Samsung Qled Q70R – Análise

O modelo que vamos abordar é a versão de 65 polegadas, o QE65Q70RA!

Se procuras uma excelente TV, com caracteristicas de topo, suporte a tecnologias Gaming, e um preço mais acessível, a gama Qled da Samsung deverá ser uma que terás de ter em consideração.

O modelo analisado será o Q70R, o modelo Qled mais acessível com suporte retro-iluminação Direct Full Array (FALD), uma característica apenas presente nos modelos de topo da Samsung, e que aumenta tremendamente a qualidade da imagem, aumentando a gama de pretos, e melhorando o aumento e diminuição de brilhos pontualmente de acordo com o que está no ecrã.

Acima de tudo, esta é uma excelente TV, com uma qualidade de imagem soberba, mas que se destaca como TV Gaming, sendo esta, pelo conjunto de tecnologias suportadas, a TV mais recomendada actualmente no mercado para essa função!

Para que não hajam dúvidas há desde já que esclarecer que Qled não deve ser confundido com Oled. São tecnologias diferentes!



Na realidade, o QLED não é mais do que um ecrã LED, mas que trata da iluminação do pixel de forma diferente, ao estar dotado de uma tecnologia de pontos quanticos (Quantum Dots) que permitem a produção de cor de uma forma diferente da habitual combinação de leds e filtros de cor.

Estes pontos possuem entre 2 a 10 nanometros de diâmetro. e produzem cores diferentes conforme o seu tamanho, com os mais pequenos a focarem-se no azul, e os maiores no vermelho. O resultado é uma imagem muito mais saturada e com cores primárias muito mais definidas do que o obtido pelos LED, e que a faz competir bem mais de perto com a qualidade de imagem do Oled, mas retendo as vantagens do LED, nomeadamente a nível de preço e na ausência do risco de burn-in (o queimar da imagem no ecrã – Para mais informações, ver aqui).

É esta capacidade de produzir brilhos e cores intensas que tem tornado os Quantum Dots, e os Qled populares, e uma excelente solução para as TVs HDR.

Convém no entanto perceber-se que, apesar de serem TVs LCD com tecnologia LED, esta tecnologia Quantum separa-os, tornando-os num mercado à parte. E apesar de mais acessíveis que os OLED, os QLED estão longe de serem exactamente baratos.

O Q70R consegue no entanto colocar-se num segmento muito atractivo, pois apesar de ainda assim ser caro, as suas características tornam a sua relação qualidade/preço, muito atractiva.

A qualidade de imagem impressiona desde o primeiro momento. Basta colocar um video HDR ou de demonstração de pretos nesta TV, e a sua qualidade salta à vista. O preto é efectivamente escuro, completamente negro e sem fugas de luz. E o HDR super brilhante, algo a que não é estranha a quantidade de gamas de HDR que esta Tv Suporta, como o HDR 10, HDR 10+ e o HDR 1000, que nos garante os 1000 nits de intensidade de luz prevista na norma HDR.



O processamento de imagem, derivado do processador Quantum 4K presente na TV é a cereja no topo do bolo, criando uma imagem de topo e que impressiona ao ser visualizada, num painel a 120 hz.

Como brincadeira a Samsung criou o Ambient Mode, uma espécie de screeensaver que pode ser usado quando não vê TV, e que mostra uma imagem da parede por detrás da TV, podendo ou não ter informação extra, dando a ilusão de a moldura ser transparente.

O sistema de manejo dos menús da TV foge muito ao estilo clássico, e por isso é algo confuso ao início, pelo facto que pouco ou nada de tradicional tem. E a ausência de botões numerados no comando confunde ainda mais! Mas no entanto tudo está lá, acessível, apenas por outros modos, nomeadamente teclado virtual ou comandos de voz (infelizmente apenas em Inglês). Isto é algo confuso e complexo no início, mas que depois facilmente se torna um habito.



Ponto forte é a indicação das fontes externas, algo que esta TV parece ter tomado em conta como sendo uma realidade nos dias actuais. Não só há um gestor de aparelhos externos bastante completo, para aparelhos BT e aparelhos ligados no HDMI, como as fontes HDMI são colocadas em destaque e reconhecendo de forma fantástica os aparelhos mais comuns do mercado, adaptando o icone de HDMI a estes.

 

Há ainda suporte de comando universal, com suporte à Xbox (a Playstation e a Switch não o suportam), e que permite controlar a consola com o comando da TV! É uma solução inadequada para jogos, mas muito interessante para as funções multimédia da consola, e certamente algo que vem do conceito original da Xbox em 2013 onde esta pretendia tomar um lugar primordial na sala. Curiosamente, e sem qualquer regulação adicional, ligar a TV no HDMI da Xbox, activa a consola. Algo que claramente está muito melhor implementado na Xbox do que na Playstation que requer a activação e configuração manual do HDMI-CEC, e que mesmo assim não funciona de forma tão eficiente!

