O lado bom do Gamepass

Penso que é altura de ser bem claro, com um artigo diferente. O Gamepass assusta-me por mil e um motivos… mas que o Gamepass é o que o publico quer, e que serviços ao seu estilo serão, inevitavelmente o futuro. Disso não hajam dúvidas. O artigo que se segue irá tentar focar-se no lado bom do serviço!

O lado bom do Gamepass

O que convêm que se perceba é que, apesar de eu  colocar sérias questões à viabilidade financeira deste tipo de negócio, e às práticas predatórias que a Microsoft usa para o impingir, percebo o mesmo, e acima de tudo percebo a ansia do mercado por ele.

Naturalmente que a realidade do mercado do consumo é “Eu quero tudo, e não quero pagar nada”. E isto é uma realidade indiscutível.

Daí que digo, e repito que, para o cliente que não pensa nas potenciais consequências para o mercado associadas à forma como atualmente o Gamepass está a ser implementado, este é um negócio da China. E a realidade é que grande parte do mercado não se preocupa com estas coisas. Ele acredita que haverá um reajuste e que tudo se manterá basicamente com equilíbrio. Algo que apesar de não parecer muito provável, é realmente uma possibilidade que não pode ser descartada.

A realidade aqui é só uma… 80 euros por um jogo é efetivamente muito dinheiro. Eu como cliente tambem não me agrada pagar, e prefiro mil vezes uma proposta mais acessível. O motivo porque não adiro é porque, tendo crescido com computadores à base de fitas e cartões perfurados, e tendo visto a evolução da informática até aos dias de hoje, preferia mil vezes que tudo continuasse num esquema não monetarista, onde os jogos se mantinham livres de impedimento de jogo, de monetizações, loot boxes, conteúdo episódio, e de tantas outras pragas que vemos existir no mercado dos smartphones. Algo que infelizmente, perante a dimensão no mercado, poderá não ser possível num esquema destes!



Mas a realidade é que pode ser sempre possível um meio termo. Por exemplo, poderá ser possível meter-se publicidade em jogos, sem se prejudicar minimamente o jogo. Por exemplo, um GTA, em vez de ter uma publicidade à e Cola, e à Spunk soda, porque não ter mesmo publicidade à Coca-Cola e à 7 up?

Basicamente reconheço que, pelo menos em parte, os receios existentes podem ser mitigados, e em muitos casos sem se danificar a qualidade dos jogos, podendo eventualmente ser apenas preciso originalidade e criatividade. A questão é que tal não só não é uma certeza, como até é muito provável que não aconteça, pelo menos tão cedo, pela necessidade de toda uma infra-estrutura que ainda não existe. E nesse sentido as loot boxes e as micro transações são formas muito mais rápidas, baratas e simples de se ir buscar o lucro direto, criando o receio que temos expressado.

Por outras palavras, o Gamepass pode ser algo de muito bom para o utilizador, e isso nunca foi negado ou deixado de ser reconhecido. A própria Sony, apesar de não desejar uma transição tão rápida e arriscada, reconhece isso mesmo ao criar os seus novos planos na PSN. Mas a realidade é que a Microsoft não é a Sony, e nesse sentido a capacidade de investimento é maior e a de correr riscos tambem, sendo que ela aproveita essa situação para poder ganhar vantagem neste campo. Algo que de ilegal nada tem!

O que critico depois na Microsoft é que, na ânsia de fazer isto entra por esquemas que são pouco corretos a nível concorrencial, e que podem mesmo, caso investigados, ser considerados como atitudes anti concorrenciais e ilegais. Falo da possibilidade de se subscrever 3 anos de gamepass por 65 dólares, o que equivale a 1.8 dólar por mês/pessoa, e 45 cêntimos por mês por pessoa com o novo plano familiar.

 Isto aqui é algo que não se destina a obter vantagem, mas sim algo que se destina a pura e simplesmente aniquilar a concorrência.



Percebam os leitores por isso que quando aqui se critica o Gamepass, critica-se apenas o seguinte:

  • O risco de este negócio mudar a face do mercado

O que como acabamos de ver, poderá ser bom, ou poderá ser mau, sendo porém que, pela forma como é alterado o fluxo de receitas, e dificuldade que um serviço destes criará às novas empresas, as práticas existentes e a dimensão do mercado apontam mais no sentido de a coisa poder ser má, e daí que não se pode embandeirar em arco acreditando que a transição será suave e que não se coloca a sustentabilidade do mercado em causa.

