matrix)!

Lanca jogos para a Xbox, PC, Nintendo, Sony? Sim, tal como a Tencent!

O que separa afinal uma Xbox de outras empresas ou serviços?

A partir do momento que a Xbox se torna um PC, como aconteceu com a Rog Xbox Ally, aquilo que parece é que a Xbox deu uma volta de 360 graus. Começou com o PC, onde se deu mal, virou-se para as consolas, onde apesar de início auspicioso, ao tentar impor as suas ideologias também se deu mal, e agora regressa ao PC, tentando arrastar o nome Xbox numa tentativa de mostrar algo de diferente, que na realidade não existe.

O nome Xbox num produto PC não é diferente de a Tencent também patrocinar um fabricante de hardware para lançar PCs com o nome deles associado. E isso de nada vale porque na prática o que lá está, nome e luzinhas à parte, não deixa de ser um PC igual, ou até inferior ao que qualquer outro fabricante PC pode criar. Afinal o software que lá corre, corre no Windows a que todos os fabricantes tem acesso, em hardware PC a que todos nos fabricantes tem acesso, e corre jogos PC, tal como qualquer outro PC.



Resumidamente, tirando o nome Xbox, nada distingue on produto de outros que existem no mercado.

Apesar de a parceria com a AMD poder vir a dar à luz hardware algo personalizado para servir de fasquia base aos produtos Microsoft, a realidade é que o que vier a surgir daí, pouca consequência terá. Afinal o suporte do Win32 como a base do software da consola, trará a total compatibilidade com o PC standard, e numa altura em que a ideia é alcançar todas as plataformas, criar uma base com suporte a hardware único e exclusivo, mesmo que exista, não pode nunca ser nada que seja disruptor do suporte às outras plataformas. Quando o objetivo é alcançar tudo e todos nomeando tudo de Xbox, criar algo que force ao abandono de determinadas fatias de mercado por não terem capacidade de acompanhar é algo sem sentido. Para isso, mais valeria então manter-se as coisas como estão, e manter o conceito de consola vivo. Ao menos criaria algo separador daquilo que qualquer outro grupo igualmente detentor de estúdios e serviços pode criar.

A realidade é que ainda hoje se perguntarmos o que é uma Xbox, a resposta será que é uma consola de jogos. O termo meteu-se na cultura popular como um aparelho dedicado onde se jogam jogos, algo que a Microsoft tem alterado ao expandir isso para os smartphones, TVs, portáteis, PCs, aparelhos VR, e mesmo consolas rivais,

Mas a questão é que se a Microsoft diz “Isto é uma Xbox”, isso é falso. Pode correr os mesmos jogos que correm na Xbox, mas não corre os jogos Xbox nativos. Uma TV corre uma versão streaming, e os PCs correm uma versão PC (os futuros poderão vir a correr o software existente de forma nativa, mas o software futuro será PC).

Ora para jogar jogos PC, e isso inclui os jogos Xbox no PC, eu não preciso do produto da Microsoft. A Microsoft está a entrar no domínio da Steam, e a Steam, excepto como loja, nunca teve sucesso nenhum pois os seus produtos, ao correrem jogos PC, nunca deixaram de ser PCs. Aliás, Sarah Bond já referiu mesmo que o Steam estará integrado nas futuras Xboxes, o que mostra isso mesmo, um PC. Diga-se aliás que este anúncio da Rob Xbox Ally e depois da parceria com a AMD que vai trazer a retrocompatibilidade com a consola, por hardware, já começa mal, uma vez que a Microsoft está a por a carroça à frente dos bois e a lançar produtos PC já denominados Xbox sem essa capacidade. É a típica falta de organização Microsoft a vir ao de cima.



O mais curioso é que a atual iniciativa da Microsoft não é nova. Já em 2006 Bill Gates teve uma idêntica chamada Live everywhere (Live era o serviço Xbox antes do Gamepass), onde a Xbox se expandiria para o PC como resposta ao Steam.

Foi nessa sequência que surgiram os Games for Windows Live em 2007, que pretendiam, tal como agora, unificar a consola e o PC.

20 anos depois a ideologia volta à carga. Apesar que o futuro a Deus pertence, a situação atual parece pior que a original. Porque nessa altura o Steam não era nada, e agora é a maior loja de jogos PC do mundo, e na altura a Microsoft tinha uma consola que batia a da Sony em Popularidade (a X360), e agora tem uma consola com a imagem desfeita e em queda de venda.

Mais ainda, na altura a Xbox tinha jogos exclusivos, ao passo que agora a PlayStation recebe também os seus jogos.

Vamos ver. Mas a realidade é que perante estas mudanças, o atual cliente consola da Xbox poderá não se manter com a Xbox.



A estratégia da Microsoft é confusa. O percurso é confuso. Tudo é confuso e acima de tudo, incerto. A Microsoft fez um 360 e no fundo o que oferece não é diferente do que o PC já oferece e sempre ofereceu. Qual o futuro desta ideologia é algo que não conseguimos prever, mas que, à partida, não se afigura como brilhante.

Mike Ibarra também tem uma ideia semelhante sobre o caminho confuso da Microsoft, que provavelmente nem eles sabem ao certo qual é.

 

 





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Hennan
Hennan
6 de Julho de 2025 10:46

Xbox é hoje a divisão de games da Microsoft. Uma publicadora tentando encontrar a viabilidade financeira.
O projeto inicial deu errado, tentaram contornar com o Gamepass. Mas a IA roubou o dinheiro infinito e tiveram que dar um jeito. Nada do que está acontecendo foi planejado. Por isso, virou essa bagunça que estamos vendo. No entanto, provavelmente é o único caminho que resta para salvar a divisão.

Livio
Livio
6 de Julho de 2025 12:01

Não lembro se foi aqui mas teve um comentário que faz todo o sentido: “Onde se é tudo, na realidade não é nada”, referente ao novo slogan da Xbox “Isto é uma Xbox”.

Eu pensava que o artigo de hoje já abordaria as péssimas decisões da MS/Xbox. Após a divulgação dessas decisões(demissões, jogos cancelados) decidi assistir a vídeos de canais que são voltados ao Xbox e pasmem, a maioria agora dizem que a MS é uma empresa capitalista e que está atrás de lucro (mas antes era a mãe que sempre quer o bem dos seus consumidores), que a compra da ABK tem que ser paga, que o Gamepass não fecha a conta e por último o mais impressionante querem a saída do Phil Spencer.

Phil Spencer saindo em nada altera, a marca já afundou junto com ele e com os fanboys que sempre defenderam tudo o que ele falava.

E sobre as demissões nos estúdios infelizmente ainda vemos gente a defender a MS e a por culpa nos estúdios, isso é um dos motivos da queda do Xbox.

Livio
Livio
Responder a  Livio
6 de Julho de 2025 12:04

E algo que comentei ontem com o Andrio após um membro da Arkane criticar o Gamepass (só agora não é?), o Phil deu o prazo de até 2027 para mudar o rumo do Xbox, Gamepass começou em 2017, será que estão esperando 10 anos para ver a adesão e assim decidir algo?

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