 



 

O suporte a screen mirroring e Miracast tambem está presente, é e complementado com o suporte AirPlay nativo para dispositivos Apple (sim, mesmo sendo esta uma TV samsung). A nível de Apps, há suporte Youtube, Apple TV, Netflix, Roku e Amazon prime instalados de origem, podendo tudo ser comandado por voz usando a Assistente Bixby (em Inglês). A loja da Samsung possui ainda umas largas centenas de aplicações adicionais, umas pagas, outras gratuitas com suporte diverso a funções a IPTV, jogos e muitos outros tipos de aplicações habitualmente disponíveis em smarttvs.

 



 

As Qled da Samsung, modelos de 2019, possuem ainda o suporte smarthings, que permite não só controlar aplicações externas smart, como ser comanda por elas. Neste caso, o suporte ao assistente da Google e ao Alexa da Amazon estão previstas, sendo que tal permite comandar a TV por voz usando um smartphone (Em português, se o telefone estiver definido como Português do Brasil).

Há ainda suporte a discos e pens externas, com leitor de formatos de imagem e video diversos, sendo de destacar o suporte a filmes 4K no codec h.265 com HDR. O uso de um disco ou pen permite gravar TV com a função Timeshift, e há suporte Bluetooth para ratos, teclados e auriculars/auscultadores.

A Tv Suporta ainda a função Picture in Picture que permite a visualização de duas fontes de sinal em simultâneo.

 



 

Tudo isto permite ao Q70 um valor pelo dinheiro enorme, especialmente quando associado àquilo que mais se procura numa TV, a qualidade de imagem.

Os menus da TV são rápidos, e deslizam suavemente, mas algumas das funcionalidades não são de acesso intuitivo, e outras encontram-se em zonas pouco acessíveis. Por exemplo, para mudar-mos os parâmetros de uma entrada HDMI temos de ir ao menu geral e ao sub menu gestor de dispositivos externos, e só ai temos as configurações do modo jogo para o HDMI em uso.



 

 

Apesar de a televisão ser fantástica em todos os aspectos, há três pontos onde deixa muito a desejar:



  • A falta e suporte para comandos de voz em Português:
    • Numa decisão pouco compreensível, para Portugal a Samsung aparenta ter usado a configuração Europeia da TV, onde apesar de menus em Português, resolveu deixar, para comandos de voz, apenas o Bixby presente na TV. Infelizmente, e como se sabe o Bixby não suporta a nossa língua, pelo que  todo e qualquer comando existente terá de ser dado noutras linguas.
      Esta decisão surpreende quando vemos videos no Youtube desta mesma TV no Brasil, onde, a presença do S Voice permite o controlo da TV em Português. E apesar de o S Voice ter suporte para Português do Brasil e não Português puro, a realidade é que funciona.  Diga-se que usei-o no Note 4, e ainda o uso no meu smartwatch Gear S3 Frontier, não tendo qualquer razão de queixa do mesmo. Fala em Brasileiro, mas entende perfeitamente tudo o que lhe é dito, o que o torna uma mais valia face ao Bixby.
      Assim sendo, esta é um decisão incompreensível, e o suporte, mesmo que opcional, deveria estar presente!
      Naturalmente contactei o Help Desk da Samsung sobre o assunto, mas as suas respostas foram um mero engonhar e fugir à questão referindo apenas que tal se deve a políticas locais.
  • As listas de programação com caracteres corrompidos:
    • O segundo ponto decepcionante é a falta de aparente suporte Unicode (UTF-8) para as listas de programação. E isso quer dizer que apesar de a Tv poder ser configurada para Português, com os menus todos direitinhos, o chamar do guia TV (EPG) ou o mudar de canal aparecendo a indicação da programação dá origem a textos corrompidos, com os caracteres acentuados a serem trocados por outros caracteres ASCII, tornando o texto numa salgalhada autêntica. Algo vergonhoso!
      Mais uma vez contactei a Help Desk da Samsung, que refere que essa situação não é um problema da TV, mas sim de quem cria as listas. Uma clara fuga às responsabilidades uma vez que estas listas são universais e me aparecem correctamente nas outras TVs, nomeadamente algumas que tenho em casa como uma Sony e uma LG.
  • O mau suporte audio:
    • O suporte audio é actualmente um ponto fraco em todas as TVs Samsung por vários pontos.
      • Desde 2018 que a Samsung terminou o suporte ao Dolby DTS nas suas Tvs, ao que tudo aparenta devido a uma questão relacionada com pagamentos de royalties ligados a este formato audio. Esta situação, apesar de não ser verdadeiramente problemática para emissões TV e Streaming, que normalmente usam Dolby Digital, pode revelar-se um problema com leitores de Blue Ray e filmes com audio em DTS, e especialmente videos reproduzidos localmente com o audio nesse formato.
        Ora a TV não só não reproduz este formato, como nem sequer permite a sua passagem, seja usando a saída digital optica, seja usando o modo ARC presente no HDMI 4.
        Esta situação tem várias soluções, para fontes externas, mas pode ser mais preocupante com videos que se reproduzem de um disco ou pen ligados à TV. Mas vamos por partes:

