Que aquilo que o Cross Play junta, o rato e o teclado não possam separar.

O CrossPlay tem vindo a ser alvo de muita conversa. Mas a realidade é que se o Cross Play junta, o rato e o teclado tem vindo a separar.

Apesar de tudo o que se refere sobre o Cross Play e as suas vantagens para o utilizador, a realidade é que por detrás do mesmo há uma grande jogada de marketing. A característica interessa acima de tudo aos produtores dos jogos que dessa forma não necessitam de servidores separados, o que não só diminui os custos, mas aumenta a população activa, dando hipóteses ao jogo de subsistir por mais tempo.

Da parte do jogador há também vantagens, sendo que uma delas é a possibilidade de se poder jogar com pessoas amigas que possuem outros sistemas.

Ora apesar de reconhecermos claras virtudes nesta tecnologia, a realidade é que também sempre vimos na mesma coisas más, e uma delas que sempre criticamos, é a diferente capacidade de interacção com o jogo existente em sistemas tão diferentes como um smartphone, uma consola e um PC.

Para sermos mais claros, um smartphone nunca pode ter a facilidade de uso de um gamepad, assim como o gamepad também nunca tem a precisão de um rato e teclado. E desta forma as diferenças na performance de jogo saltam à vista.



Ora uma coisa que sempre definiu as consolas foi a experiência de jogo ser idêntica para todos que a possuem. Sim, dentro de uma mesma consola, devido aos produtos de terceiros, há gamepads diferentes, há gamepads melhores e piores, mas a realidade é que na génese, apesar de todas estas diferenças, para a grande fatia dos jogadores, o jogo é o mesmo, e a qualidade de jogo, a capacidade de interacção, a capacidade de resposta, é também igual para todos.

Por exemplo, num PC, um jogador com um rato sem fios com 600 dpis e um teclado banal com um poolrate de 125hz, que jogue com um jogador com um rato com fios, com 9000 dpis e um teclado gamer, ambos com poorates de 1000hz, , esta claramente em desvantagem. Mas aqui falamos de uma desvantagem que poderá fazer a diferença quando ambos os jogadores iniciam a mesma acção ao mesmo tempo. Não de algo que lhe dificulte ou altere a forma de jogar!

Já numa gamepad, mover a personagem e uma mira para alcançar uma cabeça de um avatar adversário não consegue nunca ser tão rápido ou tão preciso como um jogador que esteva a jogar com um rato e um teclado, sendo que a comparação é a mesma quando o jogador está com um ecrã tactil face a um jogador com Gamepad, piorando de forma exagerada quando passamos de ecrã táctil para um teclado e rato.

Infelizmente, isto é algo que, apesar de a experiência do passado já nos ter avisado de tal, está a ser esquecido, e a obrigar os produtores dos jogos a tomar medidas!

Tal é o que se está a passar com a EPIC e com Fortnite, um jogo que tanto promove o CrossPlay querendo juntar todos os sistemas possíveis, mas onde as diferenças entre os diversos tipos de controladores estão a provocar o caos no jogo, com os jogadores a queixarem-se que, pura e simplesmente, não conseguem jogar em condições pela dificuldade de jogo acrescida que os jogadores com outros tipos de controladores lhes causam.

E nesse sentido a EPIC decidiu alterar o sistema de matchmaking, passando a, preferencialmente, juntar jogadores com o mesmo tipo de controlo. Eis a afirmação:



Estamos a trabalhar em nova tecnologia de matchmaking, que está a caminho, que irá juntar-te com outras pessoas baseado na tua escolha de periféricos

A tecnologia ainda não está 100% explicita, sendo apenas dado o exemplo que se usas rato mais teclado juntar-te-às a outros com rato e teclado. Mas a frase é mais abrangente, falando de periféricos de uma forma geral, o que leva a crer que a preferência será dada de forma igual a todos os tipos de controladores.

Ora isto é um contrasenso total… um retroceder face às vantagens que o jogador possa encontrar no CrossPlay. Isto quer dizer que uma pessoa que jogue num smartphone, dificilmente encontrará o seu amigo no PC uma vez que eles serão, à partida, separados. E o mesmo se passa com outros tipos de controladores!

Diga-se aliás que, apesar de não encontrar grandes diferenças no jogo entre o controlador Xbox e PS4, já no que toca ao da Switch noto diferenças. Quer com os comandos na consola, quer com eles removidos e presos ao adaptador que cria um controlador separado, noto diferença. E isso deve-se à dimensão dos componentes que não acho os mais adequados as minhas mãos. A distância dos analógicos às bordas, a proximidade dos gatilhos, etc. Enfim, é um controlador, mas a ergonomia conta e sempre contou nestas coisas, e por isso é que há preferências por comandos, sendo que a minha pessoal vai para o controlador da x360. A questão é que com o controlador da Switch sinto-me menos confortável, e isso nota-se na performance.

Quero com isto dizer que mesmo entre controladores, tal como entre teclados e ratos diferentes, há diferenças. E só isso quebra a homogeneidade que as marcas tentam criar nos seus sistemas consolas onde o que há é igual para todos. Colocar isto contra grandes quantidades de jogadores com sistemas diferentes, mesmo que a diferença seja reduzida, é criar desigualdades que não existiam de outra forma.

Mas se com pequenas percentagens de pessoas que jogam com controladores diferentes num mesmo sistema até se pode viver, com percentagens enormes dessas situações é que a situação se torna problemática.



E ver-se os jogadores que o Cross Play uniu a serem separados pelo tipo de controlador, traz uma situação nova, pois com isso separa-se inclusive jogadores da mesma plataforma que estejam a usar sistemas de controlo diferente (por exemplo PCs com Gamepad, consolas com teclado e rato, smartphones com controladores ou com teclado e rato).

Ora isto não é algo que é um total contra-senso face ao conceito do Cross Play que tanto se tenta impingir, como face à unicidade das plataformas. Mas é algo que se ainda não está a acontecer plenamente em Fortnite, para lá caminha devido ao seu sistema de matchmaking.





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