  • O facto de a Microsoft estar a sustentar um negócio que deve estar a dar prejuízo com valores impraticável.

Basicamente o Gamepass poder dar lucro ou prejuízo é um problema exclusivo da Microsoft. É um modelo de negócio, e pode perfeitamente ser explorado. Já permitir-se assinar 3 anos a 1 dólar/mês, como aconteceu, ou 3 anos a 1.8 dolares/mês como acontece atualmente já é uma desonestidade. E mais ainda quando o plano familiar vai permitir descer isto para 45 cêntimos.

Mas a realidade é que o custo crescente dos videojogos não pode tambem ser sustentado com jogos a 80 ou mais euros. Apesar das vendas acontecerem, 80 euros é já um valor considerável em qualquer orçamento da classe trabalhadora. E perante uma oferta mais barata, esse custo deixa de ser interessante para o consumidor. Esta é uma realidade!

A Microsoft entra com tudo nesta aposta (porque pode), acabando de vez com as vendas e promovendo este serviço. A Sony entra aos poucos, analisando o terreno em que pisa (porque não pode). Nenhuma das atitudes é criticável ou censurável, e nenhuma é melhor que a outra. É necessário porém é que se garanta a lealdade competitiva, algo que a Microsoft não aparenta estar a fazer aqui.



De resto é tambem necessário que a Microsoft ofereça jogos ao mesmo nível que os da Sony, porque não pode ser apenas oferecer serviços baratos, e jogos fracos ou em menor quantidade. Porque o consumidor tem nesse caso de perceber a diferença e distinguir que há duas ofertas claramente diferentes, optando então pela que mais lhe convier.

Mas que o modelo Gamepass uma vez iniciado, será imparável, isso não nos oferece grandes dúvidas. Agora ele com ele vai trazer mudanças, e quais as consequências que ele pode trazer é a grande questão que paira no ar. Mudança haverá… será boa… será má? Apenas o futuro poderá responder a isso, mas neste momento, perante o que há, acreditar que o mercado e a qualidade dos jogos não vão sofrer… é utopia.



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Rui
Rui
25 de Agosto de 2022 10:17

3 dias 3 artigos do gamepass salvo erro, o primeiro a bater no mesmo, o segundo a bater no mesmo indiretamente, o 3 a passar a mão no pelo mas uma mão com alguns espinhos.

Eu estou super satisfeito com o gamepass só compro jogos que realmente valham a pena, este ano foi o elden ring para já.

E sim eu tb uso os esquemas para ser mais barato mas e é aqui que você se esquece sempre, se não houvesse esquemas eu pagava o gamepass full price na mesma porque o serviço é fenomenal ponto final.

Nem me imagino a voltar aos tempos antigos comprar os jogos alguns sem saber se valiam a pena, eu por exemplo já gastei dinheiro nos jogos do gamepass nos dlcs.
Fala se no ubisoft+ no gp espero que sim não é que vá jogar algum daqueles jogos mas há sempre mais escolha.

Juca
Juca
Responder a  Rui
25 de Agosto de 2022 11:02

Rui se queres elogios e críticas alternados a Xbox e MS, recomendo que sempre que leia uma crítica por aqui, alterne a leitura com windowsclub, pois aqui só verás críticas e elogios quando realmente cabidos, e como o objetivo do Mário também é fomentar discussão sobre assuntos, é de se esperar que os artigos dele sejam mais críticos que elogiosos a qualquer coisa a que ele se refira.

Last edited 1 ano atrás by Juca
Juca
Juca
25 de Agosto de 2022 10:47

Não há discussão possível sobre o preço atual e o acesso a jogos serem bons pro consumidor, também vejo como positivos a vitrine para games indies e passados bons que lá estão, com potencial de maior alcance e sucesso.

Já sobre me falarem que o futuro para os videogames é o streaming, eu posso aceitar isso como possibilidade. Agora me falar que o futuro dos games é o acesso a um catálogo de jogos por assinatura, aí já não acredito, a menos que tudo passe a ser jogo como serviço ou a nível de games para smartphones, o que não consigo conceber que aconteça, embora seja inegável que boa parte da indústria esteja querendo forçar as coisas pra esse lado pra se monetizarem com jogos que já perderam o interesse dos clientes.

Last edited 1 ano atrás by Juca
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