        • Fontes externas: A ausência de suporte DTS obriga a uma de três situações.
          • Ou a existência de suporte audio Bitstream no aparelho emissor do audio, caso em que a TV transforma o DTS em Dolby Digital, reproduzindo o mesmo em sistemas 5.1 ligados à mesma. Infelizmente, por limitações na largura de banda da saída digital optica (um problema deste tipo de ligação e não da TV), esta passagem só pode acontecer por intermédio do ARC presente no HDMI 4.
          • À ligação directa do aparelho emissor do audio a um descodificador audio externo.
          • Como ultima alternativa o som pode ser enviado no formato PCM, mas tal reproduzirá a 2.0 na TV, perdendo-se assim todos os efeitos sonoros.
        • Reprodução local e interna: A ausência do suporte DTS tem uma das seguintes implicações:
          • A necessidade de escolha de outra pista de audio, caso presente.
          • A alteração do formato audio no ficheiro, fazendo um demux local no PC, e alterando o codec audio para Dolby Digital AC3.
      • O Dolby Atmos não tem suporte local, podendo apenas ser enviado para aparelhos externos. Algo que decepciona dado o seu suporte em sistema de 2 colunas como smartphones e tablets, e que poderia aqui, mesmo sabendo-se que o efeito é reduzido, ter sido duplicado.

No seu global, a TV é pura e simplesmente excelente. Naturalmente ela requer alguma calibração na imagem, uma vez que os parâmetros de fábrica não são os ideais, algo comum na maior parte das TVs, mas após a calibração, os resultados são excelentes. Aliás mesmo o modo jogo requer calibração pois por defeito a Nitidez de imagem é exagerada, notando-se os pormenores em demasia e estragando a imagem.

Agora a realidade é que os pontos acima referidos são nódoas negras naquilo que poderia ser um produto verdadeiramente excelente. E o mais chocante é que todas as queixas são… software!

Mas se há pontos negativos, também há outros muito positivos, e é na ligação a consolas que esta TV se excede. Com um input lag baixíssimo de 16 ms, esta TV tem ainda suporte a Variable Refresh Rate (VRR) (aka Freesync), uma tecnologia HDMI 2.1, bem como ao Auto Low Latency Mode (ALLM), que muda as definições da TV conforme o uso. Isso quer dizer que, por exemplo, com o ALLM, podem estar a jogar, tendo todo o tipo de pós processamento da TV desactivado e, ainda dentro da consola, sair do jogo e arrancar o Netflix para ver um filme , com a TV a ajustar-se para o modo cinema de forma automática. É igualmente uma caracteristica do HDMI 2.1, que vale bem a pena pela forma prática como funciona.

Este é um televisor com ecrã VA, o que quer dizer que apesar de ter os angulos de visualização mais reduzidos do que um IPS, a qualidade dos negros é a melhor possível num ecrã LCD.

O painel é 10 bits puro, obtendo assim as cores sem interpolação, tendo uma paleta de cores de 30 bits, ou seja 1 073 741 834 cores, com resolução 4K (3840*2160 pixels), sendo a retro iluminação conseguida por Full Array Local Dimming, uma característica só presente nos modelos topo de gama, e que se inicia aqui neste modelo.



As cores permitem-lhe acesso a 100% da gama de cores REC 709 e igualmente a 100% à gama de cores DCI P3 pedida pelo HDR 10. Alcança ainda 70% da gama REC 2020, uma gama que ainda nenhuma TV actual alcança.

 

Ainda sobre o HDR, os brilhos da TV vão desde as 350 candelas, às 1000 candelas, o que lhe permite o acesso à norma HDR 1000. Se bem se recordam o HDR 10 foi criado com a intenção de alcançar as 1000 candelas, mas dado que a maior parte das TVs não o alcança foram criadas várias sub categorias, de acordo com os valores máximos:



Esta TV alcança as 1000 candelas, suportando assim o HDR 1000!

 

Ainda dentro do HDR, esta TV suporta o HDR 10+, uma característica do HDMI 2.1, que permite uma alteração radical ao HDR 10.
Basicamente o HDR 10 conta com metadados estáticos, ou cena, os valores máximos e mínimos do HDR são definidos no inicio do filme e aplicam-se durante todo o filme. Este era um ponto negativo face ao Dolby Vision que permitia mudar esses valores cena a cena! E infelizmente este limite podia ser notório, com filmes predominantemente noturnos, como por exemplo os filmes Batman, a sofrerem no HDR em cenas diurnas, uma vez que os valores para o dia e a noite são diferentes (assim como o são para diferentes tipos de vegetação, ambientes, cenários, etc).

O HDR 10+ foi criado pela Samsung em colaboração com a Amazon, e traz ao HDR 10 os metadados dinâmicos presentes no Dolby Vision, sendo que esta TV suporta-o!

Suporta ainda o Hybrid Log Gama, ou HLG, uma tecnologia que permite o uso de HDR em transmissões TV.



Não podemos deixar por isso de referir que esta é uma TV super equipada a nível das últimas tecnologias, e daí que os seus dois pontos negativos sejam uma valente mancha que, pura e simplesmente, poderia ser resolvida com uma atualização de firmware.

Como funções extra, esta TV tem total integração com smartphones, e PCs com suporta Miracast permitindo passar fotos e videos dos mesmos na TV, ou fazer o espelhamento do ecrã, sem o uso de fios.

 

Voltando ao domínio dos jogos, esta TV deu-me problemas (Apenas na Playstation, pois com a Xbox e a Switch tudo correu pelo melhor) com as suas metodologias de interpolação de fotogramas, denominadas Auto Motion Plus.

Esta característica faz uma interpolação de fotogramas de forma a que o jogo acompanhe o refrescamento do ecrã (120 hz).

Mas o que deu para perceber foi que a PS4 não gostava muito do Auto Motion Plus, e ao se fazerem rotações rápidas, apresentava um efeito de ghosting notório. Curiosamente era a única consola que o fazia!

Felizmente a TV permite entrar num modo de configuração manual desta caracteristica, e o que dava para perceber é que o modo automático, apenas se limitava a ligar ou desligar o mesmo, sendo que quando este estava ligado, as duas componentes do mesmo, a redução de desfocagem e a redução de vibração ficam a 100%, passando para 0% quando se desligava.

E se a redução de desfocagem  não  foi problemático manter-se no máximo, quando a redução de vibração subia muito, a PS4 queixava-se, precisando de levar algumas regulações manuais neste parâmetro para que a imagem ficasse perfeita.

Conclusões

Os televisores Qled da Samsung são uma excelente escolha para quem quer uma boa TV, e são mesmo a actual melhor escolha do mercado (na presente data e modelos) para quem quer um ecrã para videojogos, uma vez que são os televisores que mais características do HDMI 2.1 suportam.

Naturalmente que a compra de uma Tv nos dias actuais tem como consequência a ausência real do HDMI 2.1, mas como já escrevemos neste artigo, a realidade face ao que existia mudou radicalmente, e dada a implementação da maior parte das características que eram anunciadas como sendo parte do HDMI 2.1, no HDMI 2.0, o que se perde é muito, muito pouco, o que elimina verdadeiramente os argumentos contra a compra de TVs 4K sem este tipo de conexão. Esta era aliás uma situação com a qual os fabricantes tinham de lidar, sob pena de não venderem TVs.

Basicamente, recomenda-se, mas é pena que a TV tenha as manchas referidas no artigo naquilo que poderia ser um produto basicamente perfeito.

Num comunicado recente a Samsung veio explicar que estamos numa era de Streaming, e que nesse sentido o seu maior cuidado tinha sido no suporte ao Dolby Digital, o formato mais usado nas emissões TV e no Streaming, criando ainda a possibilidade de passagem do Dolby Atmos por entender que esse é o audio com mais futuro.

Mas mesmo assim, e entendendo-se que possa haver prioridade a esse suporte, a remoção do Dolby Digital DTS é algo que não pode deixar de ser notado. E apesar que provavelmente nem sentirão a sua falta devido ao suporte Bitstream, que permite a sua conversão em Dolby Digital 5.1, ser algo comum nos dias actuais, tornando a lacuna quase imperceptível, eu deparei-me com ela devido à reprodução de um ficheiro local, exclusivamente com esse tipo de audio , e onde a sua reprodução não acontecia, o que me obrigou a perder duas horas no PC a reconverter o filme todo com suporte Dolby Digital AC3. Uma operação muito morosa e que, naturalmente, não está ao alcance de todos.

Estas situações não são, verdadeiramente problemáticas no uso e funcionamento da TV, mas não deixar de ser manchas numa TV que sem elas iria roçar a excelência. No entanto tudo isto são meras questões de software, pelo que a queixa dos utilizadores é essencial para se esperar ver uma solução. Esperemos por isso que alguém da Samsung possa ler este artigo e as notas de desagrado, e quem sabe, corrigir isso numa futura actualização.

 

 



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